quinta-feira, 31 de março de 2016

ESCOLA PAROQUIAL E GINÁSIO BANDEIRANTE


Por: Jucey Santana
           A Escola Paroquial São Vicente de Paulo  foi fundada pelo padre Alteredo Soeiro de Mesquita  e o professor Natinho Ferraz, em 1º de março de 1947. A escola havia funcionado durante dois anos ou sejas até 1949,  tendo sida dirigida à adultos e somente no horário noturno.          Padre José Albino chegou a Itapecuru Mirim  de  início de 1951  e reabriu a Escola no final do ano de 1952.  A direção foi entregue  a Teresinha Aragão filha da professora Cotinha Lima. No ano seguinte com o afastamento da professora Teresinha para contrair matrimônio com  o empresário Benedito Bráulio Mendes, assumiu em seu lugar a normalista Maria Galileia Brenha Rodrigues,  filha do prefeito João Rodrigues. O padre e a nova  professora passaram a organizar várias companhas comunitárias para aquisição de carteiras e material didáticos com vistas ao crescimento da escola. Três anos depois a escola já havia se expandido para todos os cômodos da Casa Paroquial, e contratado mais duas professoras.
              A partir de 1955 passaram a administrar  campanhas maiores envolvendo  a sociedade,  alunos, pais e  grupos religiosos, para construção da sede própria da escola. Recebiam  doações, faziam vendas em barracas, leilões, bailes beneficentes etc. No final de  1956 foi iniciado a construção do prédio  na Avenida Brasil. A Escola Paroquial São Vicente de Paulo foi inaugurada  no final de 1958,  com um programa de educação aprimorado. 
             Pouco tempo depois parte da escola desabou. Fala-se que a estrutura lateral foi construída em cima de um poço antigo, sem o aterramento apropriado, sendo logo reerguida não sofrendo descontinuidade em seu programa.  A festa de entrega de diploma da 1ª turma do antigo primário aconteceu em 15 de novembro de 1960, com nove concludentes.   
          Com a criação do projeto “Ginásio Bandeirante,” em 1967,   a professora Ana Maria Patello  Saldanha, coordenadora do projeto  informou que Itapecuru Mirim tinha sido contemplado com uma unidade. Como  a Prefeitura Municipal não recepcionou de imediato  o programa, o Padre Albino cadastrou a Escola Paroquial no convênio do Estado, em caráter de urgência  e apresentou toda a documentação em tempo hábil para não perder o beneficio.  Em 14 de março de 1968 sob  intensa chuva, foi oficialmente instalado o Ginásio Bandeirante com 41 alunos matriculados.  O Jornal Pequeno  publicou:
                                   
Importante iniciativa do governo através da Secretaria da  Educação e Cultura em convenio com a Paróquia Nossa  Senhora das Dores (...). além da presença a professora Ana  Maria e Padre Albino, estiveram  presentes e Dr. Benedito Bogea Buzar, Doutor Antenógenes médico da  cidade,  Dra Elite Promotora da Comarca, o corpo docente e discente do estabelecimento, benfeitores e amigos, que no final do evento foram   recepcionados com um jantar na Casa Paroquial. (Jornal Pequeno, 3 de abril de 1968).

            O padre  contou com muitos colaboradores como, Teresinha Aragão Mendes, que organizou o Ginásio, e teve  um corpo docente de primeira linha: Maria José Valquitã, Nonato Lopes, Osman Coelho (Ozanan), Astor Serra, Maria das Dores, Alzir Carvalho, João Silveira Raimundo Nonato Ferraz entre outros. Embora já doente, o padre Albino foi o seu primeiro diretor até a sua morte em 24 de janeiro de 1970.     
            Também foram diretores: Padre Benedito Chaves Dr. Fernando Wellington, professor Raimundo Nonato Lopes e Maria das Dores Cardoso. Em 1979, o Ginásio Bandeirante  foi transformado em CEMA, outro programa do Governo.


terça-feira, 29 de março de 2016

MOSTRA DO COLETIVO DE TEATRO ALFENIM ITAPECURU-MA – 31.03.2016


         O Alfenim é um coletivo teatral surgido em 2007, com o objetivo de criar uma obra autoral com base em assuntos brasileiros. Trabalha conceito de dramaturgia em processo, no qual o texto de suas montagens é criado na sala de ensaios com a participação dos atores e demais artistas colaboradores. Visa à formação de plateias a partir de eventos paralelos às montagens, como seminários, oficinas e debates sobre os temas abordados em sua pesquisa. Os ensaios e atividades formativas do grupo acontecem em sua sede, a casa amarela, em João Pessoa-PB.
MOSTRA DO COLETIVO DE TEATRO ALFENIM
         O espetáculo QUEBRA-QUILOS e a oficina teatral “Exercícios para uma cena dialética” é uma realização da Mostra Alfenim de Teatro, projeto contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz/2014.
         A mostra acontecerá nos estados do Maranhão, Pará e Piauí. Além das capitais São Luís, Belém e Teresina, a circulação cobre as cidades de Itapecuru mirim (MA), Castanhal (PA) e Floriano (PI). Nessas localidades, o Coletivo realizará, além da apresentação do espetáculo, oferecerá também intercâmbios com grupos locais e uma oficina de introdução à cena dialética.
         Para esta circulação, o Coletivo tem a alegria de poder contar com o retorno da atriz Soia Lira em Quebra-Quilos, como Floriana, papel que desempenhou na primeira versão do espetáculo em 2007.

ESPETÁCULO QUEBRA-QUILOS
RELEASE
         Quebra-Quilos marca a origem do Coletivo Alfenim. Estreou em 2008 e permaneceu em circulação ininterrupta por várias cidades do Nordeste e algumas capitais do país como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, até 2010. Durante esse período participou de importantes Festivais como o Festival do Teatro Nacional do Recife e a Mostra Latino-americana de Teatro de São Paulo.
         Quebra-Quilos narra a história de duas mulheres que, em 1874, são expulsas do campo e procuram abrigo numa vila do sertão paraibano, em meio a rumores de que os quebra-quilos, sediciosos que lutam contra a implantação do sistema métrico decimal preparam-se para invadir a feira da localidade e promover a revolta. Mãe e filha tornam-se testemunhas e vítimas da violência das autoridades locais contra os matutos revoltosos.
O alto teor de sugestão simbólica dos quebra-quilos põe a narrativa desses fatos ocorridos em fins do século XIX na ordem do dia. A insatisfação por conta do aumento excessivo dos impostos, a indignação em vista da manipulação da boa-fé do cidadão, tanto por parte das autoridades do governo imperial como por parte das autoridades religiosas locais e dos grandes proprietários e, principalmente, a potencial violência que transforma os alijados do mundo produtivo em criminosos sociais, remetem às inúmeras manifestações que, desde junho de 2013 vêm sacudindo as principais localidades do país.

EXERCICÍO PARA UMA CENA DIALÉTICA
OFICINA  TEATRAL
                            31.03.2016

·        APRESENTAÇÃO: Através de exercícios de improvisação com base em cenas modelares da obra de Shakespeare, Brecht e Heiner Müller, a oficina introduz os fundamentos do método dialético para o desenvolvimento de uma prática dramatúrgica do ator em cena, pautada pelo princípio da contradição. 

·        OBJETIVOS: Introduzir as noções de base para a criação de uma cena dialética. Correlacionar estas noções aos procedimentos narrativos e ao conceito de “dramaturgia do ator”. Aprofundar discussões em torno das concepções clássicas de personagem e ação.

·        METODOLOGIA: Exercícios de improvisação a partir de cenas modelo; workshops individuais e coletivos; aplicação dos fundamentos do método dialético na elaboração de cenas.  
·         
·        PÚBLICO ALVO: Atores, diretores, dramaturgos e estudantes de teatro.
·        DURAÇÃO: 04 HORAS

OFICINA TEATRAL
- LOCAL: CASA DA CULTURA PROF. JOÃO SILVEIRA;
- HORÁRIO:   das 9 às 13hs.

PEÇA TEATRAL  QUEBRA-QUILOS

-  ÀS 17:30  NO ITAPECURU SOCIAL CLUBE

segunda-feira, 28 de março de 2016

BRINCADEIRAS DE ÉPOCA EM AREIAS


Por: Tiago de Oliveira
Particularmente eu nunca fui bom em nenhum esporte, ou melhor, nunca tive habilidade especial na pratica de nenhum. Contundo, na época de minha infância em Areias anos 90 do século XX, como até mesmo televisores eram poucos, a saída então, era se diverti com as brincadeiras de época.

Pois, institivamente todos começávamos a brincar de Pião de Coco-babaçu, por um determinado tempo, mas principalmente durante a Semana Santa, que coincidia com o período chuvoso, momento que os quintais todos sombreados ficavam perfeitos para jogarmos chuchus na areia, petecas na borroca ou no turitis e lavoura. Ao amanhecer e entardecer a pescaria de anzol de piaba no Igarapé da Ponte ou Marajá reunia uma boa meninada.

Quando os cajus apareciam, às castanhas viravam à atenção de todos, que depois de juntas íamos jogá-las no triângulo e depois se sentir o máximo ao afirmar, que possuía mais dúzias de castanhas, do que o colega. Após as castanhas sumirem, o tempo secava, os ventos apareciam e com ele muitos garotos a correr pelas ruas empinando seus papagaios ou pipas. À noite a molecada se reunia para brincar de chutar-lata, de roubar-bandeira, ganzola e até mesmo de capturar vagalume no campo de futebol.

As passarinhadas eram um capítulo a parte, pois passávamos horas e horas andando pelos matos, atrás dos pobres passarinhos e para cada passarinho morto pela baladeira ou capturado em arapucas, fazíamos um pequeno corte no cabo da mesma, para indicar cada ave morta. Não tínhamos consciência da crueldade que praticávamos com o meio ambiente, naquela época éramos considerados  heróis entre os amigos.

O jogo de bola acontecia durante o ano todo ou campo de futebol antes dos  adultos ou nos vários quintais da época; os mais procurados eram os de Zé Manduca, Dona Elza, Sebastiana e Mundaco. Quando as bolas de leite furavam recorríamos ao mais habilidoso de todos os “remendadores” de bola, Chico de Manduca.

As pequenas brigas entre os meninos ocorriam quase que sempre, porém logo se transformavam, em “brigas de jogo”. Dessa época consigo citar os seguintes personagens: Manguá, Marcelo de Sebastiana, Cabeça de Motor, Junior de Antônio de Filomeno, Evandro e Roberto de Delci, Lobato, Bijoca, Zé Raimundo de Nega, Miro e Dissom de Dico Moraes, Marquinhos de Santana, Alberto e Henrique de Fátima, Marcos de Maria, Junior de Ribão, Adelço..., que juntos passamos nossa infância naquele tempo em Areias. 

sexta-feira, 25 de março de 2016

A IGREJA E O CEMITÉRIO


Por: Jucey Santana
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário que servia  de paróquia de Nossa Senhora das Dores funcionou até o ano de 1924,  “No ano de 1924 em uma das maiores cheias do rio Itapecuru, esta desabou” (Combate, 23.3.1951). O local da igreja  atualmente é a Associação da CAEMA.  Antigos moradores lembram-se das últimas colunas em ruínas, resistindo ao tempo. A igreja em uso passou a ser a igrejinha do cemitério.
Retrocedendo no tempo, entre os anos de 1862 a 1870, a paróquia foi administrada pelo padre Francisco José Cabral. De espírito empreendedor, ele reformou a antiga igreja de Nossa Senhora do Rosário e fundou um cemitério que ficou conhecido como “Cemitério Padre Cabral”, ou “Cemitério do Areal”, que atendia a população e uma capela no cemitério, para os ofícios fúnebres.
O cemitério, como costume da época, era administrado pelas Irmandades. Antes de deixar a paróquia, em 1870, ainda organizou os documentos regimentais das duas maiores instituições religiosas de Itapecuru Mirim, as Irmandades de Nossa Senhora do Rosário (22.8.1869) e a de São José, (15.12.1869). Pelos registros encontrados, o padre Cabral, deixou a igreja reformada, os bens e a documentação em ordem e a capela do cemitério concluída.

Voltando a igrejinha, na época o clero   decidiu pela mudança do local da paróquia ficando escolhido a capela do cemitério. Foram  realizadas  várias campanhas para a sua  reforma e ampliação  como,  festivais, peças teatrais, bailes beneficentes e leilões.  Nos dias 20 e 21 de abril de 1928, houve um “Festival Beneficente Artístico” no Teatro Artur Azevedo, em prol das obras da igreja, organizado por uma comissão de intelectuais como: o desembargador Públio Bandeira de Melo, o professor Mata Roma, o cientista Salomão Fiquene, o poeta Ribamar Pereira e Mariana Luz. (Combate, 17.4.1928 e Pacotilha, 17.4.1928).
Quando o Padre João Possidônio Monteiro assumiu a paróquia, em 1929, a igreja, ainda não tinha portas, sendo guardados os acessórios litúrgicos na casa paroquial.
Para angariar fundos a teatróloga a Mariana Luz, em 30 de julho de 1933 fundou o teatro Santo Antônio e montou várias peças teatrais beneficentes, fez listas de adesão e incentivava   seus alunos a participarem dos trabalhos.
A questão da reforma da igreja vinha se arrastando a passos lentos, porém entre os anos de 1937 a 1942 o padre Alfredo Bacelar organizou uma grande campanha comunitária para a ampliação e conclusão das obras.  Segundo relatos de conterrâneos da época, toda a sociedade, participou dos trabalhos. O renomado mestre de obras Raimundo Lopes foi contratado para dirigir os trabalhos.  Lembram-se ainda antigos moradores, que ao cavar as valas dos baldrames, retiravam muitas ossadas humanas, e operários desprovidos de escrúpulo, saqueavam os túmulos em busca de dentes de ouro dos cadáveres.
Como resultado a população viu surgir a igreja ampliada com bonitos retábulos (altar mor e dois laterais) confeccionados pelo famoso construtor e artesão José Vita.
Entre os anos, 1942 e 1944, foram concluídas, as obras da torre e fachada, na gestão do padre Joaquim de Jesus Dourado, (Douradinho) que contratou a construtora, “Nunes&Bayma”, para o serviço. Coube ainda ao padre Dourado a aquisição da atual Casa Paroquial, do Major Bandeira, (Boaventura Catão Bandeira de Mello Júnior). O padre Joaquim Dourado deixou a paróquia e seguiu para Itália para servir como capelão militar na segunda Guerra Mundial, levando conforto espiritual aos soldados da FEB (Forças Expedicionária Brasileira). Ele foi escritor e membro da Academia Maranhense de Letras, representando a cadeira 34 sob o patronato de Coelho Neto.
Sob a direção de padre José Albino, em 21 de janeiro de 1961 desabou a torre da igreja com o coro e uma parte do teto.  Em 1º de janeiro de 1965, na Festa de São Benedito foi dada a bênção a nova torre.
É interessante citar que o prédio da Igreja matriz de Nossa Senhora das Dores, de Itapecuru Mirim e seu acervo de imagens sacras de características jesuíticas do século XVIII juntamente com os acessórios litúrgicos, se encontram na condição de inventariados pelo IPHAN sob o número: MA/99 – 0076.
Quanto ao cemitério, em 16 de novembro de 1929 em ato do prefeito José Lúcio Bandeira de Melo, a prefeitura assumiu a administração do cemitério da Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. (Em 1890, Mariana Luz, descreva em uma crônica sem título, o largo e o cemitério com a igrejinha). Em 1945 o governador do Estado Clodomir Cardoso liberou a quantia de Cr$ 5.000,00 para remoção dos destroços do antigo cemitério e a construção  de um novo.  A partir de 1947 o antigo cemitério ficou completamente  desativado. 

domingo, 20 de março de 2016

CORRENTES INVISÍVEIS

                
Júnior Lopes

Estar em uma situação.
Na qual não se pode vencer.
Muito menos pedir ajuda,
Ou gritar na certeza de salvação

É opróbrio de tristeza e escravidão.
Não se mede certeza sem saúde ter.
Não há ninguém que te acuda:
Terrível maldição!

Prisão sem muros.
Você tem liberdade de sair,
Mas está dentro de ti o jargão.

Distimia que te prende a touros.
Dor da loucura que deprime em ouvir.
Expulsa todos ao teu redor e te arrebata a grilhão.

Clame liberdade!
Concentre-se nos psicossomos que lhe restam.
Vença em qualquer idade,
Tire a agonia e o espírito que não presta.

Deixe-a presa
E vigia em cada luz acesa.

         

sexta-feira, 18 de março de 2016

A RAMPA

                  
Por: Josemar Lima

Rampa viste o progresso de outros dias
E, em ruínas, recordas o passado,
Da febril agitação que aqui existia
O cais do porto, carros carregados.

Resta, agora, a amarga recordação,
Daqueles tempos que não mais virão
E vais aos poucos, triste, te acabando,
Olhando a ponte que te legou o abandono.

Mas quando por completo te acabares
E em pó, transformada, fores aos mares,
Ai, ó velha rampa, tu serás lembrada.

Em teu lugar ficarão montões de areia
Tu serás uma ladeira triste e feia
E, chorando, dançarás nas enseadas.

Josemar Sousa Lima - 1972






          

quarta-feira, 16 de março de 2016

SAUDADES DE ITAPECURU


Por: Benedita Azevedo

Tantas saudades eu tenho!
Do tempo que longe vai,
da casa cheia de sonhos
da vivência com meu pai.

Às vezes fico pensando...
Quantos sonhos lá ficaram!
Daqueles bosques tão lindos
meus pensamentos voaram.

Andaram longas estradas
vagaram por este país,
coloquei o sonho em prática
fui independente e feliz.

Hoje perdida no tempo
que no passado ficou,
só trago muita saudade
da lembrança que restou.

Das lindas flores que havia
naquelas plantas selvagens:
Brancas, lilás, amarelas,
em meio às verdes folhagens.
.
Longe a perder de vista
vislumbrava o coqueiral.
Aquela planta nativa
nascia desde o quintal.

O sabiá logo à tardinha
no seu dobrado saudoso
enchia-me de alegria.
Ai, que tempo venturoso!

Entre a mata e o mar do Anil
não vejo mais as palmeiras,
moro agora em outro extremo
destas terras brasileiras.

Benedita Azevedo
Magé-RJ, 01/05/2006