A João Rodrigues
Autora: Mariana Luz
Não
é dor que num gemido
Angustioso, trêmulo, sentido,
Angustioso, trêmulo, sentido,
A
que mais faz sofrer.
Há outro abutre atroz que dilacera,
Há outro abutre atroz que dilacera,
Que
rasga as carnes, qual terrível fera
Na sanha de morder.
A dor que mata lenta e cruciante,
E a existência fere a cada instante
Quais impiedosos algoz,
É a que ocultamos no mais fundo d’alma
Cobrindo o rosto de aparente calma...
Eis o suplicio atroz.
Terrível provação! Inanimado
O coração exangue, amargurado,
Procura resistir,
Baldado o esforço! Nessa luta imensa,
Em que se mesclam o desespero e a crença
Vai triste sucumbir.
E o mundo passa alegre e rumoroso,
E para uns a vida é eterno gozo
Eterno paraíso.
Sem ver que há dores, sofrimentos fundos
Nascidos nos mistérios mais profundos
E... Ocultos num sorriso
Na sanha de morder.
A dor que mata lenta e cruciante,
E a existência fere a cada instante
Quais impiedosos algoz,
É a que ocultamos no mais fundo d’alma
Cobrindo o rosto de aparente calma...
Eis o suplicio atroz.
Terrível provação! Inanimado
O coração exangue, amargurado,
Procura resistir,
Baldado o esforço! Nessa luta imensa,
Em que se mesclam o desespero e a crença
Vai triste sucumbir.
E o mundo passa alegre e rumoroso,
E para uns a vida é eterno gozo
Eterno paraíso.
Sem ver que há dores, sofrimentos fundos
Nascidos nos mistérios mais profundos
E... Ocultos num sorriso
Obs.: João Carlos Pimentel Cantanhede
Um precioso poema de perfeição formal,
com quatro estrofes sextilhas (com seis versos cada), com a mesma estrutura de
rimas: AABCCB, ou seja, o primeiro verso rimando com o segundo; o terceiro com
o sexto; e o quarto com o quinto.
Quanto ao gênero literário, embora
tardio, eu o classificaria como parnasiano, em consonância com o que ela
afirmou: “Prefiro Escola Antiga, porque me parece agradar mais ao coração. Está
mais condizente com a minha alma sofredora”
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