Por: Nascimento Morais (1946)
Uma das mais brilhantes poetisas maranhenses. Professora que foi durante muitos anos, toda sua atividade moça e todas as suas energias mentais, dedicou à educação da infância de Itapecuru.
Quem vive no mundo furta cor das crianças, como uma das suas partes integrantes, sentindo, pensando e imaginando com suas crianças, acompanhando-as nos seus recreios, surpreendendo-as nas suas concepções, não percebe o seu próprio envelhecer. Faz consigo o milagre da ressurreição, a cada geração que passa pelas suas mãos.
A mocidade é contagiosa. Transmite aos seus condutores a sua alegria de viver, as suas emoções cristalinas, o colorido fascinante de suas ideias, e envolve-as nos remígios de seus sonhos e esperanças. A tristeza e a melancolia não embaraçam os passos, em lhes curvar sobre o peito a cabeça, carregada de desilusões.
A mocidade garrida é a eterna ilusão da vida, sempre formosa, atraente e feiticeira, e o professor goza a volúpia dessa ilusão através das gerações que passam céleres, ruidosas, toda entregue a vida que é saúde e robustez do ler a emergir deslumbrante do não ser.
Assim viveu Mariana Luz, ensinando suas crianças, embevecida pela paisagem sugestionadora do lendário Itapecuru Mirim a grande expressão histórica do Maranhão que se foi com a sua lavoura, os seus guerreiros, bravura dos seus independentistas, com a pujança de sua população.
E assim envelheceu Mariana Luz, dentro de sua escola, à margem de seu rio, dentro de sua paisagem, a recordar às relíquias de um passado ditoso, enamorado da natureza fecunda que lhes inspirou os brilhantes versos que lhe britavam da tranquilidade do coração, da inefável beleza do seu espírito e dã a pureza de sua mentalidade sempre louçã e virgem é esplendida de graça e fantasia.
Mas um dia a realidade encontrou a professora, pobre, sem amigos e sem amparo. E ele reconheceu a velhice que há muito a vinha acompanhando. Reconheceu-a porque estava só. As crianças como aves, haviam levantado vôo. A lei montara sentinela a sua porta.
Mas o espírito de Mariana Luz continuou a levitar pelos paramos da sua imaginação. A poetisa não podia ser coagida na sua expansão sentimental, o talento e o saber nunca foram aposentados . Não os alcançam as leis que regem a vida de mediocridade, E por isso Mariana Luz não morreu. O seu espírito privilegiado está em vibração.
É que a passarada voou. Não mais em bater de asas! Não mais em gorjeios. Não mais em penas douradas a refletir a luz do dia. Mariana Luz não mais ouviu o canto da manhã, nem o poema do entardecer. A passarada voou...
A Academia Maranhense de Letras vai chamar ao seu seio o livro inédito de Mariana Luz, para que os filhos de Itapecuru não percam a oportunidade de prestar justa homenagem à envergadura de sua renomada poetisa. (O Globo, 4.2.1946)
Do livro Marianna Luz, Vida e Obra. E Coisas de
Itapecuru-Mirim
Autoria do Livro: Jucey Santana.
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