Por: Jucey Santana
A Igreja de Nossa
Senhora do Rosário que servia de
paróquia de Nossa Senhora das Dores funcionou até o ano de 1924, “No ano
de 1924 em uma das maiores cheias do rio Itapecuru, esta desabou” (Combate, 23.3.1951). O local da
igreja atualmente é a Associação da
CAEMA. Antigos moradores lembram-se das
últimas colunas em ruínas, resistindo ao tempo. A igreja em uso passou a ser a
igrejinha do cemitério.
Retrocedendo no
tempo, entre os anos de 1862 a 1870, a paróquia foi administrada pelo padre
Francisco José Cabral. De espírito empreendedor, ele reformou a antiga igreja
de Nossa Senhora do Rosário e fundou um cemitério que ficou conhecido como
“Cemitério Padre Cabral”, ou “Cemitério do Areal”, que atendia a população e
uma capela no cemitério, para os ofícios fúnebres.
O cemitério, como
costume da época, era administrado pelas Irmandades. Antes de deixar a
paróquia, em 1870, ainda organizou os documentos regimentais das duas maiores
instituições religiosas de Itapecuru Mirim, as Irmandades de Nossa Senhora do
Rosário (22.8.1869) e a de São José, (15.12.1869). Pelos registros encontrados,
o padre Cabral, deixou a igreja reformada, os bens e a documentação em ordem e
a capela do cemitério concluída.
Voltando a igrejinha,
na época o clero decidiu pela mudança
do local da paróquia ficando escolhido a capela do cemitério. Foram realizadas
várias campanhas para a sua
reforma e ampliação como, festivais, peças teatrais, bailes
beneficentes e leilões. Nos dias 20 e 21
de abril de 1928, houve um “Festival Beneficente Artístico” no Teatro Artur
Azevedo, em prol das obras da igreja, organizado por uma comissão de
intelectuais como: o desembargador Públio Bandeira de Melo, o professor Mata
Roma, o cientista Salomão Fiquene, o poeta Ribamar Pereira e Mariana Luz. (Combate, 17.4.1928 e Pacotilha, 17.4.1928).
Quando o Padre João
Possidônio Monteiro assumiu a paróquia, em 1929, a igreja, ainda não tinha
portas, sendo guardados os acessórios litúrgicos na casa paroquial.
Para angariar
fundos a teatróloga a Mariana Luz, em 30 de julho de 1933 fundou o teatro Santo
Antônio e montou várias peças teatrais beneficentes, fez listas de adesão e
incentivava seus alunos a participarem
dos trabalhos.
A questão da
reforma da igreja vinha se arrastando a passos lentos, porém entre os anos de
1937 a 1942 o padre Alfredo Bacelar organizou uma grande campanha comunitária
para a ampliação e conclusão das obras.
Segundo relatos de conterrâneos da época, toda a sociedade, participou
dos trabalhos. O renomado mestre de obras Raimundo Lopes foi contratado para
dirigir os trabalhos. Lembram-se ainda
antigos moradores, que ao cavar as valas dos baldrames, retiravam muitas
ossadas humanas, e operários desprovidos de escrúpulo, saqueavam os túmulos em
busca de dentes de ouro dos cadáveres.
Como resultado a
população viu surgir a igreja ampliada com bonitos retábulos (altar mor e dois
laterais) confeccionados pelo famoso construtor e artesão José Vita.
Entre os anos, 1942
e 1944, foram concluídas, as obras da torre e fachada, na gestão do padre
Joaquim de Jesus Dourado, (Douradinho) que contratou a construtora,
“Nunes&Bayma”, para o serviço. Coube ainda ao padre Dourado a aquisição da
atual Casa Paroquial, do Major Bandeira, (Boaventura Catão Bandeira de Mello
Júnior). O padre Joaquim Dourado deixou a paróquia e seguiu para Itália para
servir como capelão militar na segunda Guerra Mundial, levando conforto
espiritual aos soldados da FEB (Forças Expedicionária Brasileira). Ele foi
escritor e membro da Academia Maranhense de Letras, representando a cadeira 34
sob o patronato de Coelho Neto.
Sob a direção de
padre José Albino, em 21 de janeiro de 1961 desabou a torre da igreja com o
coro e uma parte do teto. Em 1º de
janeiro de 1965, na Festa de São Benedito foi dada a bênção a nova torre.
É interessante
citar que o prédio da Igreja matriz de Nossa Senhora das Dores, de Itapecuru
Mirim e seu acervo de imagens sacras de características jesuíticas do século
XVIII juntamente com os acessórios litúrgicos, se encontram na condição de
inventariados pelo IPHAN sob o número: MA/99 – 0076.
Quanto ao
cemitério, em 16 de novembro de 1929 em ato do prefeito José Lúcio Bandeira de
Melo, a prefeitura assumiu a administração do cemitério da Irmandade Nossa
Senhora do Rosário dos Pretos. (Em 1890, Mariana Luz, descreva em uma crônica
sem título, o largo e o cemitério com a igrejinha). Em 1945 o governador do
Estado Clodomir Cardoso liberou a quantia de Cr$ 5.000,00 para remoção dos
destroços do antigo cemitério e a construção
de um novo. A partir de 1947 o
antigo cemitério ficou completamente
desativado.
No local da igreja era um cemitério? Não sabia!...
ResponderExcluiresplendido
ResponderExcluirBom retorno à história! Orgulhoso de ter os meus antepassados participantes do evento da construção da Igreja e casa paroquial. (Bandeira de Melo).
ResponderExcluirBom retorno à história! Orgulhoso de ter os meus antepassados participantes do evento da construção da Igreja e casa paroquial. (Bandeira de Melo).
ResponderExcluirN sei
ResponderExcluirTem alguma fotografia do Padre João possidonio monteiro?
ResponderExcluirGostaria de saber mais sobre o Padre Alfredo Barcelar. Ele será homenageado na Academia Vargengrandense de Letras e Arte. O que sei é o que tem no blog da Jucey Santana. Se houver alguém que puder me ajudar ficarei grata.
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