terça-feira, 6 de julho de 2021

O RIO ALEGÓRICO DE MARIANA LUZ

 João Carlos Pimentel Cantanhede


Para tentar discorrer sobre a recente produção literária a respeito de Mariana Luz, especificamente as obras de Jucey e Gabriela Santana, construí mentalmente uma imagem do rio Itapecuru, a partir da ponte, em uma estrutura de três planos horizontais: a margem direita, o leito e a margem esquerda. Em cada uma das margens imaginei uma mulher/escritora segurando um livro. Na margem direita, Jucey Santana segurava o seu livro “Marianna Luz: vida e obra (2014); e na margem esquerda, Gabriela tinha em suas mãos a obra “Mariana Luz: Murmúrios e outros poemas (2021).

Ambas olhavam fixamente para o leito pardacento do rio, como se buscassem descobrir ou revelar o que escondiam aquelas águas turvas. De fato, o que simbolizava o leito do rio na imagem? Seria a própria Mariana Luz representada sob a forma da água? Não seria a ilustre poeta, dramaturga e educadora itapecuruense, igualmente fonte de vida como o rio? Para responder a essa questão, precisamos analisar os pontos recorrentes da imagem: a ponte, as margens e o leito do rio.

A ponte, como ponto de observação representa o leitor ou leitores olhando para o rio. E o que o rio teria a revelar para os leitores? Bom, observando o livro da margem direita, ele nos revela, por meio de uma pesquisa vasta e consistente, uma Mariana Luz histórica. A própria autora, Jucey Santana, nos alerta que a sua obra não tem pretensão de análise estético/literária. Mas a fonte principal da sua obra é o leito do rio, ou seja, a própria Mariana Luz representada por uma água parda, ela era uma mulher negra; mas a cor da água simboliza também o que precisa ser visto e revisto, cabendo a cada leitor ou pesquisador observar com atenção essa água, da qual Jucey edificou o seu livro.

Ao olharmos para a margem esquerda temos: “Mariana Luz: Murmúrios e outros poemas (2021), Gabriela constrói a sua obra, olhando para o leito, para a outra margem e também para as teorias do campo literário. Enquanto Jucey é oriunda da AICLA, Gabriela Santana é proveniente da outra academia, a Universidade (Ufma) e de um mestrado que a desafiou a construir um outro olhar sobre Mariana Luz. Quando Jucey comentou que não faria análise literária, de certo modo, é como se ela previsse que a outra margem do rio seria edificada por outra autora/pesquisadora.

Assim sendo, Gabriela Santana nos apresenta uma obra rica em termos quantitativos e qualitativos, nos aponta caminhos teóricos para uma compreensão da literatura de Mariana Luz e aprofunda alguns outros elementos históricos.

Em resumo, a imagem alegórica construída no início apresenta o leitor na ponte, acima das duas margens, ambas com produções literárias consistentes que nos permitem compreender e perceber com maior profundidade o leito do rio, ou seja, a nossa magnifica Mariana Luz.

 

                                                   São Luís, 22 de junho de 2021.

João Carlos Pimentel Cantanhede


 João Carlos Pimentel Cantanhede
é Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Especialista em História do Maranhão pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). É autor dos livros: REVIVESCÊNCIA (2014), CIDADE E A MEMÓRIA (2013), em parceria com a professora da UEMA, Raimunda Fortes; CANTANHEDE (2010); VEREDAS ESTÉTICAS (2008); e um dos organizadores das antologias PÚCARO LITERÁRIO I e II (2017 e 2018, respectivamente). Como artista visual realizou diversas exposições individuais e coletivas, das quais destacamos: Olhares sobre o cotidiano” - TCE/MA, 2019; “Sem perspectiva” - SESC/MA, 2012; Palmae” - SESC/MA, 2007; “Itapecuru – imagens recorrentes” - SESC/Ler Itapecuru-Mirim, 2006; “Ritos do Corpo” - SESC/MA, 2005; Hibridações” - SESC/MA, 2004; “Relevos Sensoriais- SESC/MA, 2016; 5º Salão de artes São Luís, SECULT, 2014; 4º Salão de artes São Luís, SECULT, 2013; 3º Salão de artes São Luís, SECULT, 2012; 2º Salão de artes São Luís, SECULT, 2011; “Iconografia Urbana de São Luís” IV- SESC/MA, 2013; “Iconografia Urbana de São Luís” III- SESC/MA, 2008; “Iconografia Urbana de São Luís” II- Galeria Nagy Lajos/Museu de Artes Visuais, 2007; “Arte e Meio Ambiente” - SESC/MA, 2005; “Iconografia Urbana de São Luís” - SESC/MA, 2003; 1ª Mostra SESC de Humor – SESC/MA – 2000; XXIV, XXV, XXVI, XXVII e XXIX Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, FUNC, 1998 a 2002 e 2005;  I, II, III Mostra Maranhense de Humor – DAC/PREXAE-UFMA, 1998, 1999 e 2000; 1º Concurso de História em Quadrinhos do Maranhão – SESC/MA, 1998; 1º e 2º Salão Nacional de Humor Sobre o Controle dos Gastos Públicos - União Nacional dos Analistas e Técnicos de Financias e Controle – UNACON, 1997/98. 

Foi premiado em 1º Lugar em Pintura no XXVI Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, 2001; Melhor Cartum Maranhense na 2ª e 3ª Mostra Maranhense de Humor, 1999 e 2000; e Menção Honrosa em Pintura no XXVII Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, 2002. 

 

 

 

 

Um comentário:

  1. O professor e pesquisador João Carlos Pimentel Cantanhede, sempre espirituoso e inspirado. Parabéns, nobre imortal!

    ResponderExcluir