sexta-feira, 9 de agosto de 2024

FOI-SE UMA GUERREIRA!

      

*João Francisco Batalha

          Nesta terça feira, seis de agosto de 2024, partiu de nossa convivência para penetrar na imortalidade local uma das mais representativas figuras da história do Arari, do século passado e do presente.  Trata-se de Maria do Espírito Santo Muniz, nascida em Arari em 14 de julho de 1933.

          Ativista atuante, inteligente, culta, destemida. Simpática, criativa, confiável e leal, participava com competência e autenticidade dos conclaves da política local e dedicava-se com paixão, de corpo e alma, à causa que abraçava. Partidária militante do barriguismo, alinhado ao vitorinismo, teve trajetória de altos e baixos, aplausos e reversos e não escapou à ira dos adversários.

        Por questões torpes foi agredida fisicamente em plena via pública da cidade em que residia, Arari.  E também, em 1962, hostilizada com chacotas quando assumia posição de destaque em curso de cooperativismo ministrado pela Missão Intermunicipal Rural Arquidiocesana (MIRA).

    Não se safou das pilhérias com qualificativos pejorativos crismados por algozes seguidores da política adversária e ultrajada e ferida na alma, caiu em prantos do qual fui testemunha. Mesmo assim não se igualou aos agressores nas provocações que lhes foram atiradas. Recebeu a solidariedade do Pe. Sidney Castelo Branco Furtado e o consolo de sua secretária Marlene.

    Arrimo dos pais idosos e responsável pelo sustento da família exerceu diversas atividades, tendo trabalhado com o fazendeiro Cipriano Ribeiro dos Santos, como secretária nas atividades empresariais e foi escriturária do Engenho Santa Margarida. Posteriormente Secretária do Posto de Puericultura de Arari, na gestão da senhora Perolina Fernandes Santos; além de notaria do Cartório do Segundo Ofício da Comarca de Arari, entre os anos de 1962 a 1965 do qual fora destituída com festas e foguetórios dos adversários políticos.

     Surgiu oportunidade de retornar à titularidade do Cartório, mas declinou do convite.

    Submetida ao concurso público foi aprovada e classificada para o Cartório da cidade de Bacabal, mas novamente a política partidária imperou e o concurso fora anulado com o fim somente de prejudica-la.

               Nunca disputou cargo político eletivo, mas seu pai José Cupertino Muniz, foi primeiro suplente de vereador, desclassificado da titularidade pelo critério de desempate da idade, para a candidata Elisa Ribeiro dos Santos, na eleição de 1937, antes de instaurado o Estado Novo.

              Laborou na Prefeitura Municipal de Arari, gestão do Prefeito Caiçara, quando foi Inspetora de Educação e Chefe do Serviço de Alistamento Militar.

    Entusiasta trabalhadora e colaboradora pela fundação do Colégio Comercial de Arari, fundado em 1967 e instalado no ano seguinte e dele foi destacada aluna.

     Em São Luís concluiu o ensino médio e graduou-se Técnica em Contabilidade, ao mesmo tempo em que trabalhou no “Armazém Gonçalves Dias”, na “Mara Confecções” e na representação da “Boroughs”, no Maranhão, onde foi secretária e posteriormente gerente.

    Zelosa no trabalho e sempre demonstrando domínio na atividade laboral, foi convidada e exerceu a chefia do Funrural na cidade de Pedreiras, o que fez com desenvoltura e competência.

       Se o Arari não a distinguiu o quanto mereceu, foi Pedreiras quem lhes abriu os braços e lhe deu guarida com muito carinho e distinção.

No dia o seu falecimento recebi da conterrânea Virgínia Santos, pela WPP, a mensagem: A baluarte da família se foi, hein João?

No seu velório constatei o quanto era admirada e querida pelos amigos. Além dos familiares e admiradores de São Luis, Pedreiras, Porto Franco, Joselândia, muitos ararienses entre os quais posso lembrar-me de alguns dos presentes:

Celeste Batalha, Celeste Santos; Socorro e Marilene Prazeres; Moema, Fátima Barreto, Nilma Maciel, Virginia e Hilda Santos. Creuza Batalha, Lurdinha Pinto, Ana Célia Jansen e Zezé Pinto. Marize Muniz Bello, Aparecida Muniz, Teca, Kátia, Aparecida Cruz, Ada Glória, Élen e Maria Emília Soares. 

Prof. Éden e José Raimundo Soares, Romildo Santos, Renato Pacheco, desembargador Marcelino Everton, Totó Muniz, Luiz, Henrique, entre muitos outros que a memória não gravou.

Maria Muniz foi uma guerreira exemplar de bom caráter. Legítima representante da sociedade em que viveu construiu muitas e boas amizades. Eu e minha esposa tivemos a felicidade de tê-la como amiga.

(*) João Francisco Batalha, arariense, titular da Cad. 19 da Academia Ludovicense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Arari.  

 

 

 

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