*Ailson Lopes
Em 2004 me aventurei a conhecer a festa de São Raimundo de Mulundus em Vargem Grande. Me reuni com alguns amigos da nossa iniciante tão sonhada banda de rock e lá fomos nós. Éramos adolescentes e curiosos com aquele evento que levava multidões de romeiros de Itapecuru Mirim. A ideia era levar a nossa pequena banda de rock e conseguir uma apresentação lá.
Não foi nada fácil conseguir a autorização dos meus pais,
mas, enfim, lá fomos nós...
Os itapecuruenses se deslocam em massa para Vargem Grande, com o benefício da prefeitura decretar ponto facultativo para favorecer os romeiros funcionários.
Acompanhamos a tradicional romaria dos devotos, nos aventurando naquela andança a noite toda, quebramos os chinelos, com calos nos pés, mas ninguém pediu arrego. Chegamos quase ao amanhecer no povoado Paulica, na véspera da missa dos romeiros, do penúltimo dia do festejo e seguimos direto para Vargem Grande.
É sempre impressionante a multidão de devotos que vem de todas as partes do Brasil para pagar suas promessas ao “Santo” milagreiro dos vaqueiros, tão conhecido por todos os católicos. Na última semana de agosto a cidade fica pequena para receber além dos devotos milhares de visitantes entre turistas, políticos da região em busca de apoio eleitoral, vendedores, clérigos, artistas e aventureiros na expectativa de tirar vantagens pecuniárias do festejo uma das maiores manifestações de fé popular do Maranhão. Deslumbrei-me diante da magnitude do evento, para mim tudo era novo.
Apresentamos nossa banda no largo da igreja, eu o amigo Jonh e mais dois amigos da banda. A nossa avaliação depois do nosso acanhado “show” era de “sucesso” total.
Ao final da apresentação, fomos então desfrutar dos entretenimentos que a cidade de Vargem Grande nos proporcionava, com atrações para todos os lados e ao gosto de cada um. Visitamos diversos locais entramos e saímos de festas em festas, enfim nos divertimos com o que mais gostamos: “músicas”.
Somente ao nascer do sol, retornamos para o local de repouso para recuperar as forças já que a jornada ainda não tinha acabado. Depois de abastecidos com um bom desjejum e algumas horas de sono, porque “ninguém é de ferro”. Visitamos a histórica cidade de Nina Rodrigues, antiga Manga do Iguará local de importantes acontecimentos histórico ocorridos no século XIX, com atrativos especiais aos turistas, como sua rica memória e um balneário extraordinário formado pelos Rio Iguará e Munim, servido por dezenas de restaurantes de comidas regionais, local im- perdível para os romeiros de São Raimundo. Retornamos ainda com tempo de ver a saída da procissão e fazer nossas orações no Santuário de São Sebastião. Foi um acontecimento marcante na minha vida, o registro da grande devoção popular à São Raimundo dos Mulundus.
*Ailson Lopes Costa, itapecuruense, musicista, compositor, artista plástico e cronista. Acadêmico dos Cursos de História e Pedagogia, foi instrutor da Escola de Desenho da Casa de Cultura Professor João Silveira de 2014 a 2017, é membro fundador da banda de Rock Alternativa dirigida pelo escritor e poeta Junior Lopes.
Como cronista participou do Púcaro Literário I (2017) e Púcaro Literário 200 anos de Itapecuru Mirim (2018). Publica constantemente suas crônicas no blog literário da escritora Jucey Santana. É membro efetivo da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA), ocupante da cadeira nº 39 patroneada pelo músico Bertulino Campos.
Do livro, O Iguaraense, 175 anos de Vargem Grande (2020), pag. 86. Organizado por Jucey Santana.
Maravilhoso. Amei
ResponderExcluirParabéns, Ailson pela excelente crônica!
ResponderExcluirAmo as crônicas de Ailson, criativas, memorialistas e bem humoradas!
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