segunda-feira, 9 de abril de 2018

NÃO SE FAZEM MAIS PADRES COMO ANTIGAMENTE



     

Benedito Buzar

A população brasileira ficou bastante estarrecida e revoltada com o que aconteceu na cidade goiana de Formosa, onde um bispo, quatro padres e um monsenhor foram presos por desviarem recursos provenientes de dízimos, doações e arrecadações dos paroquianos.

Com aqueles recursos, transformados em benefícios próprios, os sacerdotes, como se fossem bandidos comuns, transgrediram, simultaneamente, as normas legais e os paradigmas cristãos.

Por causa de fatos iguais ou semelhantes ao de Formosa,  o povo brasileiro, de uns anos para cá, tem se afastado da religião católica, deixando de marcar presença nos cultos ditados pela  Santa Madre Igreja.

São exemplos nada edificantes como dos padres goianos, que dão margem à perda de prestígio da Igreja católica, conquistado  ao longo dos séculos no mundo inteiro, fato inegável e constatado pelo avanço das seitas evangélicas e similares, que passaram a ocupar os espaços nos quais só tinham vez e voz os representantes do Vaticano.

No Maranhão, no passado e no presente, felizmente, não se tem conhecimento de sacerdotes que ficaram  conhecidos ou execrados pela opinião pública, pelo cometimento de atos tão perniciosos, como os  descobertos pela Polícia de Goiás.

Quando um padre maranhense é alvo de censura da opinião pública ou criticado pelos meios de comunicação, com toda certeza, faz parte daquele grupo clerical que decidiu ingressar na vida política e partidária, elegendo-se para algum cargo eletivo, visando especialmente às prefeituras municipais.

Esses padres, via de regra, são os que ficam sob a mira de comentários depreciativos e nada positivos, sobretudo quando não se comportam com seriedade e honestidade  à frente das comunas ou resolvem abandonar a batina e trocá-la pela vida mundana e desregrada.

Já que estamos nos reportando sobre os padres no Maranhão, não custa lembrar que desde os primórdios da história do Brasil, a relação da política com a Igreja católica tem sido constante e marcante, pois eram os sacerdotes que, através de editais, selecionavam e convocavam os eleitores a votar em suas paróquias.

Esse relacionamento estreito da política com a Igreja católica, em terras maranhenses, sempre foi vista com bons olhos pela população.  O historiador Milson Coutinho, na sua preciosa obra “História da Assembleia Legislativa no Maranhão”, mostra, relaciona e nomina a numerosa quantidade de deputados que a Igreja  elegeu para representá-la no Poder Legislativo, no regime imperial.

No período do governo republicano, os  padres, também,  tiveram expressiva atuação política. Como destaque, os padres Astolfo Serra e Constantino Vieira.

O primeiro, pela sua posição de revolucionário, em 1930, chegou ao posto de interventor federal no Maranhão, mas, no exercício do cargo, cometeu desatinos inomináveis, que resultaram na sua demissão. O segundo, notabilizou-se  na oposição ao governo e por conta disso elegeu-se suplente de senador, mas não assumiu porque renunciou ao cargo.

Só houve um período no Maranhão (1952 a 1962), em que os padres, por ordem expressa e rigorosa do arcebispo, dom José Delgado, deixaram de concorrer aos cargos eletivos. Motivo: estavam trocando o púlpito das igrejas pelas tribunas da Assembleia Legislativa

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