Benedito
Buzar
A população brasileira ficou bastante estarrecida e
revoltada com o que aconteceu na cidade goiana de Formosa, onde um bispo,
quatro padres e um monsenhor foram presos por desviarem recursos provenientes
de dízimos, doações e arrecadações dos paroquianos.
Com aqueles recursos, transformados em benefícios
próprios, os sacerdotes, como se fossem bandidos comuns, transgrediram,
simultaneamente, as normas legais e os paradigmas cristãos.
Por causa de fatos iguais ou semelhantes ao de
Formosa, o povo brasileiro, de uns anos para cá, tem se afastado da
religião católica, deixando de marcar presença nos cultos ditados pela
Santa Madre Igreja.
São exemplos nada edificantes como dos padres
goianos, que dão margem à perda de prestígio da Igreja católica, conquistado
ao longo dos séculos no mundo inteiro, fato inegável e constatado pelo
avanço das seitas evangélicas e similares, que passaram a ocupar os espaços nos
quais só tinham vez e voz os representantes do Vaticano.
No Maranhão, no passado e no presente, felizmente,
não se tem conhecimento de sacerdotes que ficaram conhecidos ou execrados
pela opinião pública, pelo cometimento de atos tão perniciosos, como os
descobertos pela Polícia de Goiás.
Quando um padre maranhense é alvo de censura da
opinião pública ou criticado pelos meios de comunicação, com toda certeza, faz
parte daquele grupo clerical que decidiu ingressar na vida política e
partidária, elegendo-se para algum cargo eletivo, visando especialmente às
prefeituras municipais.
Esses padres, via de regra, são os que ficam sob a
mira de comentários depreciativos e nada positivos, sobretudo quando não se
comportam com seriedade e honestidade à frente das comunas ou resolvem
abandonar a batina e trocá-la pela vida mundana e desregrada.
Já que estamos nos reportando sobre os padres no
Maranhão, não custa lembrar que desde os primórdios da história do Brasil, a
relação da política com a Igreja católica tem sido constante e marcante, pois
eram os sacerdotes que, através de editais, selecionavam e convocavam os
eleitores a votar em suas paróquias.
Esse relacionamento estreito da política com a
Igreja católica, em terras maranhenses, sempre foi vista com bons olhos pela
população. O historiador Milson Coutinho, na sua preciosa obra “História
da Assembleia Legislativa no Maranhão”, mostra, relaciona e nomina a numerosa
quantidade de deputados que a Igreja elegeu para representá-la no Poder
Legislativo, no regime imperial.
No período do governo republicano, os padres,
também, tiveram expressiva atuação política. Como destaque, os padres
Astolfo Serra e Constantino Vieira.
O primeiro, pela sua posição de revolucionário, em
1930, chegou ao posto de interventor federal no Maranhão, mas, no exercício do
cargo, cometeu desatinos inomináveis, que resultaram na sua demissão. O
segundo, notabilizou-se na oposição ao governo e por conta disso elegeu-se
suplente de senador, mas não assumiu porque renunciou ao cargo.
Só houve um período no Maranhão (1952 a 1962), em
que os padres, por ordem expressa e rigorosa do arcebispo, dom José Delgado,
deixaram de concorrer aos cargos eletivos. Motivo: estavam trocando o púlpito
das igrejas pelas tribunas da Assembleia Legislativa
Nenhum comentário:
Postar um comentário