Jucey Santana
Pedro Nunes Leal um dos
mais fecundos talentos, que se orgulha
Itapecuru Mirim, de ter sido berço. Professor,
literato, jornalista, o mestre, como
lhe chamavam os seus antigos discípulos, amigos e admiradores, que tanto lhe
apreciavam o saber e a exatidão das ideias, a coordenação e feliz exposição,
quer na conversação, quer levando ao papel as suas ideias, talento que o acompanhou até momentos antes de sua morte,
onde foi cuidado com carinho e dedicação pelo seu amigo e sobrinho, o médico, Oscar Galvão.
Era o Dr. Pedro, um
representante dos antigos literatos, e um dos eminentes vultos da literatura
maranhense que honrou a pátria e a terra natal, prestando valiosos serviços à
instrução pública, as letras e à mocidade.
O professor Pedro Nunes Leal nasceu em 22 de agosto de
1823 no lugar Cantanhede, pertencente a Freguesia de Itapecuru Mirim, tendo
falecido aos 77 anos de idade. Filho de Alexandre Henrique Leal e
Ana Rosa Reis Leal, concluiu o curso de Humanidade em 1838 em São Luis (MA).
Seguiu para Coimbra onde colou grau em
Ciências Jurídicas e Sociais em 1843,
com 22 anos de idade e ali teve por colegas e amigos,
Gonçalves Dias, João Lisboa, Domingos Perdigão, Antônio Rego, Dr. José Zacarias de Carvalho. J. F. Côrrea
Leal e Arcedíago Manoel de Tavares da Silva.
Sendo mestre e apaixonado pela
Língua Portuguesa, criou fama como lexicógrafo. Compilou e organizou várias
obras. Mesmo com a idade avançada, continuava seu zelo exacerbado pela língua
pátria, “escrevendo para novas gerações,
filhos de seus antigos discípulos”,
como gostava de dizer. Além de escrever o livro “Noções Gramaticais” em
1893, para uso nas escolas primárias,
extraída dos ensinamentos da língua portuguesa do professor Sotero dos
Reis, publicou nas oficinas do jornal
Diário do Maranhão, várias obras e apostilas gramaticais.
Em 1864 fundou na capital o Colégio Instituto de Humanidade, onde ele próprio foi
titular das seguintes cadeiras:
Gramática, Filosofia, Literatura
e Latinidade. No Instituto receberam instrução primária e cursos
preparatórios muitos ilustres cidadãos, como: Theóphilo Dias, Menezes Vieira, os
médicos, Tarquínio Lopes e Oscar Galvão,
Vianna Vaz, Capitão Fragata Othon Bulhão, Almir Nina, Palmério Cantanhede,
Tasso Coelho, Costa Rodrigues, Costa
Lima e tantos outros que atestam o merecimento daqueles que os guiou nos
primeiros estudos mais tarde professores, e onde também foram alunos muitos
maranhenses, que hoje ocuparam elevada
posição social.
Deixou
as seguintes produções literárias:
1. Gramática elementar da Língua
Portuguesa (1894).
2. Opúsculo e Lexicografia:
3 – Opúsculos da Lexicografia:
I – Afixos da Língua Portuguesa - 1894
II – Dicionário Manual Homofonológico. Significação
e a Prosódia - 1896
III – Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa - 1897
4. Tratado Elementar da Filosofia, de Paulo Janet (tradução por N,
II.).
5.
O Pariz na América (tradução) René Lafebre - 1867
6. Conde de Gaspários
7. Tratado de Agronomia.
8. Esboço anatômico (tradução).
9. Esboço de Agricultura, curso de
Agronomia traduzido de Gasparin (inédito).
10.
História da Filosofia de autoria de F.A.
Jaffre – 2º vol. 1 (inédito).
11.
Bibliográfico
Maranhense, sobre escritores do século XIX (inédito)
Por sua iniciativa foi reeditada a importante obra, O Tímon Maranhense, de João Lisboa, de quem era admirador. Nunes Leal não poupou esforços para conseguir a reimpressão,
da qual foi tratar em Portugal em 1899, conseguindo vê-la prefaciada pelo literato
português Dr. Theophilo Braga.
Redigiu vários jornais como,
o “Diário do Maranhão”, O
Progresso, Jornal da Lavoura e a Revista Universal. Os seus textos
versavam sobre literatura, gramática e também sobre agricultura
e agronegócios como a cultura
do cacau, cana de açúcar e principalmente as vantagens
do plantio de algodão.
Foi nomeado promotor público da
Capital em 1847.
Pedro Nunes Leal era
irmãos dos Drs. Antônio Henriques Leal, e Fábio Nunes Leal.
Deixou quatro filhos:
Francisco José, Zenobia Cesaltina e
Isabel Colomba.
Em demonstração do grande pesar pelo falecimento do festejado literato, hastearam as bandeira à
meio mastro nos seguintes locais:
Biblioteca do Estado, Externato S. Sebastião,
Revista do Norte, “Liceu
Maranhense” e jornais da capital, prestando assim a devida homenagem, aquele
que foi mestre, que amou e fez amar as letras.
O
Dr. Pedro Leal, não obstante a sua idade, ainda se entregava a vida ativa, e
assim ocupava o lugar de superintendente da Companhia de Melhoramentos, e de
representante do Banco da República, juntos aos estabelecimentos industriais,
que com aquele tinha negócios. Faleceu no dia 7 de novembro de
1901.
Pedro Nunes Leal é patrono da cadeira
33 da Academia Maranhense de Letras,
pelo seu trabalho em prol da educação e
letras.
Por ocasião do seu
falecimento o amigo Oscar Galvão dedicou-lhe a página abaixo:
Ao
Dr. Pedro Nunes Leal
Como
uma águia real que, num voo seguro.
A
asa batesse enfim, dominando o horizonte.
Para
as águas beber de outra mais pura fonte.
Para
os climas gozar de outro espaço mais puro.
Assim
ele se foi...tendo por palinuro,
Dentro
d’alma a Virtude e o Talento na fronte...
Té
que dobrou do Além luminoso monte.
Ocupando
um lugar no Pantheon do futuro!
Morreu!
...mas, ao morrer, o majestoso velho,
Tinha
escrito as lições de um brilhante evangelho
De
Bondade e de Amor aos vindouros e aos vivos!
Morreu!
... Perante o herói em cadáver mudado.
Perante
essa relíquia enorme do Passado
Filhos
de minha terra! Orar e descobri-vos!
Parabéns pela bela produção!
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