Ailson Lopes
O dia dois do mês de outubro de 1999, começou meio nublado, com pequenos chuviscos, mais
até então tudo normal para o inicio daquele
sábado. A turma já tinha marcado uma pelada na AABB de Itapecuru Mirim, já que o campo do Renault, próximo a Escola CAIC já
estava reservado para os atletas de
primeira linha, que tinham prioridade nos finais de semana, para seus treinos,
restava a nós, peladeiros sem prestígio, praticarmos futebol de rua ou buscarmos espaços menos disputados, ainda que
mais distante, para brincadeiras disputas futebolísticas, com formação de
equipes improvisadas onde as regras eram ditadas pelo dono da bola.
Mais a nossa história
começaria na AABB já que lá sempre íamos para jogar futebol no campinho
Society, as tardes de sábado. Nos reunia
na rua Sebastião Sousa e seguíamos para o campo. Às
15:30 toda a galera estava reunida
para nossa já tradicional peleja de final de semana. O jogo já ia pela
metade, quando de repente, sem que
ninguém esperasse, o tempo dar uma
reviravolta e de repente começa chuviscar. Ninguém deu muita importância, mesmo porque no mês de outubro, dificilmente chove em Itapecuru
Mirim.
Os atletas afoitos com
o desenrolar da partida não, grita daqui, chuta dali, alguns empurrões com
pedidos de desculpas, outros não, insultos a honestidade ou a genitora do juiz, que havia sido indicado para apitar a
partida com certa restrição e assim o
jogo ia rolando sem a preocupação com a chuva que engrossava.
Os ventos começaram
soprar com muita intensidade e de repente todos nos dispersamos, acabando com o
jogo. As mangueiras e demais árvores ficaram balançado ao sabor da tempestade, prestes a
desabar, o céu escureceu repentinamente para o espanto de todos e pequenos pedaços de gelo começaram a cair de
céu junto misturados com os pingos da chuva. Ficamos apavorados e corremos desesperados em busca de um lugar seguro que servisse de abrigo. Ficamos encolhidos em uma entrância do prédio,
em silencio, apavorados, sem ter a quem recorrer, quando um estrondoso e ensurdecedor
trovão arrancou gritos de pavor de todos nós. Na ocasião nos aconchegamos mais, como era de
se esperar de adolescentes apavorados. Chego a desconfiar que alguns, em decorrência do colossal fenômeno, tenham borrado seus simples calções de peladeiros.
Aos poucos a chuva foi
passando, para nosso alívio. Ufa!!! Ainda pensamos em continuar o jogo, porém, não tinha mais clima, ainda
estávamos assustados, e o campinho estava todo encharcado, resolvemos voltar
pra nossas casas.
Ao nos preparar para
retornarmos uma amigo com a voz trêmula e o semblante transtornado,
trouxe uma terrível noticia: - pessoal corram um raio caiu no Renault e
pessoas estão caídas no campo. Corremos para o local já que não ficava longe
da AABB, quando chegamos fomos informados que alguém tinha sido acertado por um raio e
que a mesma tinha vindo a óbito.
O povo foi disperso e
muitos foram ao hospital saber mais noticias sobre a vítima do raio que tanto nos assustou. Ainda
sob tensão dos acontecimentos, soubemos que se tratava de popular e querido desportista,
João Batista, conhecido por GODIM.
A data ficou marcada na vida de quem estava na tempestade
de 1999 e dos itapecuruenses, quando o
céu escureceu e caiu gelo misturado com os pingos da chuva em nossa cidade de
Itapecuru Mirim. Nunca mais aconteceu tamanha tragédia, mas, nos deixou em alerta para os dias vindouros de
tempestades.
O episódios é ainda lembrado na cidade.
Ailson Lopes Costa, Itapecuruense, poeta, cronista, graduando em História, pela UEMA e em Pedagogia, e pós graduando em literatura. Participou da coletânea, Púcaro Literário I (2017) e Púcaro Literário II (2018).
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