domingo, 2 de junho de 2019

MULHER


                             Ana Luiza Ferro

um rosto
vários corpos
um sobrenome
vários nomes.

Mulher Amélia
Mulher de verdade
Na fantasia do homem.

Mulher Catarina
Mais loba que ovelha
Mais sabre que bainha.

Mulher Chiquinha
Faz da vida um abre-alas
Faz do tempo uma obra.

Mulher Diana
é caça e caçadora
Plebeia, princesa e cinderela.

Mulher Domingas
Lata d’agua na cabeça
Sem pão na mesa.

Mulher Helena
Brilha tanto quanto o sol
Não quer saber de Menelau.

Mulher Isabel
Já assinou sua Lei Áurea
Já rompeu os seus grilhões.

Mulher Maria
Nossa Senhora
Senhora e mãe.

Mulher Maria Bonita
Paraíba, mulher macho
Luta mais que Lampião

Mulher Maria Machadão
é de todos
é de ninguém.

Amélia
Catarina
Chiquinha
Diana
Domingas
Helena
Isabel
Maria Bonita ou não
Maria Machadão
uma tela
vários pinceis
uma cor
vários tons
uma só assinatura.

MULHER
de vermelho ou rosa choque
cada uma
MULHER
de escrita grossa ou fina
uma em todas
MULHER
de traço certo ou incerto
não importa
MULHER.



Ana Luiza Almeida Ferro   Promotora de Justiça., professora, escritora, poeta, conferencista internacional, doutora e mestra em  Ciências  Penais, membro efetivo e correspondente de várias associações culturais e  academias letras dentre as quais a Academia Maranhense de Letras, a Academia Ludovicense de Letras e  o Instituto Histórico e Geográfico  do Maranhão. Autora de vários livros de Direito, História e Poesia. Participou da coletânea literária  Púcaro II, Itapecuru Mirim, 200 anos (2018) com o poema Itapecuru, organizada por Jucey Santana e Joao Carlos Pimentel Cantanhede.


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