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Padre Alfredo Bacelar |
Padre Empreendedor
Jucey Santana
O clérigo Alfrefo Furtado Bacelar Nasceu em 6 de agosto de 1910, em Curralinho (MA),atual Coelho Neto, filho do político Alfredo Furtado Bacelar e Ana de Lima Bacelar, nasceu em 6 de agosto de 1910. Ainda criança mudou-se com seus pais para a cidade de
São Bento onde se batizou em 25 de maio de 1911.
Entrou para o seminário em 1924, aos 14 anos, para fazer os cursos de Humanidades, Filosofia e Teologia. Recebeu a primeira Tonsura em 5 de abril de 1930, as Ordens Menores nos dias 27 e 29 de outubro de 1933 oficiada por Dom Otaviano Pereira de Albuquerque e as ordens sacras do Subdiaconato em 1º de novembro de 1933 e em 15 de agosto de 1934, recebeu a ordem do Diaconato e em 24 do mesmo mês recebeu o sacramente da Ordenação na Catedral Metropolitana pelas mãos de Dom Emiliano Lonati Bispo do Seminário de Santo Antonio e Cura de São José de Ribamar.
Oficiou a Missa Nova, na própria Catedral, ainda no mês de agosto do mesmo ano, depois seguiu para sua terra natal para celebração da segunda missa, com seus familiares e amigos.
Do mês de setembro de 1934 a dezembro de 1935 foi vigário auxiliar da cidade de São José de Ribamar e em 16 de janeiro de 1936 (com 25 anos), foi nomeado pároco da matriz de Nossa Senhora das Dores de Itapecuru Mirim e da paróquia de São Sebastião, de Vargem Grande.
Padre Alfredo Bacelar em Itapecuru Mirim – 1937 a 1942
Depois de servir como vigário de São José de Ribamar, assumiu a paróquia de Nossa Senhora das Dores que se encontrava com sérios problemas, de reconstrução em meio a constante troca de padres e desabamentos.
Muito trabalhador e dinâmico ao assumir a responsabilidade das duas paróquias, pôs imediatamente em execução um plano de mudança do local da paróquia, de Itapecuru Mirim. Finalmente, Nossa Senhora das Dores, teria sua matriz, sua casa. Ele deixou de lado os serviços na antiga igreja e empreendeu grande campanha para arrecadação de fundos para a obra, envolvendo toda população itapecuruense.
Foi incansável construtor, apesar de muito criticado pelo seu radicalismo nas duas cidade atendeu ao apelo do seu jovem pastor, se unindo na campanha comunitária reconstrução e ampliação de suas igrejas.
Em Itapecuru Mirim a igreja que servia de Matriz, ainda era a igreja de Nossa Senhora do Rosário, que apesar de muito investimento para sua reconstrução sem resultado, chegou a desabar, e a antiga capelinha do cemitério, construída pelo padre Cabral, que servia para os ofícios religiosos, sem o devido suporte para atender os fiés do município, não oferecia espaço nem segurança, tendo sido saqueada algumas vezes com grandes prejuízos sendo raptada até as coroas das imagens sagras históricas.
Construção da Igreja Matriz de Itapecuru Mirim
Mesmo sendo considerado muito radical, em questão religiosa, segundo relatos de conterrâneos da época, toda a sociedade participou dos trabalhos para reconstrução da igreja. O renomado mestre de obras Raimundo Lopes foi contratado para dirigir os trabalhos. Lembram-se ainda antigos moradores que ao cavar as valas dos baldrames os operários desprovidos de escrúpulos, saqueavam túmulos em busca de dentes de ouro nos esqueletos, por adentrar ao antigo cemitério na construção.
Como resultado, a população viu surgir a igreja ampliada com bonitos retábulos, confeccionado pelo famoso construtor e artesão José Vita.
Ao se afastar da paróquia em 11 de março de 1942 por desinteligências de ordem religiosa, padre Bacelar deixou um legado que ficará na memória dos itapecuruenses:
1.Construiu, finalmente, a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, ficando inconcluso apenas o frontispício, porém, deixou recursos em caixa para sua conclusão;
2. Deixou vários bens móveis e imóveis para a paróquia;
3. Trouxe a Itapecuru Mirim a primeira Romaria dos Vicentinos, em 1938, quando foi entronizada a imagem do Sagrado Coração de Jesus no salão da Prefeitura Municipal, recepcionada pelo prefeito Felício Cassas. A Romaria Missionária Vicentina foi coordenada pelos missionários frei Heliodoro Maria Inzago e frei Damião Erbano;
4. Ainda em 1938 foram adquiridas as imagens de S. Vicente de Paulo, Nossa Senhora das Dores e São José, através de doações da Cúria;
5. Ativou a antiga fábrica de artefatos religiosos da igreja, para aumentar os rendimentos financeiros da paróquia;
6. Como forma de proteção religiosa, foram expulsos de Itapecuru Mirim e Cantanhede os pregadores de outros credos;
7. Reorganizou as atividades já existentes na paróquia como: Apostolado da Oração, Confraria de São Vicente de Paulo, Irmandade de Nossa Senhora das Dores e o Centro de Doutrina Cristã e criou as Zeladoras do Coração de Jesus, Zeladores de São José e Associadas Filhas de Maria.
.Gestão na Paróquia de Vargem Grande
1.Em Vargem Grande, também convocou todos os paroquianos em a uma exaustiva campanha de adesão para reconstrução da centenária igreja de São Sebastião que se encontrava quase que em ruínas.
2. Foi incansável protetor da religião, não permitindo instalação de outros credos, ou pregadores evangélicos no município;
3. Representou a prefeita Hildenora Gusmão Castelo Branco, no ato solene da inauguração do edifício da onde passou a funcionar a prefeitura e todas as repartições municipais, em 21 de janeiro de 1938, em virtude de enfermidade da prefeita;
4. Aumentou o acervo de imagens sacras para a paróquia de São Sebastião, Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Dores, e outra para a capela de Mulundus, através de requisições à Cúria;
5. Reformou e construiu o Altar-mor da capela de São Raimundo dos Mulundus, e ainda com campanha comunitária e apoio prefeita Hildenora Castelo Branco, conseguiu beneficiar a estrada e construir pontes para Muluundus, para melhoria do acesso aos romeiros;
6. Abandonou a Paróquia de São Sebastião de Vargem Grande, em final de maio de 1941, por desinteligências com os paroquianos por ter proibido festas profanas, sem êxito.
- Vale registrar que das sete pontes construídas na gestão da prefeita Hildenora, duas foram para Mulundus, na gestão do padre Bacelar.
Histórico de radicalismo religioso.
O jovem padre Alfredo Furtado Bacelar talvez tenha sido o sacerdote mais radical que passou por Itapecuru Mirim e Vargem Grande. Durante o tempo que passou à frente das duas paróquias foi incansável na perseguição aos pregadores evangélicos ou de outras doutrinas que tentassem se instalar na cidade.
A intolerância dele chegava ao nível de organizar grupos de homens para apedrejar as residências ou mesmo brigar com pregadores adventistas ou de outras denominações e ameaçava no púlpito de excomunhão quem adquirisse algum objeto dos chamados por ele de hereges (prática corriqueira no início do século com a secularização imposta pela primeira Constituição Republicana de 1891).
Também se indispôs com Pitágoras de Morais, juiz de Itapecuru Mirim e Vargem Grande porque este se recusou a ajudar a igreja, organizando um abaixo assinado para removê-lo da comarca, sem êxito.
Por fim, pediu o afastamento da paróquia por ter proibido o carnaval em Itapecuru Mirim e Vargem Grande, ocorrido em fevereiro, sem resultado, ameaçando de excomunhão quem não o obedecesse. Desgostoso deixou as duas paróquias em março de 1942, sendo substituído pelo Cônego Joaquim de Jesus Dourado.
Ao voltar a sua cidade natal, Curralinho, atual Coelho Neto, entrou em confronto político e até com membros da própria família, tendo sido vítima de agressão física, que o levou a óbito.
O seu precoce desaparecimento foi muito lamentado por muito tempo, por todo o clero familiares e amigos.
Deixou três irmãos: Padre Carlos Bacelar, de Morros, Maria de Lourdes Bacelar Viana, esposa do médico e deputado, Fernando Viana e a Madre Cândida Bacelar, residente em Fortaleza.
Ao falecer, em 30 de junho de 1947, aos 36 anos, o padre Bacelar estava sendo vigário de Buriti e Curralinho, onde deixou em execução as construções das igrejas das duas cidades.
A Academia Vargem-grandense de Letras e Artes, reconhecendo-lhe o mérito o escolheu como patrono da cadeira nº 11 do sodalício.
Do livro O Iguaraednse, 175 anos de Vargem Grande (2020) organizado por Jucey Santana
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