E OUTRAS
HISTÓRIAS...
Série de Crônicas – ano II/nº
20/2015
Por: Josemar Sousa Lima
Antes dela era o
mergulho borbulhante das boiadas nas águas limpa do maior rio do Estado do
Maranhão sob os gritos e aboios dos vaqueiros e o trabalho paciente dos mestres
passadores, chamados para o transporte de pessoas e seus pertences que desejavam chegar até à Estação do Trem ou
de lá vinham com destino a Itapecuru Mirim ou outras cidades da região leste do
Estado.
Um dos mais
famosos e conhecidos era o mestre Joaquim Passador que, com sua canoa de um pau
só, enfrentava a correnteza do rio em qualquer estação do ano, inclusive nos
períodos das maiores enchentes. Joaquim Passador tinha como fiel escudeiro
nessa tarefa o nosso amigo Zé Cuduca, conforme informações colhidas junto ao
meu tio Minzinho que tem anos de rio antes de mim.
Depois, lá pelos
idos de 1941, o prefeito Felício Cassas comunica ao interventor do Estado do
Maranhão, Paulo Ramos, que a Balsa construída pelo Departamento de Estrada de
Rodagem – DER, para servir de passagem sobre o Rio Itapecuru, tem apresentado
ótimos resultados, possibilitando que caminhões, com cargas pesadas, geralmente
babaçu, sejam conduzidas pela balsa até às margens opostas do rio. As boiadas
continuavam atravessando a nado...
No dia 18 de
agosto de 1943, o interventor PAULO RAMOS, em comemoração ao sétimo aniversário
de sua administração, inaugura a rodovia ligando São Luís a Itapecuru Mirim,
obra realizada pelo Departamento de Estradas de Rodagem – DER, sob a direção do
engenheiro Emiliano Macieira. Bernardo Thiago de Matos era o então prefeito do
município de Itapecuru Mirim. A Estrada chegava até a margem esquerda do rio e
a travessia para a cidade continuava sendo realizada por balsa
O
município, agora, ligava-se a capital do estado pela Estrada de Ferro São Luis
– Teresina, mediante o uso de composições de transporte de passageiros e cargas
movidas por máquinas a vapor, conhecidas popularmente como “Maria Fumaça”; por
barcos e lanchas, utilizando o Rio Itapecuru; e, ainda, por automóveis e
caminhões, pela estrada de chão batido que, no período de inverno, tornava-se
praticamente intrafegável.
Passados cinco
anos da inauguração da estrada de rodagem, no dia 9 de agosto de 1948,
acontecia a solenidade de inauguração da ponte flutuante sobre o Rio Itapecuru,
obra realizada pela Associação Comercial de Itapecuru Mirim, com a colaboração
do Governo estadual. A cerimônia, presidida pelo governador Sebastião Archer da
Silva, teve a participação do presidente da Associação Comercial, José
Alexandre de Oliveira, do prefeito Miguel Fiquene e de empresários e
autoridades estaduais e municipais.
A ponte
flutuante era um primor da engenharia militar desenvolvida durante a segunda
Guerra Mundial. Tinha como suporte grandes batelões lacrados e unidos uns aos
outros formando um lastro por onde se estendia a estrutura de madeira ou
estrado. Esse estrado formava um tablado por onde os veículos de deslocavam
vagarosamente, mas com segurança. Não há registro de acidentes gravas durante o
período de operação do sistema.
Tive a
oportunidade de na companhia de meu pai assistir a passagem de caminhões
carregados sobre a ponte e de vê-la serpentear como uma enorme cobra sucuri até
soltar a sua presa do outro lado do rio. Um espetáculo que se completava com a
descida e subida dos caminhões pela Rampa Velha. Pena que só funcionava no
verão quando as águas do rio se estabilizavam.
A ponte compunha
um complexo de obras que envolvia a Rampa Velha, a Ponte Flutuante, um Ramal
Ferroviário que ligava a margem oposta à rampa até a Estação do Trem, operada
por um Bondinho puxado a Burro destinado ao transporte de passageiros e cargas
da estação até a margem do rio e vice versa.
Quando tinha
cinco anos, em companhia de minha mãe, tive a oportunidade de fazer esse
trajeto no bondinho puxado a burro e isso foi tão marcante que mantenho nítidas
em minha memória aquelas imagens tão longínquas.
A ponte flutuante
prestou relevante contribuição ao desenvolvimento econômico e social da região
e operou por oito longos anos, até o dia 30 de junho de 1956, quando foi
desativada em razão da nova ponte de concreto, inaugurada em 01 de julho de 1956.
A última notícia
sobre a Ponte Flutuante é datada de 3 de outubro de 1956 e dá conta de que o
prefeito Cinéas Santos pede autorização à Câmara Municipal para vender em hasta
pública a antiga ponte flutuante do Rio Itapecuru, desativada em face da
inauguração da nova ponte de concreto.
Não consegui
informações sobre quem adquiriu e para onde foi a bela Ponte Flutuante, mas com
certeza, foi serpentear em outras águas... E nós aqui reconhecendo os
relevantes serviços prestados agradecemos também pela beleza plástica que ela emprestava
a esse pedaço do Rio Itapecuru, conforme pode ser visto no registro fotográfico
mesmo empalidecido pelo tempo.
Neste mês de
agosto registro os aniversários de nascimento de personalidades que participam da Academia Itapecuruense de
Ciências, Letras e Artes – AICLA, na condição de Patronos, e que merecem todo o
nosso respeito e consideração em razão dos serviços prestados ao
desenvolvimento cultural do nosso município. Rendo, em nome da AICLA,
homenagens e agradecimentos a todos os seus familiares:
RAIMUNDO NONATO
BUZAR, nascido em Itapecuru Mirim em 26 de agosto de 1932, destacou-se como
músico, compositor e produtor musical, sendo um dos fundadores do movimento
musical conhecido como Pilantragem. Faleceu
no Rio de Janeiro em 2 de fevereiro de 2014;
BERTULINO
CAMPOS, folclorista popular, nascido em 24 de agosto de 1915. Faleceu em 23 de
abril de 2012.
JOAQUIM HENRIQUE
DE ARAÚJO, músico, arranjador e alferes
de Cavalaria, nascido em agosto de 1894. Faleceu em 29 de março de 1994.
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