Por: Benedito Buzar
Ao longo da vida republicana foi marcante a presença
de presidentes da República no Maranhão. Quase todos os que ocuparam o cargo
mais alto do país foram aqui recebidos como visitantes ilustres e para
inaugurar obras realizadas com recursos federais.
A maioria veio apenas uma vez; alguns mais de uma
vez; outros, porém, passaram ao largo como se o Maranhão não fizesse parte do
sistema federativo brasileiro.
No período da Velha República, que começa com a
Proclamação e estende-se à Revolução de 1930, apenas um presidente nos visitou:
Afonso Pena. Veio em função da amizade devotada ao senador Benedito Leite, que
o convenceu a viajar de vapor, pelo Rio Itapicuru, e ver a necessidade da
construção urgente da ferrovia São Luis-Teresina, tendo em vista que a
navegação fluvial não mais atendia aos interesses do setor produtivo maranhense
e das cidades que margeavam o rio. A viagem demorou quase uma semana, porque
Afonso Pena escalou em Rosário, Itapicuru-Mirim, Coroatá, Codó, Caxias e Timon,
cidades em que ele e a sua comitiva receberam homenagens das autoridades e do
povo ribeirinho.
Na fase histórica que vai do movimento de 1930 à
vigência do Estado Novo, sob o comando ditatorial de Getúlio Vargas, o Maranhão
ficou 15 anos sem ver o chefe de governo, que usava o interventor Paulo Ramos
para representá-lo em eventos e solenidades que exigiam a sua presença.
Depois que o Brasil se livrou da ditadura de Vargas
e passou por um processo de constitucionalização, recebemos festivamente o
presidente, general Eurico Gaspar Dutra, em março de 1948, que cumpriu uma
vasta programação de três dias, sendo alvo de homenagens de entidades privadas
e do governo Archer da Silva. A presença de Dutra em São Luis deveu-se a
amizade dedicada ao senador Vitorino Freire, este, com cadeira cativa no
Palácio do Catete.
Se na fase ditatorial, Getúlio Vargas não veio ao
Maranhão, no regime democrático, como sucessor de Dutra, aqui, também, não deu
as caras. Por viver a maior parte do seu governo às voltas com crises
políticas, que o levaram ao suicídio, em agosto de 1954, não encontrou tempo
para visitar os estados federativos.
A partir de Juscelino Kubitscheck, os presidentes
passam a dispor de maiores condições para visitar os estados. O processo de
desenvolvimento sócio-econômico deflagrado no país possibilita a melhoria dos
setores de comunicação e transporte, que, por sua vez, proporcionam mais
facilidades à realização de viagens por terra, mar e ar.
Quando estava no comando da nação, JK visitou o
Maranhão em janeiro de 1958, para inaugurar o Hospital Presidente Dutra e
proferir a aula inaugural na Faculdade de Medicina, que ainda fazia parte da
Universidade Católica.
O sucessor de Juscelino, Jânio Quadros, fica pouco
tempo no Palácio do Planalto. Antes de renunciar ao mandato, em agosto de 1961,
esteve em São Luis, onde, nos dias 27 e 28 de julho, participa de reuniões
produtivas com os governadores do Maranhão e do Piauí. Newton Bello, o
governador, apresenta-lhe o primeiro Plano de Governo do Maranhão, com a
previsão de obras e de recursos federais para executá-las.
De Jânio o poder foi para as mãos do vice, João
Goulart, que assume o governo após o regime presidencialista virar
parlamentarista. Tempos complicados e de crise não deram condições a Jango de
governar plenamente o país e nem sair de Brasília.
O Maranhão, na vigência do regime militar, torna-se
alvo de visitas dos presidentes que galgaram o poder por via indireta. Castelo
Branco, no governo de José Sarney, veio duas vezes. Em março de 1966, recebe o
titulo de Doutor Honoris Causa da Universidade do Maranhão. Meses depois, encontra-se
novamente com Sarney, em Caxias, onde inaugura obras realizadas pelo prefeito,
Aluízio Lobo.
Costa e Silva, antes de Sarney deixar o governo,
inaugura em Timon uma ponte férrea ligando o Maranhão ao Piauí. Costa e Silva,
que por motivo de grave enfermidade, não cumpre o mandato até fim, tem como
substituto o general Garrastazu Médici, que, em abril de 1970, inaugura com
Sarney, a Hidrelétrica de Boa Esperança. Convidado pelo governador Pedro Neiva,
Garrastazu vem a São Luis e inaugura o Museu Histórico, oportunidade em que,
para tristeza dos paraenses e alegria dos maranhenses, anuncia o Porto do
Itaqui para exportar os minérios da serra de Carajás. O general Ernesto
Geisel foi o único a não visitar o Maranhão por causa das desavenças políticas
entre Sarney e Vitorino. João Figueiredo viria presidir a inauguração da
Ponte Bandeira Tribuzi, mas o SNI cancela a viagem, por considerar a obra uma
homenagem ao poeta e não a revolução de 1964.
Com o fim do regime militar, a Aliança Democrática
elege, ainda por via indireta, Tancredo Neves, presidente, e José Sarney, vice.
Este, face à trágica morte de Tancredo, assume definitivamente o poder e faz a
transição da ditadura para a democracia. Sendo maranhense, Sarney, em diversas
oportunidades, visita a terra natal, onde participa de solenidades e eventos
oficiais, destacando-se o I Encontro de Chefes de Estado dos Países de Língua
Portuguesa, realizado em São Luis, e a instalação do Centro de Lançamento de
Foguetes, de Alcântara.
Após o mandato de Sarney, o Brasil volta a ser
presidido por candidatos eleitos em pleitos diretos: Fernando Collor de Melo,
Fernando Henrique Cardoso, Lula da Silva e Dilma Roussef. Antes de perder o
mandato, em dezembro de 1992, Fernando Collor, esteve na cidade de Açailândia,
sendo recebido pelo presidente do Poder Legislativo, deputado Antônio Carlos
Braid, pois o governador João Alberto ausentara do Estado para não
recepcioná-lo. Itamar Franco, que substituiu Collor na presidência da
República, não agendou visita ao Maranhão.
Fernando Henrique Cardoso, sucessor de Itamar
Franco, a convite da governadora Roseana Sarney, em 1997. Na capital, inaugura
as novas instalações do aeroporto do Tirirical; em Rosário, assiste ao
funcionamento de um empreendimento industrial, com a participação técnica e
financeira da China, que não produziu nada e fechou as portas.
Lula e Dilma, presidentes petistas, também, não
deixaram de passar algumas horas no Maranhão. Lula, em 2009, de avião, olha os
municípios que estavam debaixo d’água. Em 2010, participa na cidade de
Bacabeira de um fantasioso evento comemorativo de início das obras da Refinaria
Premium, projeto patrocinado pela Petrobrás. No tocante à Dilma, no
seu primeiro mandato, aqui apareceu ligeiramente e para inaugurar algo no Porto
do Itaqui. No segundo mandato, veio inaugura um terminal de grãos, entregar
unidades residenciais do programa “Minha Casa, Minha Vida”, e ouvir o
governador Flávio Dino hipotecar solidariedade ao seu governo, que vive uma
crise sem precedentes no país.
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