Por: Assenção Pessoa
O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, IBGE, tem uma estimativa de população para o município de
Itapecuru Mirim em 2015, de 66.433 habitantes (dados da Diretoria de Pesquisas
– DPE, e Coordenação de População e Indicadores Sociais - COPIS). Com esses
dados Itapecuru Mirim torna-se a cidade mais populosa e com o maior PIB
(Produto Interno Bruto) da Microrregião de Itapecuru Mirim e a 18º maior cidade
do Estado do Maranhão.
Mas, onde estão esses itapecuruenses? No meu
livro Itapecuru Mirim, sua gente, sua história, trata desse tema diretamente
ligado à qualidade de vida e modos de ver, sentir e agir desse povo
hospitaleiro e amigo. E aqui faço algumas ressalvas e registros.
A zona
urbana concentra-se a maior parte da população, distribuídas no centro, bairros
e periferias. Muitas pessoas saem da zona rural na expectativa de melhorar de
vida. É o que chamamos de Êxodo Rural. No entanto, o êxodo rural é prejudicial
à cidade a aos imigrantes rurais que nem sempre encontra trabalho digno, e acabam
morando em ambientes sem estrutura de moradia, em sua maioria são casas de
taipas ou alvenarias mal acabadas, sem conforto, com deficiência de rede
elétrica e água tratada, sem serviços de esgoto e até mesmo, sem escolas para
os filhos. Assim se formam as “invasões”
a terrenos aparentemente sem utilidade para seus respectivos donos.
Com isso a
cidade fica superpopulosa, aumentado, os lixões a céu aberto, com um sistema de
esgoto deficitário, o que causa indiscriminada proliferação de animais e insetos
promotores de doenças, como as verminoses, as protozooses, viroses e as
micoses. Para muitas famílias da periferia faltam fossa séptica adequada,
filtros de água, mosquiteiros para que impeça a picada de mosquitos
transmissores de doenças, faltam campanhas eficientes de combate a dengue,
virose causada pelo mosquito Aedes
aegypti (nomenclatura taxonômica para o mosquito que é popularmente
conhecido como mosquito-da-dengue ou pernilongo-rajado). Falta um ambiente
limpo e acolhedor. Isso se comprova quando se visita a Invasão do “Bairro da
Maconha”, do Lago Encantado e periferias.
Já na zona
rural, os costumes são bem diferentes da cidade, embora já haja algum
progresso. Geralmente os moradores vivem dentro de fazendas que não são de sua
propriedade, o que dificulta a vida no campo. Outras famílias já possuem seus
próprios sítios e assim, retiram deles o próprio sustento. O sistema produtivo
ainda é muito rudimentar, tendo na maioria apenas a roça de toco para sua
sobrevivência e subsistência. Essa realidade ainda é pior na maioria das
comunidades remanescente de quilombos e que não possuem nenhuma forma de
incentivo dos governos. Nesse contexto maioria das escolas dos povoados e
postos de saúdes são deficitários. As condições sanitárias dessas famílias são
extremamente carentes, na maioria das casas, apenas uma casinha ao fundo dos
quintais com um buraco ou a céu aberto, contaminando o solo. Contudo é muito
interessante a vida no campo, além de ser muito importante a luta do
trabalhador rural e das quebradeiras de coco, para subsistência de suas
famílias.
Faço aqui um
destaque às quebradeiras de coco babaçu que sofrem com o descaso das
autoridades locais com relação a seus projetos, uma vez que essa atividade
serve para contribuir na renda familiar e promover a independência e cidadania
dessas mulheres. A extração da amêndoa é
feita de maneira convencional, o machado ainda é a principal ferramenta. O
babaçu ainda é fonte de renda e dá origem ao azeite, que é ingrediente indispensável
na alimentação do lavrador. A renda com o babaçu não é boa, pois, o produto não
é valorizado. Mesmo assim, o dinheiro serve para que as mulheres ajudem os
maridos na alimentação da família. “As mulheres das palmeiras”, como são
chamadas as quebradeiras de coco têm no fruto do babaçu a garantia do sustento
de suas famílias.
A história do
coco da palmeira do babaçu é a história de toda a vida dessas mulheres do
sertão do Maranhão e de Itapecuru Mirim. Aqui a palmeira do babaçu é livre, mas
a terra não é das quebradeiras, embora elas possam entrar e sair quando
quiserem para juntar os cocos ou outros elementos da palmeira. Essas mulheres,
além do coco livre, conseguiram montar uma fábrica de sabonetes e uma padaria
através de uma Cooperativa. A fábrica de sabonetes ainda está longe de dar
lucro, mas faz parte do reconhecimento e crescimento profissional dessas
mulheres. Quebrando o coco, para vender a castanha, trabalhando com a massa do
mesocarpo, extraindo o óleo ou fabricando sabonetes essas mulheres lutam no
dia-a-dia para vencer as adversidades que a profissão lhes impõe.
Mas é
importante ressaltar que a zona rural é fundamental para o desenvolvimento
econômico e sustentável de uma cidade. O campo e a cidade dependem um do outro.
Dessa forma há que se pensar nas melhorias de condições de vida para a zona
rural, bem como, melhores condições de trabalho e sobrevivência. As estradas
vicinais devem ser prioridades para qualquer governante, além das condições de
moradia, saúde, educação e lazer.
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