terça-feira, 4 de abril de 2017

A FALACIOSA REVITALIZAÇÃO DO RIO ITAPECURU



Benedito Buzar

O rio Itapecuru, pela sua importância na vida econômica do Maranhão, foi louvado em verso e prosa por poetas, escritores, historiadores, governantes, viajantes e cronistas nacionais e estrangeiros.

Nos séculos XVII, XVIII e XIX, o Maranhão era um grande produtor e exportador de bens primários e importava artigos manufaturados. Pelas águas do rio Itapecuru, essa produção transitava e gerava-se o processo de trocas comerciais.

Antonio Bernardino Pereira do Lago, em sua Estatística Histórico-Geográfica da Província do Maranhão, asseverava que “O rio Itapicuru é o mais agradável e principal, por onde sobe e desce a maior riqueza da Província.”

Com o passar do tempo, o rio Itapecuru perdeu a importância econômica, degradou-se e vive esquecido. Só os políticos, de vez em quando, lembram-se dele, que o usam para fins eleitoreiros.

Nos últimos anos, não há assunto mais falacioso do que a tão alardeada revitalização da Bacia do rio Itapecuru.  Como itapecuruense que sou, acompanho com o mais desusado interesse as tratativas anunciadas para salvá-lo da situação deplorável em que se encontra.

Na minha modesta opinião, de todas as ações  para recuperar o rio que banha a minha terra, a de melhor resultado, sem sombra de dúvidas, foi a organizada pelo Instituto do Homem, com o apoio financeiro da Fundação Konrad Adenauer e participação  da Secretaria do Meio Ambiente e da Universidade Federal do Maranhão.

Com o nome de “S.O.S Itapecuru”, o evento ocorreu em dezembro de 1992, em  São Luis, prestigiado por técnicos, estudantes, professores , intelectuais, ecologistas e representantes de entidades da sociedade civil e organismos governamentais, que discutiram a situação da Bacia do Itapecuru e as medidas para a solução dos graves  problemas diagnosticados.

Mas tudo ficou apenas no papel e perdido na burocracia. Depois da iniciativa do Instituto do Homem, outras ações foram tomadas por políticos, mas consideradas infrutíferas e inconseqüentes.

Em junho de 2006, no governo de José Reinaldo Tavares, surgiu “O  Programa de Revitalização da Mata Ciliar do Rio Itapecuru”, que não passou de uma simples manifestação de vontade, por isso, não obteve nenhuma repercussão.

Em março de 2008, o governador Jackson Lago patrocinou “O Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio Itapecuru”, organizado pela Secretaria de Planejamento, Assessoria de Relações Internacionais, Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores,  para desenvolver ações destinadas a recuperar, conservar e preservar o meio ambiente da Bacia do Itapecuru , e minimizar os efeitos ambientais e promover o desenvolvimento sustentável. Com a saída de Jackson do governo, o Programa foi por águas abaixo.

Em 2009, a iniciativa de promover um projeto para “salvar as nossas águas’’, partiu do presidente da Assembleia Legislativa, deputado João Evangelista, através do projeto “Itapecuru das Águas Perenes”, para  “mobilizar e congregar a sociedade em torno da preservação do Rio Itapecuru e explorá-lo de forma sustentável, assegurando a sobrevivência das atuais e futuras gerações”.  A doença que atacou o presidente da Assembleia,  levou à morte ele e o seu projeto.
No governo Flávio Dino, em junho de 2016, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais, promoveu em Codó o I Fórum sobre a criação e fortalecimento dos Comitês da Bacia Hidrográfica do Itapecuru, que não passou do ato inaugural.

Depois de tantas iniciativas, com resultados pífios, o senador Roberto Rocha,  vem de lançar um programa de nome pomposo: Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Regional da Bacia do Rio Itapecuru. Pelo que se percebe, será mais um projeto com finalidade política e de cunho eleitoreiro.

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