Lisboa Serra
Morrer tão moço ainda!
quando apenas
Começava a pagar
á pátria amada
Um escasso
tributo, que devia
A seus doces
extremos!
Morrer tendo tido
peito tanta vida,
Tanta ideia na
mente, tanto sonho,
Tanto afã de
servi-la, caminhando,
Ao futuro com ela!
. . . .
Se do menos de
meus filhos eu pudesse,
Educados por
mim, legar-lhe o esforço.
Mas ah! que os
deixo, tenras florezinhas,
A' mercê dos
tufões.
Vencerão das
paixões o insano embale?
Sucumbiram na
luta do egoísmo?
As crenças, a
virtude, o sentimento
Quem lhes ha de
inspirar?
Não te peço, meu
Deus, mesquinhos gozos
Deste mundo ilusório;
mas suplico,
Tempo de
vida,—quanto baste apenas
Para educar meus
filhos.
E' curto o
prazo; dai-me embora o fel
Dos sofrimentos;
sorverei contente,
Lúcida a mente,
macerai-me as carnes,
Estortegai-me o
corpo.
E após tranquilo,
volverei ao seio
Da eternidade. A
fimbria do teu manto,
Face em terra,
beijando,—o meu destino
Ouvirei de teus
lábios.
1855.
Do livro Parnaso Maranhense (1861)
pag. 146. O poeta e economista, primeiro presidente do
Banco do Brasil, João Duarte de Lisboa Serra é patrono da cadeira número 4 de membros correspondentes da
Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA.
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