domingo, 16 de dezembro de 2018

BÊ-A-BÁ DA BALAIADA



      

Nico Bezerra

  Há muito, muito tempo,
  Aconteceu no Maranhão
  Uma triste história
  Que preocupou nossa Nação!

  O povo muito sofrido,
  Desprovido da Justiça,
  Já não temia o governo
  Nem respeitava a polícia.

  Uns cuidavam de gado,
  Outros plantavam algodão,
  Outros faziam balaios 
  Sob o julgo da servidão.

  Fazendeiros poderosos
  Só queriam enriquecer,
  Não viam que brancos pobres e negros
  Também queriam viver.

  O vaqueiro Raimundo Gomes
  Invadiu uma prisão,
  Libertando todos os presos,
  Inclusive seu irmão.

  Manoel dos Anjos, fazedor de balaios,
  Apoiou nosso vaqueiro,
  Convocou apoiadores
  Foi um fiel companheiro.

  O Vaqueiro e o Tecelão
  Lideraram o acontecido!
  Muitos foram se juntando
  E reforçavam os foragidos.

  O fazedor de balaios
  Era um bom camarada!
  O grupo logo cresceu!
  Daí o nome: Balaiada!

  O movimento ficou forte
  E assustou a região,
  Escravizados e oprimidos
  Juntos, na mesma missão.

  Tiveram força e simpatia
  Até dos cultos “Bem-te-vis”:
  Um grupo lá da cidade!
  Sorte assim, eu nunca vi!

  Caxias, vila importante
  Foi invadida e dominada.
  São Luís entrou na mira!
  Força grande, a Balaiada!

  Apareceu Cosme Bento,
  Um líder negro alforriado,
  Deu mais força ao movimento:
  Deixou o Governo assustado!

  Um homem forte do Exército,
  Esperança da Nação,
  Luiz Alves, o Marechal,
  Foi enviado ao Maranhão.

  Em Itapecuru ele se instala
  E planeja a estratégica batalha.
  Caxias, a vila, é retomada,
  Enfraquecida foi a Balaiada!

  Mortos, foram muitos!
  Muitos outros se entregaram!
  Cosme Bento, o forte líder
  Foi então capturado.

  O bravo guerreiro negro
  À Itapecuru foi conduzido,
  A esperar pela sentença,
  Ali, na forca, foi erguido!

  Mas nem a força, nem a forca
  Pode um sonho exterminar!
  A Igualdade, nosso anseio,
  Nos instiga a lutar!

  Negro sim! Por si só, intitulou-se:
  DOM COSME, o dom da Liberdade!
  Seu sonho, ainda é nosso:
  Lutemos por Igualdade!

Do livro Do livro Púcaro Literário II – Itapecuru Mirim, 200 anos (2018) pag. 77. Organizado por Jucey Santana e João Carlos Pimentel Cantanhede.





Nicodemos Bezerra,  Itapecuruense, professor, poeta, e ativista cultural, Membro da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes, da Sociedade de Cultura Latina do Brasil  SCLB e da Federação das Academias de Letras do Maranhão – FALMA.  



Nenhum comentário:

Postar um comentário