domingo, 16 de dezembro de 2018

O PADRE NA ACADEMIA DE LETRAS




 Gomes Meireles

             Joaquim de Jesus Dourado, Ribamar Carvalho, João Miguel Mohana e tantos outros formam um contingente que marcou a história da Igreja Católica no Maranhão e a própria história das Academias de Letras, tanto maranhense quanto de outros Estados. Destacaremos no momento, o célebre Pe. Dr. Antonio William Fontoura Chaves, um tempo presbítero, jurista, poeta, músico, escritor, tribuno, professor de latim e português. Autor de “Cantos e encantos”, “(Re)cantos do sabiá” e “Nas dobras do tempo”.

           Exímio intelectual maranhense que há dois anos, tomou posse na Academia Carioca de Letras. O fato aconteceu no dia 11 de dezembro de 2001, na Assembléia Legislativa daquele Estado. Fontoura Chaves, assumiu a cadeira nº 11, patronímica do poeta Francisco Otaviano, na vaga da poetisa Nísia Nóbrega.

             Na verdade, o primeiro titular dessa Cadeira, foi o poeta e desembargador Alfredo Cumplido de Sant’Anna. Como propagou Tobias Pinheiro, no dia da posse do ilustre acadêmico: “aprendemos sob o mesmo teto, que a Consciência tem sido a voz de Deus no coração do homem”. E ainda, hoje “há mais academias da terra, do que astros no firmamento”. A ênfase desta verdade, talvez seja para que nós possamos meditar que, as academias devem servir para multiplicar as letras, os homens, as verdades.

             Padre Fontoura Chaves, filho do Sr. Joaquim e da Srª. Carmem, nasceu em Axixá, cidade localizada à margem direita do rio Munim, aos 12 de julho de 1927. Concluiu o curso primário no Colégio Joaquim Santos, em Rosário. O padre Joaquim de Jesus Dourado, da Academia Maranhense de Letras, exerceu influência insigne em sua vida literária. O referido acadêmico herdou também um patrimônio do arquétipo universal da literatura, advinda quem sabe? Do seu tio-avô, que viveu no século XIX, o poeta e jornalista Adelino da Fontoura Chaves, nascido em 1855, na mesma cidade de Axixá, patrono da cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Letras e da Cátedra nº 38 como academicista maranhense.

             Na década de quarenta, pe. Chaves, concluiu o curso de Humanidade e Filosofia em São Luís, no Seminário Santo Antônio. Logo após, transferiu-se para São Paulo, onde cursou Teologia no Pontifício Seminário Central do Ipiranga. Quando ainda seminarista, triunfou num concurso de poesia na grande São Paulo.

             O cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota em 1951, conferiu-lhe a ordem do Diaconato temporário e, um ano após, o ordenou presbítero. Em São Luís, desenvolveu muitos trabalhos: capelão do colégio Santa Teresa, pároco da Igreja do Rosário, dirigiu um programa na rádio Ribamar e Vigário-Cooperador de Pedreiras (Paróquia administrada por mons. Gerson Nunes Freire, irmão do ex-governador do Maranhão, Osvaldo da Costa Nunes Freire).

             O arcebispo metropolitano designou o padre Chaves para São Paulo, em vista da realização em regime interno um curso de Organização de Comunidade, na Escola Técnica de Agricultura, em Pirassununga, em convênio entre o Ministério da Educação e a Arquidiocese de São Luís do Maranhão, sob a chancela da Presidência da República. As cidades contempladas foram os municípios de Pedreiras e Coroatá, para a aplicação das novas técnicas aos homens do campo.

             Em 1961, o atual metropolita nomeia pe. Fontoura Chaves para a paróquia de Monte Castelo, que, contemporaneamente, lecionou no Seminário Menor, português, literatura brasileira e portuguesa. No Seminário Maior: Literatura estrangeira (no curso de Filosofia). Sobrando-lhe tempo assumiu a paróquia da Matriz de São Vicente de Paulo, assumindo a responsabilidade de construção de duas novas sedes paroquiais: Nossa Senhora de Fátima e São Vicente de Paulo. Contudo, o grande sonho do prof. Chaves era estudar Direito. E assim aconteceu, sem que ninguém percebesse, tomou a resolução de viajar para o Rio de Janeiro, onde ensinou no Colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho, ao lado de antigos mestres da literatura e do direito.

             Com um êxito extraordinário, pe. Fontoura Chaves ingressou na Faculdade de Direito do Estado da Guanabara, concluiu o curso e, 1966 e destacou-se como orador da turma. O mestre Roberto Lyra foi um dos seus grandes inspiradores, após o bacharelado, doutorou-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Analogicamente ao Padre Antonio Vieira, sua projeção nos sermões teve destaque na oratória forense.

             No trigésimo aniversário da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Seção Regional da OAB, o advogado conquistou o primeiro lugar, com destaque para sua tese sobre a reforma agrária, quando ainda entre nós este assunto era tratado de forma sonhadora.

            Padre Fontoura Chaves é o terceiro maranhense a entrar para a Academia Carioca de Letras.Na verdade, era conhecido como Padre Fontoura Chaves foi jurista,  poeta,  músicoescritor e professor brasileiro. Pe. Fontoura Chaves trabalhou na próspera banca de advocacia, com tempo reservado para Literatura e Música, interpretando compositores com seu saxofone, instrumento de longas datas. O literário Tobias Pinheiro, no dia da posse do nosso academicista, parafraseando Confúcio, declara: o sábio não se aflige por não ser conhecido dos homens; ele se aflige por não conhecê-los.

         Do livro Do livro Púcaro Literário II – Itapecuru Mirim, 200 anos (2018) pag. 191. Organizado por Jucey Santana e João Carlos Pimentel Cantanhede.





Raimundo Gomes Meireles  clérigo,  itapecuruense, professor, graduado em filosofia pela Ufma e em Direito pelo CEUMA. Mestre e doutor em Direito Canônico e  Pós-graduado em Direito Internacional,  Chanceler da Cúria Metropolitana, membro da membro  Academia Itapecuruense de Ciências Letras e Artes, da Academia Ludovicense Maranhense, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e capelão da Polícia Militar do Maranhão.

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