domingo, 24 de fevereiro de 2019

JOAQUIM DOURADO


  Padre,  militar  e escritor





Jucey Santana

            Joaquim de Jesus Dourado  nasceu em Beberibe (CE), em 25 de   fevereiro de 1905. Filho de Manoel Martins Dourado e Ana Martins Dourado. 

         Joaquim Dourado, popularmente conhecido como padre Douradinho, para estabelecer diferença entre ele e padre Joaquim Martins Dourado, seu tio e tutor. 

            Em 1915, Douradinho foi morar em São Luís, ingressando no Seminário Santo Antônio aos 11 anos.  Cursou o Seminário Maior e os cursos de Filosofia e Teologia, tendo recebido o sacramento da Ordem em 1927. Foi coadjutor da igreja da Sé e vigário cooperador da cidade de Caxias. A seguir  foi vigário de Codó, Vargem Grande e Itapecuru Mirim. Em 1944 partiu para a Itália  integrando-se voluntariamente na Força Expedicionária Brasileira – FEB, como capelão militar nos  campos de batalha, da 2ª Guerra Mundial. 

            De volta ao Brasil, em 1945 passou a residir em Fortaleza. Em 1946 recebeu a patente de capitão, concedida pelo general Eurico Gaspar Dutra, então presidente da República.  Desenvolveu muitas atividades, cargos e missões como oficial do Exército. Recebeu  o título eclesiástico de Monsenhor.
 
             Padre Douradinho em Itapecuru Mirim

A gestão do padre Douradinho na paróquia  de Itapecuru Mirim foi concomitante à administração de Bernardo Thiago de Matos, que arquitetou o maior projeto de urbanização da cidade. 

Ao chegar a Itapecuru Mirim em 1942, em substituição ao padre Alfredo Bacelar, que havia organizado uma grande campanha comunitária para construção da igreja matriz, deixando inconclusa a parte frontal do templo, sem porta e sem torre.  Entre os anos 1942 e 1944, o padre Douradinho  contratou a construtora  Nunes&Bayma, para o serviço. Coube ainda ao padre Dourado a aquisição da atual Casa Paroquial, depois do falecimento, em 1942, do seu antigo proprietário o Major Bandeira, (Boaventura Catão Bandeira de Mello Júnior).

 Foi durante a sua estada em Itapecuru Mirim que recebeu das mãos do general Hastímphilo de Moura, ex-governador de São Paulo, a doação  das terras de Guanaré, para a paróquia, herança da família Moura.  

Projeção Literária

Monsenhor Douradinho, conhecido como padre muito “sabido”, foi romancista, cronista, pesquisador e jornalista. 
 
Como literato assinava J J Dourado. Ele fundou  em Caxias o periódico Flâmula e em Codó, O Cruzeiro com padre Gilberto

 Foi eleito membro fundador da cadeira 34 da  Academia Maranhense de Letras,  sob o patronato de Coelho Neto, tomando posse em 17 de janeiro de 1948.  

Escreveu muitas obras, com testemunhos dos horrores da guerra, romances, crônicas educativas e romances históricos:


Atravessando Fronteiras, 1938;
− Pássaros Cativos, 1938;
− Sumaúma, 1939;
− Caminhos, 1940;
− Outros Céus, 1942;
− Estou Ferido, 1945;
− E... a guerra acabou, 1948;
− Bom Soldado, (crônicas educativas), 1949;
− Homens que lutaram, 1950;
− Siga este Caminho, (pseudônimo de Bernardo Dorê) 1954;
− Muiraquitã, 1955;
− Contos de Vigário; 1957;
− Mestre Praça;
− Alvorada;
− Oriente Médio;
− Cafundó; 1961;
− Histórias Divertidas;
− Muçambê; 1965;
− Uma História por dia; 1968;
− Terra dos Balaios, 1969;
− Mutirão – Bom Humor, 1970;
− Terra Esquecida; 1971.



Ainda deixou dois romances inéditos: Paisagem Humana e Terra Esquecida.  

 Foi um entusiasta pela vida,  pela educação e pela paz.  Faleceu em 1974 em um acidente automobilístico na estrada de Beberibe, no Ceará.

            Vale registrar que Joaquim Martins Dourado tutor de padre Douradinho foi pároco várias vezes das cidades de Itapecuru Mirim e Rosário. Politizado e carismático figurou como uma das vítimas fatais da greve de 1951, em frente ao Palácio dos Leões, falecendo em 20 de setembro de 1951.
               

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