Quatro anos sem o
compositor itapecuruense
Raimundo Nonato Buzar nasceu em 26 de agosto de 1932 em Itapicuru
Mirim. Foi compositor, poeta, cantor e
produtor musical. Filho do libanês Chafi
Buzar, que chegou a Itapecuru no final do século XIX e da codoense Raimunda
Saad. Os seus primeiros estudos
foram em Itapecuru Mirim, porém desde sua infância já demonstrava vocação para
a arte musical, que se tornou a grande paixão de sua vida. O instrumento da sua
predileção foi o violão, que aprendeu
manejá-lo com o conterrâneo o
Djalma Bandeira de Melo, passando então a dominar as técnicas do instrumento ainda muito
pequeno.
Na
adolescência era requisitado para participar de serenatas e rodas musicais com
os amigos Ribamar Fiquene, José Bento Neves, José Fonseca, Nonato Araújo,
Betinho Costa que varavam as noites
produzindo belas canções.
. Foi
enviado para São Luis como interno na
antiga Escola Técnica Federal do Maranhão, onde ficava mais tempo dedilhando o
violão do que propriamente estudando.
No começo dos anos
1950, Nonato Buzar toma uma decisão corajosa:
viajou para o Rio de Janeiro para estudar engenharia e dar continuidade aos
estudos. Chegou a ser aprovado no vestibular mas desistiu do curso e
dedicou-se totalmente a música.
Procurou aproximar-se dos músicos cariocas que trabalhavam
na noite, recebendo convite para tocar em boates e barzinhos.
Tornou-se conhecido, porque também compunha e cantava, embora sua voz não
tivesse grande extensão vocal.
Suas produções musicais chegaram ao conhecimento de Carlos
Imperial, um dos reis da noite carioca e com ele fez parceria e criou o
movimento conhecido por “Pilantragem”, que durante algum tempo dominou o
cenário musical do País.
Na época o cantor Wilson Simonal, gravou duas
músicas de Nonato Buzar, Vesti Azul e Carango
que ficaram vários meses nas
paradas de sucesso.
A Pilantragem era
o passaporte que Buzar precisava para se projetar nacionalmente e ingressar no
mundo da discografia e da produção musical. Gravadoras conceituadas, como a RCA
Victor e a Polygram, o contrataram para a edição de discos de cantores
renomados e que faziam enorme sucesso nas emissoras de rádio e televisão.
Sua projeção foi de tal
modo retumbante que entrou na mira da TV Globo, a qual o contratou para ser
diretor musical de telenovelas. Ficou muito famoso compondo trilhas sonoras de
novelas da TV Globo.
São de sua autoria, por
exemplo, as canções-temas das novelas:
Verão Vermelho (1969), Irmãos Coragem (1970, com Paulinho
Tapajós e Roberto Menescal), O Homem que
Deve Morrer (1971) e Assim
na Terra como no Céu que alcançaram grande
sucesso.
No auge do sucesso e da popularidade, gravou vários elepês,
cantando suas próprias criações
musicais. Nessa época, deu um grande salto em sua carreira de compositor e
cantor: trocou o Brasil pela Europa, fixando-se em Paris com o propósito de divulgar a música
popular brasileira, da qual era um de seus expoentes.
Ao retornar do exterior, o cenário musical brasileiro era
outro. Pagou um preço alto por ficar fora muito tempo do País, onde o sucesso é
efêmero e vive em função das empresas gravadoras e midiáticas. As portas já não
se abriram mais como outrora. Continua
compor e fazer shows pelo Brasil afora.
Ao longo de sua vida artística, fez parcerias com dezenas
grandes nomes da música popular
brasileira, dentre os quais, João Nogueira, Rosinha de Valença e Sílvio César. Trabalhou também nas trilhas sonoras de Chico City, no filme Aventuras de um Detetive Português, de Stefan Wolff e Raul Solnado.
Muitos artistas famosos gravaram
suas composições, como Elis Regina, Maysa, Elizeth Cardoso, João Nogueira, Nana
Caymmi e Milton Nascimento, Alcione Nazaré, Jair Rodrigues, além de
estrangeiros como Jimmy Cliff, Fanya All Stars e Santana. O seu maior sucesso,
"Vesti Azul".
O Maranhão não era esquecido em suas
composições, criou canções com o títulos
de Olho d’Àgua, Desobriga, Sinhazinha e uma homenagem à governadora Roseana Sarney.
De sua terra natal, nunca olvidou. Todas as vezes que vinha
a São Luís para compromissos artísticos, visitava os conterrâneos para lembrar
a infância ali vivida.
Em 1997 a Câmara Municipal de Itapecuru
Mirim prestou justa homenagem de “Mérito Musical” ao seu filho ilustre por iniciativa do vereador Evaldo Almeida.
Em 2010 esteve em Itapecuru Mirim,
realizando show em benefício às vitimas da enchente de 2009 do rio Itapecuru.
Nonato Buzar
faleceu no dia 2 de fevereiro de 2014,
aos 81 anos, no Rio de Janeiro.
Os seu corpo foi trasladado para o torrão
natal, atendendo ao desejo manifestado pelo cantor, ainda em vida, onde
recebeu as ultimas homenagens. Deixou um livro de crônicas, inédito,
"Planeta Neus", dois filhos
(Maria Morena e Francisco Eduardo) e o
neto Artur.
É patrono da
cadeira nº 37 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes,
representada pelo jornalista Gonçalo Amador.
Do livro Itapecuruenses Notáveis (2016), pag.
287, de autoria de Jucey Santana.
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