sábado, 2 de fevereiro de 2019

RAIMUNDO NONATO BUZAR



      

Quatro anos sem o compositor itapecuruense

 Raimundo Nonato Buzar nasceu em 26 de agosto de 1932 em Itapicuru Mirim.  Foi compositor, poeta, cantor e produtor musical. Filho do  libanês Chafi Buzar, que chegou a Itapecuru no final do século XIX e da codoense Raimunda Saad.        Os seus primeiros estudos foram em Itapecuru Mirim, porém desde sua infância já demonstrava vocação para a arte musical, que se tornou a grande paixão de sua vida. O instrumento da sua predileção foi o violão, que aprendeu  manejá-lo com o conterrâneo o  Djalma Bandeira de Melo, passando então a dominar  as técnicas do instrumento ainda muito pequeno.

Na adolescência era requisitado para participar de serenatas e rodas musicais com os amigos Ribamar Fiquene, José Bento Neves, José Fonseca, Nonato Araújo, Betinho Costa  que varavam as noites produzindo belas canções.

 .          Foi enviado  para São Luis como interno na antiga Escola Técnica Federal do Maranhão, onde ficava mais tempo dedilhando o violão do que propriamente estudando.

No começo dos anos 1950,  Nonato Buzar toma uma decisão corajosa: viajou para o Rio de Janeiro para estudar engenharia e dar continuidade aos estudos. Chegou a ser aprovado no vestibular mas desistiu do curso e dedicou-se  totalmente a música.

Procurou aproximar-se dos músicos cariocas que trabalhavam na noite,  recebendo  convite para tocar em boates e barzinhos. Tornou-se conhecido, porque também compunha e cantava, embora sua voz não tivesse grande extensão vocal.

Suas produções musicais chegaram ao conhecimento de Carlos Imperial, um dos reis da noite carioca e com ele fez parceria e criou o movimento conhecido por “Pilantragem”, que durante algum tempo dominou o cenário musical do País. 

             Na época o cantor Wilson Simonal, gravou duas músicas de Nonato Buzar, Vesti Azul e Carango  que ficaram vários  meses nas paradas de sucesso.

A Pilantragem era o passaporte que Buzar precisava para se projetar nacionalmente e ingressar no mundo da discografia e da produção musical. Gravadoras conceituadas, como a RCA Victor e a Polygram, o contrataram para a edição de discos de cantores renomados e que faziam enorme sucesso nas emissoras de rádio e televisão.
 
Sua projeção foi de tal modo retumbante que entrou na mira da TV Globo, a qual o contratou para ser diretor musical de telenovelas. Ficou muito famoso compondo trilhas sonoras de novelas da TV Globo. 

São de sua autoria, por exemplo, as canções-temas das novelas: Verão Vermelho (1969),   Irmãos Coragem (1970, com Paulinho Tapajós e Roberto Menescal), O Homem que Deve Morrer (1971)  e Assim na Terra  como no Céu que alcançaram grande sucesso.

No auge do sucesso e da popularidade, gravou vários elepês, cantando  suas próprias criações musicais. Nessa época, deu um grande salto em sua carreira de compositor e cantor: trocou o Brasil pela Europa, fixando-se em  Paris com o propósito de divulgar a música popular brasileira, da qual era um de seus expoentes.

Ao retornar do exterior, o cenário musical brasileiro era outro. Pagou um preço alto por ficar fora muito tempo do País, onde o sucesso é efêmero e vive em função das empresas gravadoras e midiáticas. As portas já não se abriram mais  como outrora. Continua compor  e fazer shows pelo Brasil afora.

Ao longo de sua vida artística, fez parcerias com dezenas grandes nomes  da música popular brasileira, dentre os quais, João Nogueira, Rosinha de Valença e Sílvio César. Trabalhou também nas trilhas sonoras de Chico City, no filme Aventuras de um Detetive Português, de Stefan Wolff e Raul Solnado.

            Muitos artistas famosos gravaram suas composições, como Elis Regina, Maysa, Elizeth Cardoso, João Nogueira, Nana Caymmi e Milton Nascimento, Alcione Nazaré, Jair Rodrigues, além de estrangeiros como Jimmy Cliff, Fanya All Stars e Santana. O seu maior sucesso, "Vesti Azul".

O Maranhão não era esquecido em suas composições,  criou canções com o títulos de Olho d’Àgua, Desobriga, Sinhazinha e uma homenagem à governadora Roseana Sarney.

De sua terra natal, nunca olvidou. Todas as vezes que vinha a São Luís para compromissos artísticos, visitava os conterrâneos para lembrar a infância ali vivida.

Em 1997 a Câmara Municipal de Itapecuru Mirim prestou justa homenagem de “Mérito Musical” ao seu filho ilustre  por iniciativa do vereador Evaldo Almeida. 

            Em 2010 esteve em Itapecuru Mirim, realizando show em benefício às vitimas da enchente de 2009 do rio Itapecuru.

Nonato Buzar faleceu no dia 2 de fevereiro de 2014,  aos 81 anos,  no Rio de Janeiro. Os seu corpo foi trasladado para o torrão  natal, atendendo ao desejo manifestado pelo cantor, ainda em vida, onde recebeu as ultimas homenagens. Deixou um livro de crônicas, inédito, "Planeta Neus",   dois filhos (Maria Morena e Francisco Eduardo) e o  neto  Artur. 

É patrono da cadeira nº 37 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes, representada pelo jornalista Gonçalo Amador.

Do livro Itapecuruenses Notáveis (2016), pag. 287, de autoria de Jucey Santana.

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