sábado, 22 de agosto de 2020

VARGEM GRANDE – MA, 1936

   *Clécio  Nunes

O difícil caminho até Mulundus

        Brasil, Maranhão anos de 1930, romeiros de muitas partes do país e do estado se organizavam para no mês de agosto pagarem suas promessas feitas ao milagroso São Raimundo Nonato dos Mulundus e agradecerem as bençãos recebidas. O desejo de cumprir com os votos assumidos eram enormes, no entanto as dificuldades impostas pelas precárias condições de transporte existentes na época impunham aos romeiros jornadas, muitas das vezes exaustivas e cheias de desafios. Para chegar a Mulundus, distante da cidade de Vargem Grande 32 km, usavam principalmente animais de montaria e carroças, muitos outros vinham à pés em caravanas enfrentado o sol e o calor do verão nordestino e a poeira dos caminhos e estradas que levavam ao santuário.

         Com a inauguração da ponte férrea sobre o Estreito dos Mosquitos no final dos anos de 1920, que permitiu a regularidade do transporte de cargas e passageiros entre as capitais do maranhão (São Luís) e do Piauí (Teresina), e com as cidades e vilas por onde a estrada de ferro passava. Assim, as distâncias para chegar a Mulundus se encurtaram, visto que o trem de passageiros passava pelas cidades de Itapecuru, Coroatá, Cantanhede e Pirapemas, com uma parada na localidade Maracajá (município de Coroatá) para abastecer com água as caldeiras do trem que era movido a lenha. Justamente nessa parada muitos romeiros desciam para seguir viagem a Mulundus.

         Eis que no ano de 1936, o senhor Rachid Salim Trabulsi fazia anunciar nos jornais da capital uma novidade, uma linha de transporte para os romeiros partindo da localidade Maracajá. A novidade garantia mais rapidez e tranquilidade para se chegar ao Santuário. Segue anúncio publicado na edição do dia 4 de agosto de 1936 do Jornal O COMBATE.

          Brasil, Maranhão, ano de 2020, romeiros de diferentes regiões do país e até de outros países lamentam a não realização do festejo como de costume. Sem Romaria à Paulica, nem barracas, nem leilões, sem missa campal. Lamentam de forma mais intensa não rever amigos e parentes. Outros tantos lamentarão a ausência do comércio a céu aberto nas ruas, avenidas e praças da cidade, as festas e os encontros nos bares. 

           Roguemos, pois, ao Glorioso São Raimundo Nonato dos Mulundus para que nos livre dos efeitos mais danosos dessa pandemia, que conforte o coração dos nossos irmãos que perderam seus entes queridos, roguemos ainda, para que o nosso normal seja devolvido tão logo.

            São Raimundo Nonato dos Mulundus, rogai por nós!

 

Acervo público digital da Biblioteca Nacional. http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/


 

 

 *Clécio Coelho Nunes

Pesquisador e Professor Licenciado em geografia pela UEMA, membro fundador e Vice-presidente da Academia Vargem-Grandense de Letras e Artes, fundada em 14 de julho de 2019

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