quarta-feira, 27 de abril de 2016

A FESTA DE FILOMENO



Por: Tiago Oliveira

Filho de Areias Filomeno Martins nasceu em 1926, sendo filho de Duzindia Cerqueira Martins (descendente dos Cerqueira da Fazenda São Luís) e de Martins Vieira Martins (oriundo dos Martins da Beira do Campo de Santa Rita). Seu Filomeno como é mais conhecido é casado com a já falecida Filomena Alves Pereira, deste matrimônio nasceram vários filhos, o primeiro desta prole Simplício Martins de 64 anos e sua genitora são os abençoados pela promessa feita a São Sebastião, que viria a se transformar no Festejo de Areias.
Seu Filomeno conta que durante os primeiros dias de vida do seu primogênito o casal se encontrava cuidando de uma roça nas proximidades do Povoado Peroaba (este povoado ficava às margens da Ferrovia São Luís – Teresina próximo ao km 90, contudo atualmente só há ruínas), como era comum naqueles tempos às famílias passavam dias residindo nos Tijupás (barraco construído nas roças); quando chegou o dia de São Sebastião, todos os vizinhos das roças próximas vieram para Areias, no intuito de prestar culto ao Padroeiro da Povoação, contundo Dona Filomena não estava se sentindo bem, fato que impossibilitou a ida da família.
Ao anoitecer, a mesma só piorava, até o momento que só conseguia proferir pequenos gemidos e não reconhecia mais o filho e o seu cônjuge. Por voltas das 22h Filomeno ajoelhou-se e pediu a São Sebastião, que caso a sua companheira sobrevivesse iria realizar uma missa em sua homenagem. Quando já passava da meia noite, Dona Filomena acordou e disse – Filomeno, cadê meu filho? Traga-o aqui para eu amamentá-lo. Com a melhora da companheira o casal decidiu que no dia seguinte retornariam para Areias, para acompanhar o resto das novenas do Padroeiro.
Meses depois Filomeno foi até Rosário a procura do Padre Dourado, para tratar do pagamento da promessa feita na Roça. Durante a conversa com o Pároco, este último disse que a única exigência é que fosse construída uma Latada (espécie de cobertura/varanda de Palha de Coco-babaçu) para proteger os fiéis das intempéries do tempo. A data acertada foi para o segundo sábado de setembro.
Como a missa atraiu muitos moradores da região, Padre Dourado (o Padre vinha de trem até Caremas de onde partia para Areias no lombo de animais de carga) recomendou que fosse realizada no próximo ano e assim o evento foi crescendo e se repetindo até os dias atuais sempre na mesma data e no mesmo local. Nos primórdios a festa dançante ficava por conta de grupos musicais de sopro, provenientes de Rosário, seu Filomeno diz que o tempo apagou da memória o nome desses grupos, mas recorda que a primeira Radiola só tocou em sua festa, quase vinte anos depois do início do evento e que a primeira era da cidade Bacabal, porém não recorda mais o nome da mesma.


Monsenhor Joaquim Martins Dourado — Nasceu aos 12 de Agosto de 1878 em Beberibe, Ceará. Filho do lavrador José Martins Dourado e de Maria de Jesus Rodrigues Dourado. Aos 19 anos entrou   para o Seminário de Fortaleza, onde estudou durante quatro anos, e transferiu-se para o Seminário de São Luís do Maranhão, onde foi ordenado aos 8 de Dezembro de 1906. Em 1907, foi nomeado vigário da Paróquia de Rosário. Por diversas vezes, respondeu também pelas paróquias de Itapecuru Mirim, Vargem Grande e Anajatuba.  Faleceu aos 20 de setembro de 1951.

 Texto de João Carlos Pimentel

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