Jucey
Santana, presidente da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes,
aproveitou a presença da confreira conterrânea, Benedita Azevedo para
entrevista-la.
Benedita
Azevedo é maranhense de Itapecuru Mirim,
escritora, poeta, professora e autora de 24 livros individuais e dois em parceria com amigos; organizou 23
antologias, inclusive a 1ª antologia da AICLA, tem participação com textos em
115 revistas e antologias; tem ainda, trabalhos publicados em jornais e sites.
Publicou
seu primeiro livro em 1985. Com a vida profissional muito intensa, somente a partir do ano 2000 pode dedicar-se
à vida literária como sempre sonhou. Naquele ano, publicou seu livro “Voltando
a Viver no Rio” e nunca mais parou de escrever. Até agora publicou
26, sendo o último “O Segredo” que está no prelo e será lançado em 2016.
Jucey
Santana:
Em nome da AICLA, nossa academia, da
qual você é Membro Efetivo Fundador, dou-lhe as boas vindas à nossa querida
Itapecuru. Qual o objetivo de sua
presença em nossa querida terra, este ano?
Benedita
Azevedo:
Eu havia planejado vir em julho, para resolver alguns negócios com minhas irmãs
e participar de atividades da AICLA. Entretanto, recebi o convite para a festa
do centenário da minha primeira professora, Anozilda Santos Fonseca,
(Santinha), que também é sogra de duas das minhas irmãs, a festa seria dia 07/06/2016, então, antecipei a
viagem.
Jucey
Santana: Dona
Santinha é mestra e exemplo para todos nós. Além disso, você tem outros objetivos para esses dias que passará entre nós?
Benedita Azevedo: Com dois livros
novos para lançar, minha nora, a professora
Elaine Azevedo, sugeriu que os laçasse na FLAEMA – “Feira do Autor e Editor
maranhense”. De posse do link, fiz a inscrição.
Farei a palestra “O haicai brasileiro”, dia 25/05 às 20h:20m, quando
serei homenageada pelos organizadores e
logo a seguir será o lançamento do meu 9º
livro de haicai “HAIKAI DOOJIN” que significa “amiga do haicai”.
Jucey Santana: Marcamos oficinas com os alunos da professora Samira,
no Curso de Letras, e encontros com os acadêmicos da Faculdade UVA, o que você
achou desta atividade?
Benedita Azevedo: Foi muito
gratificante: primeiro, constatar que
nossos conterrâneos não precisam se afastar de Itapecuru para realizarem o
sonho de frequentar uma faculdade, fazer a graduação em algumas áreas. Segundo, esta é uma das minhas atividades que
mais gosto: incentivar os alunos e novos
escritores a ler e produzir seus próprios textos.
Jucey
Santana: Quais suas
pretensões para os próximos anos, em relação à produção literária?
Benedita Azevedo: Bem, agora que
fiquei sabendo que o Projeto aprovado para publicação de autores da AICLA não
deu certo, pretendo publicar meu livro “O Segredo” que fazia parte desta
programação, em 2016. Esta obra completa um ciclo de narrativas sobre a vida da
personagem Lúcia. É ambientada em
Itapecuru Mirim, São Luís e Santa Catarina. Além disso, estou organizando uma
biografia do meu patrono na AICLA, Zuzu Nahuz, que deverá ficar pronta para
2017.
Jucey Santana: Nossos agradecimentos à confreira, Benedita
Silva de Azevedo pela contribuição às
letras Itapecuruenses e colocamos esta
página a sua disposição para suas despedidas.
Benedita
Azevedo.
Aproveito esta oportunidade para agradecer a
Jucey e Willian, pelo saboroso churrasco, no domingo, dia 15/08 e os
papos noite a dentro em duas ocasiões, em sua residência.
Agradecer
ao Beto Diniz que, gentilmente, conduziu-me em seu carro para visitar alguns
locais da minha infância, também, ao
Inaldo Lisboa, que nos acompanhou em alguns eventos em Itapecuru e São Luís.
Não
posso deixar de ressaltar a rápida evolução de Jucey Santana no ramo das letras
e parabenizá-la pelo lançamento de mais
um livro que servirá de referência para escritores e estudiosos: “Itapecuruenses Notáveis”, uma obra para
ficar na história.
Deixo
aqui alguns haicais Itapecuruenses:
Rio
Itapecuru...
O
rio da minha infância
e
da vida inteira.
-
Na
velha estação,
novo
trem ali parado -
Lembra-me
outra máquina.
-
Meus
passos da infância
para
a escolinha de palha...
Refaço-os
de carro.
-
Benedita
Azevedo
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAgradecimento
ExcluirQuero expressar minha gratidão aos meus familiares, amigos e confrades pela recepção carinhosa, após quase três anos de ausência. Meu carinho à minha primeira professora, Anozilda Fonseca, que sempre me dispensou atenção especial, desde os aconselhamentos na adolescência quanto aos meus questionamentos se deveria insistir para estudar em São Luís, uma vez que, minha mãe achava muito perigoso sua menina de 15 anos se afastar dos pais para morar com parentes.
Ela me disse: - És uma menina ajuizada, não vejo nenhum problema em ires morar com tua tia, mas, procuras não magoar tua mãe.
Mesmo agora, aos 100 anos, após a homenagem que recebeu em Itapecuru, onde também estive presente, quando retornei à casa do meu filho, em São Luís, minha irmã, Raimunda da Silva Fonseca, esposa do confrade recém falecido, Zezoca, me telefonou contando que dona Santinha já telefonara várias vezes pedindo que eu não deixasse de vê-la antes de viajar para o Rio de Janeiro.
Fui visitá-la na véspera da viagem. Logo que me viu, levantou-se do sofá, apoiada em seu andador e foi ao meu encontro. Abraçou-me carinhosamente, e lamentou:
- Que pena, eu queria tanto te mostrar meus cadernos, mas, não estão aqui na casa de Ana, no COAJAP... Estão lá em casa de Rita, no Turu. Eu a envolvi em meus braços, encantada com aquela mente centenária tão lúcida!
Minha irmã, que gentilmente se prontificara a me levar para visitar a sogra, perguntou à cunhada se poderia nos levar à casa de Rita e trazer de volta dona Santinha?
Lá fomos nós, Eu, Christian, D. Santinha, Raimunda e a nora, Thayane, na direção do gool vermelho. Nossa centenária companhia, logo anunciou: É nesta rua a casa de Rita. Temos de pegar as chaves com meu neto, em casa dele.
Mal entrou em casa dirigiu-se para uma estante, sentou-se no banquinho, abriu a gaveta e foi colocando em minhas mãos seus cadernos com a solicitação:
- Eu quero que tu vejas se podemos publicar meus novos escritos! Sentamos no sofá e verifiquei que já conhecia todos aqueles cadernos, desde que organizara seu livreto “Olhei a vida de perto” em 2011, quando fizera 95 anos. Naquelas relíquias ela anotou desde a adolescência, textos religiosos, cívicos, literários, lembretes, mensagens de amigos, familiares e também seus próprios textos. Diante daquele símbolo da natureza feminina, ainda desejando publicar seus trabalhos aos 100 anos, propus:
Posso levar este material para ler com calma? Depois deixo com Raimunda.
- Claro minha filha! Eu ainda queria mandar fazer mais livros daqueles que tu fizeste, para dar a algumas pessoas que não receberam! Mas, agora vamos embora que já vai escurecer!
Praia do Anil, Magé – RJ, 14/06/2016
Benedita Azevedo
Após ler estes haicais, percebi que o segundo ficaria melhor assim:
ResponderExcluirNa velha estação
novo trem ali parado -
Cadê o de outrora?
-
Benedita Azevedo
Em 14/06/2016