Por: Gomes Meireles
Ela mora lá no Recanto dos Sabiás,
Onde havia palmeiras, arvoredos, matas
e capins.
Hoje cantam apenas os pássaros
coloridos dos palmeirais,
A quem o conhecemos extraordinários e
vultuosos bem-ti-vis.
Encontra-se ali, tão meiga, tão doce e
querida;
Tens imagem de fera, coração de festim;
Imaginas a ternura que paira ali,
É obra de Deus, encontra-la próxima a
mim.
O progresso impediu o encantado pássaro
por lá;
Há canto e encantos em junho, julho a
cantar.
Alguns confundem o bumba-meu-boi com o
boi-bumbá;
O que tem mesmo por lá, é a voz, a
ternura que não encontro eu cá;
Quando muito, numa infinita noite,
longe e distante de lá,
Ouço o som de um cantar, sonolento
dou-me conta eu cá.
A voz tão afinada deseja ficar,
E penso logo: acredito ser ela,
tentando imitar o canto do sabiá.
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