quinta-feira, 16 de junho de 2016

SABIÁ



Por: Gomes Meireles

Ela mora lá no Recanto dos Sabiás,
Onde havia palmeiras, arvoredos, matas e capins.
Hoje cantam apenas os pássaros coloridos dos palmeirais,
A quem o conhecemos extraordinários e vultuosos  bem-ti-vis.

Encontra-se ali, tão meiga, tão doce e querida;
Tens imagem de fera, coração de festim;
Imaginas a ternura que paira ali,
É obra de Deus, encontra-la próxima a mim.

O progresso impediu o encantado pássaro por lá;
Há canto e encantos em junho, julho a cantar.
Alguns confundem o bumba-meu-boi com o boi-bumbá;
O que tem mesmo por lá, é a voz, a ternura que não encontro eu cá;

Quando muito, numa infinita noite, longe e distante de lá,
Ouço o som de um cantar, sonolento dou-me conta eu cá.
A voz tão afinada deseja ficar,
E penso logo: acredito ser ela, tentando imitar o canto do sabiá.



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