segunda-feira, 23 de julho de 2018

23 DE JULHO CENTENÁRIO DO JORNALISTA ITAPECURUENSE

Raimundo Nonato Coelho Nahuz
        ZUZU NAHUZ
                              
Jucey Santana

O jornalista itapecuruense Raimundo Nonato Coelho Nahuz  (Zuzu Nahuz), filho do político e negociante,  Sadick Nahuz e Martinha Coelho Nahuz, cunhada do ex-prefeito Felício Cassas, nasceu em 23 de julho de 1918.

              Zuzu foi alfabetizado ainda muito novo pela professora  Mariana Luz que depois o encaminhou ao Colégio Magalhães de Almeida, do  professor João Mata de Oliveira Roma. Em 1929 foi transferido para o Instituto Rio Branco, do eminente professor Newton de Carvalho Neves, que segundo avaliação posterior do jornalista sobre o mestre: recebi jatos de luz que pouco a pouco  foram iluminando a estrada do meu saber.

            Já com manifesta dificuldade de visão, o pai o levou a uma consulta com o renomado médico Tarquínio Lopes na Capital, ouvindo deste o triste diagnóstico: “O caso do seu filho está perdido,  ele tem atrofia do nervo ótico,  irreversível, de origem sifilítica  hereditária”.  O médico aconselhou o pai a procurar recursos na capital da República indicando os melhores especialistas da época, porém advertindo  que não criasse muitas expectativas. 

            Em 1º de julho de 1930 Sadick Nahuz chegou com o filho ao Rio de Janeiro depois de 12 dias de viagem, a bordo do paquete “Itaim”, camarote 106, para ouvir a confirmação do diagnóstico do Dr. Tarquínio Lopes, que a moléstia era incurável. Ainda passou alguns meses em tratamento, retornando a Itapecuru Mirim. Continuou a frequentar o Instituto Rio Branco na qualidade de ouvinte. 

            Em 1933 a família mudou-se para São Luís  e Zuzu foi encaminhado, ainda como ouvinte, ao colégio do eminente professor Arimatéia Cisne.  

            A partir de 1935 começou publicar seus poemas no jornal  A Tribuna, do  jornalista Agnelo Costa.  Depois passou a colaborar com A Notícia, do padre Astolfo Serra,  seguido pelo  Diário do Norte,  de Antônio Lopes e A Pacotilha de desembargador Constâncio Carvalho.  Em 1939, começou  a escrever reportagens para  O Globo do jornalista Miécio Jorge.     Em 6 de janeiro de 1946  assumiu a gerência do jornal O Combate. O fato de perder a  visão não o impediu  de escrever a sua crônica diária: “Rosa dos Ventos”, cujas primeiras publicações foram feitas no jornal O Combate, a seguir no Jornal da Tarde e só depois ele teria seu próprio  jornal, O Correio do Nordeste.  Zuzu ditava suas crônicas e reportagens  ao seu editor e secretário,  Alfredo Galvão. Muito bem informado, Zuzu Nahuz acompanhava diariamente o noticiário da Rádio Nacional e o transcrevia para o jornal. 

            Casou-se em 17 de outubro de 1938 com Maria Merice Nogueira Torres. O casal teve seis filhos: Jamil, Raimundo Nonato, Helena, Sadick, Graça e Fátima. 

            Detentor de inteligência e memória incomum, sabia fazer jornal como ninguém, com critério e talento. Era um jornalista fluente,  atualizado,  sensível e ético. Estava entre os melhores jornalistas de sua época. 

             Faleceu precocemente em 8 de janeiro de 1965, com apenas 48 anos. Na ocasião planejava modernizar o seu jornal, o Correio do Nordeste.

            Zuzu Nahuz era um apaixonado por  Itapecuru Mirim. Ele deixou como legado inúmeros escritos que traduzia, com propriedade, o sentimento de tudo que viu e viveu em sua terra,    na primeira metade do século XX.   Falando de coisas, pessoas, eventos, enfim os acontecimentos do dia a dia da cidade,  da sua infância, dos amigos, as enchentes, a política e tantos outros acontecimentos. Todo esse precioso material brevemente se transformará em livro organizado pelos conterrâneos Benedito Bogea Buzar, Josemar Sousa Lima e Benedita Azevedo.    Sua auto avaliação: Vivo a vida sem pensar que vivo nas sombras. 
            Mesmo marcado pelo destino, caminhando aos trancos e barrancos pela estrada longa da vida, nunca tive  um minuto de desânimo, porque a minha resignação tem sido grandiosa, porque a mim não  assiste o direito de contrariar a vontade  Suprema do Criador da Humanidade (O Combate, 23.7.1952).

            Foi escolhido como  patrono da cadeira 34 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA.  Um exemplo edificante de superação.

                               Do livro Itapecuruenses Notáveis  (2016) pag. 221 de autoria de Jucey Santana

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