Raimundo Nonato Coelho Nahuz |
ZUZU NAHUZ
Jucey
Santana
O jornalista itapecuruense Raimundo Nonato Coelho Nahuz (Zuzu Nahuz), filho do político e
negociante, Sadick Nahuz e Martinha
Coelho Nahuz, cunhada do ex-prefeito Felício Cassas, nasceu em 23 de julho de
1918.
Zuzu foi alfabetizado ainda muito novo pela
professora Mariana Luz que depois o
encaminhou ao Colégio Magalhães de Almeida, do
professor João Mata de Oliveira Roma. Em 1929 foi transferido para o
Instituto Rio Branco, do eminente professor Newton de Carvalho Neves, que
segundo avaliação posterior do jornalista sobre o mestre: recebi jatos de luz que pouco a pouco foram iluminando a estrada do meu saber.
Já com
manifesta dificuldade de visão, o pai o levou a uma consulta com o renomado
médico Tarquínio Lopes na Capital, ouvindo deste o triste diagnóstico: “O caso do seu filho está perdido, ele tem atrofia do nervo ótico, irreversível, de origem sifilítica hereditária”. O médico aconselhou o pai a procurar recursos
na capital da República indicando os melhores especialistas da época, porém
advertindo que não criasse muitas
expectativas.
Em 1º de
julho de 1930 Sadick Nahuz chegou com o filho ao Rio de Janeiro depois de 12
dias de viagem, a bordo do paquete “Itaim”, camarote 106, para ouvir a
confirmação do diagnóstico do Dr. Tarquínio Lopes, que a moléstia era
incurável. Ainda passou alguns meses em tratamento, retornando a Itapecuru
Mirim. Continuou a frequentar o Instituto Rio Branco na qualidade de ouvinte.
Em 1933 a
família mudou-se para São Luís e Zuzu
foi encaminhado, ainda como ouvinte, ao colégio do eminente professor Arimatéia
Cisne.
A partir de
1935 começou publicar seus poemas no jornal
A Tribuna, do jornalista Agnelo Costa. Depois passou a colaborar com A Notícia, do padre Astolfo
Serra,
seguido pelo Diário do Norte, de Antônio Lopes e A Pacotilha de desembargador Constâncio
Carvalho. Em 1939, começou a escrever reportagens para O
Globo do jornalista Miécio
Jorge. Em
6 de janeiro de 1946 assumiu a gerência
do jornal O Combate. O fato de perder a
visão não o impediu de escrever a
sua crônica diária: “Rosa dos Ventos”, cujas primeiras publicações foram feitas
no jornal O Combate, a seguir
no Jornal da Tarde e só depois ele
teria seu próprio jornal, O Correio do Nordeste. Zuzu ditava
suas crônicas e reportagens ao seu
editor e secretário, Alfredo Galvão.
Muito bem informado, Zuzu Nahuz acompanhava diariamente o noticiário da Rádio
Nacional e o transcrevia para o jornal.
Casou-se em
17 de outubro de 1938 com Maria Merice Nogueira Torres. O casal teve seis
filhos: Jamil, Raimundo Nonato, Helena, Sadick, Graça e Fátima.
Detentor de
inteligência e memória incomum, sabia fazer jornal como ninguém, com critério e
talento. Era um jornalista fluente,
atualizado, sensível e ético.
Estava entre os melhores jornalistas de sua época.
Faleceu precocemente em 8 de janeiro de 1965,
com apenas 48 anos. Na ocasião planejava modernizar o seu jornal, o Correio do Nordeste.
Zuzu Nahuz
era um apaixonado por Itapecuru Mirim.
Ele deixou como legado inúmeros escritos que traduzia, com propriedade, o
sentimento de tudo que viu e viveu em sua terra, na primeira metade do século XX. Falando de coisas, pessoas, eventos, enfim
os acontecimentos do dia a dia da cidade,
da sua infância, dos amigos, as enchentes, a política e tantos outros
acontecimentos. Todo esse precioso material brevemente se transformará em livro
organizado pelos conterrâneos Benedito Bogea Buzar, Josemar Sousa Lima e
Benedita Azevedo. Sua auto avaliação: Vivo a vida sem pensar que vivo nas sombras.
Mesmo marcado pelo
destino, caminhando aos trancos e barrancos pela estrada longa da vida, nunca
tive um minuto de desânimo, porque a
minha resignação tem sido grandiosa, porque a mim não assiste o direito de contrariar a
vontade Suprema do Criador da Humanidade
(O Combate, 23.7.1952).
Foi escolhido como
patrono da cadeira 34 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e
Artes – AICLA. Um exemplo edificante de
superação.
Do livro Itapecuruenses
Notáveis (2016) pag. 221 de autoria de
Jucey Santana
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