Barão de Itapecuru |
195 anos da Adesão
Jucey Santana
Para melhor entendimento da
Adesão do Maranhão à Independência do Brasil faz-se necessário uma pequena
abordagem da situação que se encontrava a região na época.
4.1 Antecedentes
Em 1621 o território brasileiro foi dividido em duas
unidades administrativas autônomas: o território do Maranhão com a capital São
Luis abrangendo os atuais Estados: Maranhão, Pará, Piaui, Amazonas e Ceará e o
Estado do Brasil com capital em Salvador abrangendo as demais regiões (capitanias).
Em 1654 passou a ser
designado Estado
do Maranhão e Grão-Pará, com a capital em São
Luis. Em 1718 foi criada a capitania de São José do Piaui, subordinada ao
Maranhão. Em 1737 recebeu nova denominação de Estado do Grão-Pará e
Maranhão, sendo a capital transferida
para Santa Maria de Belém do Grão-Pará. A partir de 1772 passou por nova divisão administrativas ficando com duas unidades: o Estado do Grão-Pará e Rio
Negro (atual Estado do Amazonas), com sede em Belém, e o Estado do Maranhão e
Piauí, com sede em São Luís.
Em
1811 Piauí se separou do Maranhão, se tornando Província independente, com a capital em Oeiras. Em
1815 o Maranhão deixou de ser Estado Colonial e passou a condição de Província
Portuguesa.
4.2 D. Pedro I e a
Independência
Em
abril de 1821 a corte retornou a
Portugal depois de 14 anos no Brasil ficando como regente Dom Pedro, primogênito do Rei Dom João
VI.
D.Pedro I já deu
o primeiro sinal de rebeldia as ordens portuguesas no “Dia do Fico”
(9.1.1822). Em 7 de setembro de 1822 foi
proclamada a Independência do Brasil,
porém, as províncias do norte continuaram ligadas a Portugal, por
manterem melhores contatos políticos e comerciais com Lisboa do que com o Rio de Janeiro, devido às
facilidades da navegação e os interesses que os portugueses tinham de continuar
o domínio daquela parte
do Brasil.
Para manter a
região como colônia portuguesa a coroa
enviou armas e munições para o Maranhão
e Piauí, e nomeou o Major João José da
Cunha Fidié como Governador das Armas. Em 19
de outubro de 1822, Parnaíba declarou a
adesão a Independência do Brasil. Ao tomar conhecimento Fidié
preparou sua tropa militar que se
encontrava em Oeiras, capital do Piauí,
para conter os independentes de Parnaíba, mas não contava com a
estratégia dos habitantes que se esconderam em um povoado vizinho deixando a
cidade deserta.
Enquanto
isso em 24 de janeiro de 1823, Piauí foi
declarado independente. Fidié
toma conhecimento da rebeldia da capital e volta para reprimir o movimento separatista, mas, as tropas lusas chocam-se com as tropas dos
piauienses, maranhenses e cearenses na vila de Campo Maior, às margens do riacho Jenipapo onde ocorre
um sangrento combate que ficou conhecido
como a Batalha do Jenipapo. O embate durou cerca de cinco horas, em 13 de março
de 1823. Morreram quase 400 combatentes. Fidié saiu vencedor, porém, com escassez de armamentos
e com os combatentes cansados e
doentes, desistiu de atacar Oeiras,
tendo se deslocado para Caxias em busca de apoio e armas.
4.3 Adesão do Maranhão
em Itapecuru Mirim.
Enquanto isso a Vila de Itapecuru Mirim se tornou um marco histórico, por ter sido o
centro político no processo da Independência do Maranhão, local das últimas negociações e confrontos que culminou com a vitória
dos independentes.
Depois da
adesão em todo o Piauí os independentes que lutaram sob o comando do capitão
Salvador Cardoso de Oliveira, adentraram ao território maranhense ainda fiel à coroa
portuguesa. Em 10 de junho de 1823 usaram como estratégia sitiar o quartel
militar da Vila de Itapecuru Mirim (Itapucuru) e sustentaram uma batalha que durou mais de quatro horas.
O sangrento combate aconteceu no largo da
igreja de Nossa Senhora do Rosário, entre os independentes tendo à frente
Salvador de Oliveira contra os aliados dos portugueses. O Comandante Geral,
tenente coronel José Félix Pereira Burgos, fiel aos lusitanos, conseguiu reunir
e armar seus comandados juntamente com os moradores, para proteger a Vila,
invadida por 1800 homens sendo 1600 a pés e 200 a cavalo. Burgos, temendo um
assalto noturno, fez iluminar toda a Vila para melhor defesa. O confronto
resultou em um saldo de 23
mortos, 21 feridos e
vários prisioneiros. Depois do episódio, em 17 de junho, Burgos foi
demitido do Comando Geral por denúncia de ter sido tendencioso à Adesão. Ao passar-se para a causa dos independentes,
o tenente coronel Burgos, (Barão de Itapecuru) levou consigo nove de seus oficiais e a simpatia dos habitantes, conseguindo frear a ação dos portugueses. (O Conciliador, 18.6.1823).
Na Casa da
Câmara de Itapecuru Mirim, traçaram as
estratégias para assumir o governo na capital, ainda fiel à coroa portuguesa.
Em 20 de julho através de uma Câmara Geral, foram eleitos quatro membros para
uma Junta Provisória Independente, com os seguintes cidadãos: Padre Pedro
Antônio Pereira Pinto do Lago, Antônio Joaquim Lamagnere Galvão, Francisco
Gomes da Silva Belfort e Antônio Raimundo Belfort Pereira Burgos, para
composição de mais três na capital, o tenente coronel José Felix Pereira Burgos[1] ficou como Governador das Armas. Estava então, instalado o novo governo
independente, com aclamação a Imperador D. Pedro I e juramento de fidelidade a Nação Brasileira. Portanto em 20
de julho ficou marcado em Itapecuru Mirim o dia decisivo da Independência do
Maranhão.
4.4 Independência na Capital
Apesar das Vilas do Maranhão já
se encontrarem independentes a capital ainda resistia subordinada à Coroa
Portuguesa. No dia 26 de julho fundeou o
navio do almirante Thomas Cochrane
contratado por D. Pedro I para combater
os portugueses. No dia seguinte foi recebida à bordo pelo Almirante, a Junta Governativa eleita em Itapecuru
Mirim, quando foi marcada para o dia seguinte o encontro com o Governador da Província que não ofereceu resistência. No dia 28 de julho[2] às 10
horas, no Palácio do Governo, houve o
ato solene da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil.[3] O
ato encerrou depois de meio dia com a
deposição do governador, as salvas ao estilo, a bandeira portuguesa arriada e
içada a bandeira brasileira.
[1] Pelos serviços prestados a Coroa Imperial, pela Adesão do
Maranhão à Independência do Brasil, José
Felix Pereira Burgos foi agraciado com o título de Barão de Itapecuru
(Itapycuru). Também foi presidente da província do Pará em 1830 e ainda
ministro da Guerra, passando a ser conhecido como, Senhor Itapucuru.
[2] No Maranhão, a adesão só acontece no dia 28 de julho, na
Bahia foi 02 de julho e no Pará, 15 de agosto.
[3] Pela Lei n 11 de 6 de maio de 1835 a Assembleia Provincial
declarou feriado estadual o dia 28 de julho
Do livro Sinópse
da História
de Itapecuru Mirim (Inédito) de autoria de Jucey
Santana
Parabéns pelo apanhado minuncioso e pela excelente aula de História.
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