Jucey Santana
14 de setembro de 2018 a nossa
maior poetisa Mariana Gonçalves da Luz, completa 58 anos do seu
falecimento. Faleceu aos 89 anos, sempre escrevendo seus
poemas, sentindo o murmurar em tudo; na natureza, na chuva, na
brisa, no canto dos passarinhos, nos risos das crianças, nos dobres do sino,
nos gemidos dos carros de bois, nos balidos das ovelhas, no barulho do trem nos
trilhos, no trotar dos cavalos, tudo era motivo de inspiração para sua mágica
“pena”, que transformava em poemas. Nunca parou de escrever.
Mariana Luz faleceu por ocasião dos festejos da sua padroeira Nossa Nossa
Senhora das Dores a quem devotava extremoso amor a ponto de deixar como herança a padroeira a
sua única casa. Também é da sua autoria
o antigo Hino de Nossa Senhora das Dores cantado até o ano de 1956, quando foi
introduzido o atual hino encomendado pelo padre José Albino Campos, muito lindo
por sinal.
Sua história
está vinculada na história da arte literária, no momento mais expressivo da
memória da poesia maranhense, com um lastro de grande importância.
Era filha do tabelião do 1º Ofício de
Itapecuru Mirim, João Francisco da Luz, e de Fortunata Gonçalves da Luz.
Recebeu na infância o carinhoso apelido de “Sianica”. Nasceu no dia 10 de
dezembro de 1871, e faleceu em 14 de setembro de 1960. Foi professora, poetisa, teatróloga, musicista,
oradora e escritora.
A poetisa itapecuruense foi uma das figuras mais expressivas na
literatura maranhense, do final do século XIX e da primeira metade do século
XX, com uma produção literária de primeira grandeza.
Pioneirismo de Mariana Luz
Mesmo
na época que os contratos de professora exigiam que estas não pudessem se
casar, namorar, ir às festas, ou seja, vestir-se adequadamente quase que ao
modo das freiras, Mariana não temia quebrar estas regras de uma sociedade
preconceituosa para impor o seu
trabalho e talento. A exemplo de
dedicar-se ao magistério por quase 80 anos, como a um sacerdócio; ajudar na
educação de gerações e gerações de maranhenses; ser pioneira em trabalhos
artísticos e artesanais; fundar escolas; ajudar na construção da igreja; fundar
teatro; participar de grêmios literários; fazer parte dos principais
acontecimentos históricos, culturais e sociais do Maranhão e se projetar como renomada poetisa,
angariando respeito em toda uma classe
literária, ao lado de gigantes da intelectualidade que criaram o fenômeno da Atenas Brasileira no cenário estadual.
Mariana
Luz fez o seu primeiro poema aos dez anos. Sendo descoberta pelo pai que a
proibiu de escrever por achar que não era uma atitude apropriada à mulher,
então, continuou a produzir a sua arte literária escondida no pseudônimo de homem, “Hector Moret”. Aos 11 anos
já tinha uma escolinha de primeiras letras na casa de seus pais, começando
ensinar os filhos de vizinhos.
Em 1875,
aos treze anos, já era uma artista plástica requisitada na sociedade, pelos
seus trabalhos artisticos e artesanais, comprovado por vários
em jornais da época.
Mariana na Academia Maranhense e Letras
A obra de Mariana Luz, ficou muito
tempo na obscuridade, por falta de condições financeiras da autora, para sua
publicação. Recorreu aos conterrâneos, a governadores do Maranhão, (Godofredo
Viana e Antônio Dino), e até a Adhemar
de Barros, então governador São Paulo,
em 1951, sem êxito. No final da década de 40, organizou artesanalmente um livro
com o título de “Murmúrios” e se
candidatou à Academia Maranhense de Letras sendo eleita no dia 24 de julho de
1948, como a segunda mulher a ter assento naquela secular instituição cultural,
na qual foi fundadora da cadeira 32, tendo por patrono o poeta caxiense
Vespasiano Ramos.
Em 10 de maio de 1949 tomou posse em
meio a grande festa e repercussão nacional. Foi convidada para ser hóspede
oficial do então governador do Estado Sebastião Archer. Infelizmente faleceu
sem ter realizado o sonho de ter seus versos publicados em livro.
. Em 2014 foi lançado o livro, Marianna Luz: vida e obra e coisas de
Itapecuru Mirim de autoria de Jucey Santana. O livro resgate a vida e a obra da poetisa
que é apresentada a em 5 livros:
− I
Livro - suas crônicas, crônicas dos
amigos sobre ela e discursos;
− II Livro - Folhas Soltas, poemas de
diversas épocas e estilos;
− III Livro – Murmúrios, poemas de
características simbolistas;
− IV Livro – Orações para diversas
ocasiões;
− V Livro - Cantos Litúrgicos.
A poetisa Mariana Luz é Patrona da nº 1 da Academia Itapecuruense de
Ciências, Letras e Artes, a qual foi batizada como “Casa de Mariana Luz”.
Do livro Itapecuruenses Notáveis, (2016) pag. 108,
de autoria de Jucey Santana.
Jucey, prazer em conhecê-la. Não acredito que o acaso nos aproximou, ma a minha busca por encontrar autores extrarodinários sepultados da memória brasileira. Numa postagem em rede social, vi a menção à poetisa e comecei a pesquisar sobre ela, publicações etc e cheguei até você, defensora de preservar a obra de Mariana Luz. Parabéns pelo trabalho e quero saber onde encontrar as publicações. Sou de São Paulo e não encontrei nada, por enquanto por aqui. Obrigada.
ResponderExcluirTenho também interesse na obra de Mariana Luz, específicamente nas peças teatrais.
ResponderExcluir