quarta-feira, 15 de julho de 2015

GUERRA DA INDEPENDÊNCIA


Por: Mauro Rego
            A ADESÃO DO Maranhão à Independência e ao Império do Brasil, embora oficialmente decretada em 28.07.1823, não foi consolidada de imediato, tendo em vista as lutas pelo poder político deflagradas entre as famílias Bruce, Burgo e Belfort que Mário Meireles chamou de “guerra dos três bês”.
            Essa disputa valeu demissões, prisões e deportações de membros da Junta Governativa Provisória e do Comandante das Armas José Félix Pereira Burgos e ainda durou cerca de dois anos. Acusados os litigantes ora de Republicanos ora de partidários de Lisboa, na verdade não havia nenhuma ideologia entre os protagonistas cuja única ambição era governar.
            A chegada do Tenente Coronel José Félix Pereira Burgos do Rio de Janeiro em 19.04.1923 que havia sido deposto do cargo de Comandante das Armas em 15.09.823 ao qual fora reconduzido por decreto imperial, iniciaria essa “guerra”, eis que Burgos resolveu tomar desforra dos que haviam participado de sua deposição. Entre provocações que iam da falta de recepção condigna à ausência dos Capitães Salvador de Oliveira e José Cursino Raposo que foram retirados de seu comando a pretexto de serviços no interior, Burgos exercia o cargo de maneira prepotente, arbitrária e violenta, aliando contra si os Bruce e os Belfort.
            Os acontecimentos culminaram com a dissolução da Junta Governativa Provisória presidida por Freire Bruce e, entre as razões para tal ato estavam as atitudes de revolta do Capitão José Cursino Raposo nas Vilas do Icatu e do Itapecuru-Mirim. Esse ancestral de ilustre família anajatubense, juntamente com José Francisco da Silva, comandava essa contra revolução iniciada em 5 de junho de 1824, resultando na fuga do Comandante das Armas para Caxias, sendo os membros depostos libertados e reconduzidos aos cargos enquanto o advogado Miguel Inácio dos Santos Freire Bruce assumia a Presidência da Junta, mesmo acusado de ideias republicanas, iniciando um novo período na História do Maranhão que não foi muito diferente do anterior.
            Foi então que os Capitães Salvador Cardoso de Oliveira e José Cursino Raposo estabeleceram o seu Quartel General na Vila de Itapecuru-Mirim e iniciaram um novo movimento contra as três famílias que queriam mandar no Maranhão. Criaram imediatamente a Força Armada contra o Despotismo substituída depois pela Comissão Expedicionária de Itapecuru-Mirim que em 6 de julho. Dirigiu uma proclamação aos “camaradas” de São Luís, cujo texto terminava assim: “Correi às armas, não para sustentar um punhado de déspotas, mas para voar cada qual ao encontro do Amigo, do Pai, do Filho e do Irmão e marchar de comum acordo entre as aclamações do povo contra os tiranos que tentam escravizar-nos”.
            A guerra civil grassava e a cidade de São Luís estava sitiada. O Presidente Bruce mandou que todos os presos, criminosos de toda espécie, fossem libertados e se juntassem às tropas que lhe eram fiéis. Iniciou-se então uma verdadeira carnificina que foi chamada “a era das brucinadas”, em que os adversários eram surrados a cacetes. Só à custa de sangue, Bruce ia mantendo a sua autoridade. Demitiu todos os chefes revolucionários.
            Mas a 9 de novembro a nau Pedro I aportou em São Luís sob o comando de Lord Cochrane que acabara de esmagar a Confederação do Equador. Logo no dia seguinte um abaixo-assinado de 78 damas da sociedade maranhense lhe chegava às mãos e nesse documento o Presidente Bruce era acusado de provocar a guerra civil para manter-se no poder de forma cruel e arbitrária. Cochrane acreditou no seu conteúdo e conclamou a todos que suspendessem as hostilidades e depusessem as armas, no que foi prontamente atendido pela Comissão Expedicionária. Bruce aproveitou a situação para massacrar mais ainda os seus adversários, reacendendo a luta no interior de forma tão intensa que o cônsul inglês e o vice-cônsul francês dirigiram-se a Cochrane pedindo providências contra os crimes do Presidente da Província.

            Assim, mais uma vez, um dos nossos ancestrais comandava uma revolução a favor do povo e os Burgo, os Belfort e os Bruce foram destituídos dos cargos que exerciam. Mas o destino roubou a Salvador de Oliveira e José Cursino Raposo a glória de haverem levado a efeito a capitulação de São Luís. Esses dois ilustres maranhenses já haviam vencido os nossos opressores quando Cochrane, um marinheiro de má índole, intitulou-se libertador do Maranhão

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