quinta-feira, 21 de setembro de 2017

PELO AZUL




 Blandina Santos


Tu que de ramo em ramo saltitavas,
Alheio inteiramente ao que fazias;
Agora, um fruto sápido comias,
Agora, alegre, um roseiral beijavas;

E depois, como um trânsfuga, tomavas
A direção d'um lago, onde bebias;
Gorjeavas contente, azas batias,
Quando nesse Crystal tu te banhavas;

Inquieto, travesso, sempre estavas
E, cantando melódico, saudoso,
Tam meigo e puro, o puro céu fitavas.

D'este azul nunca mais voltaste a ver-me.
Porque vieste, oh ! pássaro sem pouso,
De magoa, o livre coração encher-me ?


Do da 2ª edição da Coletânea,   Sonetos Maranhenses pag. 102 (1923). Blandina Eloe dos Santos, itapecuruense, professora, poetisa e musicista é patrona da cadeira 02  de  membros correspondentes da Academia Itapecuruense Ciências, Letras e Artes- AICLA.

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