terça-feira, 12 de setembro de 2017

RUAS E PRAÇAS DE SÃO LUÍS


                                        


Benedito Buzar

Há livros, que pelo conteúdo e narrativa, se tornam referências e jamais são esquecidos.  Resistem ao tempo, ficam guardados em nossa memória e prontos para a qualquer momento serem lidos, relidos e consultados.

Na bibliografia de autores maranhenses, um livro traz a marca da perenidade e da unanimidade: o precioso “Breve História das Ruas e Praças de São Luís”, da autoria do professor e folclorista Domingos Vieira Filho, que desde o seu primeiro lançamento público, em 1971, foi alvo de elogios e de aceitação pelo mais exigente leitor.

Pela sua importância e atualidade,  é considerada obra de referência histórica, pois oferece ao leitor  valiosa quantidade de informações sobre uma cidade onde a cultura está presente desde os tempos remotos.

O assunto que Domingos Vieira Filho aborda no seu livro é singular, valioso e não encontra similar. Até hoje, poucos intelectuais se atreveram a fazer trabalho semelhante. Os que se arriscaram, não conseguiram o seu sucesso e ficaram esquecidos na rua da amargura.

Quando se fala em obra que trata de questões alusivas aos aspectos urbanísticos da capital maranhense, o autor citado e único é Domingos Vieira Filho, pesquisador emérito e culto, que passou anos em cima de livros, jornais e revistas, no afã de descobrir atos e fatos referentes ao passado e ao presente dos logradouros públicos, nos quais aconteceram episódios marcantes da História do Maranhão ou viveram figuras humanas que prestaram relevantes serviços à nossa terra e à nossa gente.

“Breve História das Ruas e Praças de São Luís” é um dos livros mais procurados e consultados por estudantes, jornalistas, urbanistas, historiadores e pesquisadores, que há anos se ressentem de uma nova edição. Para preencher essa lacuna, a Academia Maranhense de Letras, valendo-se da Lei de Incentivo Fiscal, da Secretaria da Cultura, reedita tão magnífica obra, na certeza de que se harmonizará com o anseio de um imenso público, desejoso de tê-lo novamente em mãos para buscar informações sobre uma cidade cujas ruas e praças nem sempre foram bem cuidadas pelos que receberam a incumbência de dar a elas um tratamento  à altura do que merecem, pois quando não carregam nomes de vultos renomados da vida maranhense, guardam denominações pitorescas e  jocosas, que se perpetuaram no tempo e no espaço.

O nosso notável escritor Josué Montello, que tantas homenagens têm recebido pelo seu centenário de nascimento, em se reportando à obra “Breve História das Ruas e Praças de São Luís” fez uma apologia ao seu autor numa crônica publicada em O Jornal do Brasil e inserido no livro “Janela de Mirante”, editado pelo Sioge, em 1993.

Com a palavra Josué: “O livro de Domingos Vieira Filho, sobre as ruas e praças da capital maranhense, favorece-nos cômodas viagens ao passado. Sem sair do presente, retornamos aos dias antigos, levados pela simplicidade do cicerone prestimoso, que nos vai contando casos de outrora. Da rua atual, com um nome de um figurão já esquecido, e que só as memórias tenazes lograrão identificar, parte ele para a rua de antanho, lembrando-lhe o velho nome apagado, e nos dias a sua história e a sua lenda, com o bom gosto e a exatidão certeira de Camille Julian refazendo a crônica de aventuras e mistérios das ruas de Paris.”

“Assim como nas grandes cidades – Rio de Janeiro ou Paris” continua Montello, “as pequenas cidades, como São Luís do Maranhão, têm ruas afáveis, acolhedoras, docemente  mexeriqueiras, e são elas que dão à vida da província o traço inconfundível, com que os tipos populares, os bancos da praça pública onde se reúnem as mesmas pessoas a horas certas, as velhas senhoras debruçadas nas janelas para ver quem passa, os vendedores ambulantes com os seus pregões costumeiros.”

Em outro trecho, afirma o autor de Cais da Sagração, “Urgia escrever a história das ruas de São Luís, pois, de uns tempos para cá a cidade cresceu muito, ganhou uma ponte sobre o rio Anil, alargou-se em várias direções. A Praia Grande, que serviu de cenário a boa parte de O Mulato, tem agora menos movimento que ao tempo de Aluísio Azevedo. E é aí que se erguem os mais belos sobrados de azulejos de São Luís – majestosos, imponentes, guarnecidos de sacadas de ferro, como seus mirantes abertos para o mar.”

Ao final de sua crônica, Josué afirma categoricamente: “O livro de Domingos Vieira Filho vem na hora oportuna, com a verdade de hoje misturada à poesia do tempo que se foi.

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