Faleceu aos 89 anos
Jucey Santana
Vitório Gundes Costa filho de Engrácio Conegundes e
Almerinda Costa Conegundes, nasceu no povoado de Santo Antônio dos Gundes, em
23 de dezembro de 1928. Pela dificuldade de ensino no lugarejo, o pai contratou
o professor João Rafael da “Vila”, (Itapecuru Mirim), para ministrar as
primeiras letras aos filhos, fato ocorrido entre os anos de 1934 a 1935, somente o que estudou. Mesmo com a limitação nas letras, Vitório
desde jovem gosta de compor versos e
cria música, ao estilo de cantadores repentistas, que alegra os amigos nas
noitadas de lua cheia.
Casou-se
em setembro de 1952 com Joana
Costa, com quem teve seis filhos: Maria
Almerinda, Antônia Conceição, Raimundo, Maria José, Maria do Socorro e Áureo.
Ficando viúvo, em 25 de julho de 1960,
contraiu novas núpcias com Joaquina
Costa, em 1º de dezembro de 1961 com Joaquina Costa com quem teve quatro filhos: Ana Maria, Vitório
Filho, Claudete e Valter José.
A
história de Vitório Gundes é de um homem que nunca abandonou suas raízes.
Patriarca de numerosa prole, espalhados em
todo o País, mantém-se fiel às suas origens, defendendo e lutando pela posse da terra aos parentes,
herdada do avó João Conegundes e do pai
Ingrácio, que deram o sangue pela
propriedade, para legar uns “palmos de chão” a seus descendentes.
No início dos anos 50 se estabeleceu com uma pequena
quitanda, comprando mercadorias
do Baltazar Prazeres, em Veneza, município de Santa Rita, depois passou a se
abastecer com os comerciantes de Itapecuru Mirim atendendo
o povoado e a vizinhança. Ajudou muitos conterrâneos, na época de muita
necessidade. Porém nunca deixou de
“botar” roça. Atualmente vê com
tristeza, que os mais moços não ligam
mais pra terra, querem partir para cidade grande.
Luta pela terra
Nas
lembranças de Vitório Gundes estão as lutas dos Sem Terra, incentivadas pela
bandeira da Liga dos Camponeses, e introduzido na comunidade por Sebastião
Cabral, homem simples mas com ideias
arraigadas sobre a união das classes de lavradores, e defesa de suas
terras. Engrácio Conegundes se filiou
no Sindicato de Sebastião Cabral no ano de 1950. O próprio Vitório integrou a
marcha organizada pelo líder sindical em 1952, com 151 caboclos descalços,
para a célebre audiência com o
governador Eugenio Barros. Sendo muito
jovem, não entendia bem o alcance do movimento.
Porém
Vitório Gundes sempre acreditou no Sindicato Rural, e nunca deixou de integrar
e estimular o movimento, do qual muitos se tornaram descrentes, achando que
nunca receberiam os benefícios
prometidos. - “Com a legalização em 1969, foi
comemorado com festa, a primeira aposentadoria de Olavo Martins, a segunda de Cândido Costa: Como
existiam muitas apostas em que se
previa que as aposentadorias dos
ruralistas não passavam de promessas,
Cândido, comprou várias caixas de
foguetes no comércio de Zeca Frazão, no povoado de São José e comemorou com
todos na redondeza, relembrou Vitório Gundes.
De 1950
a 1952 foi nomeado Inspetor de Quarteirão, (Delegado de roça) na época que
Feliciano Lopes, “O Barão”, era delegado
do Município.
Na sua
residência, durante muitos anos funcionou a Escola da comunidade. Em 2011
Vitório Gundes doou uma área para construção de uma moderna escola, que serve para todas as comunidades
circunvizinhas, tendo como patrono Raimundo Conegundes Costa, antigo membro da
família.
Envolvimento na política
Vitório
Gundes era requisitado pelos políticos que pediam apoio nas eleições. Os caboclos o procuravam para
aconselhamentos, e geralmente o seguiam,
se tornando um formador de opinião
política na região.
Chegou
a apoiar Sinéias Santos, Graciete Cassas, José Lauande, Nonato Cassas, Siló
Lago, Doutor Fernando entre outros. Foi
eleito para o mandato de vereador de 1988 a 1992, e se ufana de não ter feito
nenhum inimigo.Faleceu em 04 de dezembro de 2017, faltando dezenove dias para completar 89 anos.
Abaixo um texto de
sua lavra, voltado para política:
Abdalla e
Graciete
Aqui no Brasil
Jânio Quadros já ganhou,
No Maranhão Newton Bello,
É que já é governador.
No Maranhão Newton Belo,
No Rosário é seu Ivar,
Vargem Grande Zé Firmino
Está em primeiro lugar.
Em Itapecuru agora,
Não deu resultado que preste,
Votaram com Abdalla,
Enganaram Graciete.
Graciete é uma moça
Com valor e simpatia,
Mas o eleitorado dela
Usaram de covardia.
Caboclo do interior
Nenhum tem a competência,
Não ajudaram o Zé Bento
Que é um rapaz inteligente.
Caboclo do interior
Não tem um bom pensar,
Quando o gado entrar na roça
Onde é que vão se queixar!!
Itapecuru Mirim, 1961
Do
livro Itapecuruenses Notáveis (2016), pag. 274 de autoria de Jucey Santana
amor eterno ao meu avo
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