domingo, 28 de abril de 2019

PONTE DE CONCRETO DE ITAPECURU MIRIM



                           A maior festa registrada no município
Solenidade de Inauguração da ponte
Jucey Santana

                  Navegação Fluvial
O transporte para toda a ribeira do rio Itapecuru, desde a sua colonização era via o rio. O auge da navegação deu-se no século XIX com a prosperidade da região, o que gerou a necessidade do escoamento da produção do algodão, arroz, produtos da cana-de-açúcar e o intenso    trânsito dos passageiros, entre eles negociantes, barões, viscondes, conselheiros, comendadores, enfim, a nata da fidalguia da época em constante deslocamento das suas propriedades rurais para a capital da província onde tinham negócios ou exerciam cargos públicos.  A navegação fluvial levou desenvolvimento a todo o interior do Maranhão, marcando uma época importante em nossa história. 

Diante do intenso trânsito fluvial foram criadas várias companhias de vapores para atender a demanda das vilas da Ribeira. Os vapores chegavam até Caxias, seguindo adiante   em pequenos barcos, porque o trecho possuía várias cachoeiras e  pequenas corredeiras. 

Com a  Lei nº 27, de 15 de agosto de 1835, foi iniciado o trabalho, pelo governo da Província, de dinamitar as pedras das cachoeiras que atrapalhavam a navegação do rio. 

 Em 14 de junho de 1840, o presidente da Província, Luis Alves de Lima, viajou a bordo do vapor Fluminense para a Vila de Itapecuru Mirim, a fim de solucionar a situação da guarnição militar, sublevada por falta de pagamento de soldo e fardamento, e passou 16 horas de viagem. Reconhecendo a necessidade da melhoria da navegação fluvial, o presidente pediu à Assembleia privilégios às companhias privadas que quisessem explorar a navegação. Somente em 1849 foi autorizado um vultuoso empréstimo para a melhoria da navegação no rio Itapecuru. Caxias era o ponto final da linha, com escala em Rosário, Itapecuru Mirim, Coroatá e Codó, intensificando mais o comércio entre o interior e a capital.

               Estrada de Ferro e Bonde



Até o início do século XX o rio Itapecuru era a principal via de escoamento da produção regional e meio de transporte. Com a construção da Estrada de Ferro São Luís a Teresina, paralela ao rio, que teve sua  primeira viagem em 31 de outubro de 1920, o rio foi aos poucos perdendo a função. A partir de então o transporte ferroviário passou a ser a principal via de acesso dos moradores da Ribeira do Itapecuru às capitais dos Estados do Maranhão e Piauí durante 50 anos. 

Em 1º de janeiro de 1925, no final do governo de José Carlos Bezerra (Zuza Bezerra), foi inaugurado o bonde de tração animal, para transportar passageiros e cargas da margem do rio à estação ferroviária.

                 Balsas e Pontes

A travessia na época era feita por balsas ou pontões, já que a área urbana de Itapecuru Mirim ficava do lado oposto à estação ferroviária.     

Em 9 de agosto de 1948 foi inaugurada a ponte flutuante sobre o rio Itapecuru Mirim, por  iniciativa da Associação Comercial e Industrial de Itapecuru Mirim, tendo por presidente José Alexandre de Oliveira com apoio do governador do Estado, Sebastião Archer da Silva e do prefeito Miguel Fiquene. 

A ponte favoreceu o acesso à estação ferroviária, já que a balsa do DER se encontrava em mau estado de conservação e praticamente sem utilidade.

                A inauguração da Ponte de Concreto
 
Um dos acontecimentos mais festivos  da história de Itapecuru Mirim foi 1º de julho de 1956, domingo, por ocasião da inauguração da ponte de concreto sobre o rio,  medindo 106 metros e 90 centímetros, antigo anseio da população.

O evento grandioso foi organizado pelo Departamento de Estradas e Rodagens-DER, através do seu diretor-geral Ruy Mesquita, pela Construtora Cumplido Santiago & Cia e a Prefeitura Municipal de Itapecuru Mirim, por intermédio do prefeito Cineas Santos. Somente pessoas previamente convidadas  e portando senhas  individuais poderiam se aproximar da ponte e das autoridades. 


Depois da bênção, que ficou a cargo do padre José Ribamar Carvalho e do corte da fita pelo governador Eurico Ribeiro, antecedido de discurso, fizeram uso da palavras várias autoridades. Estiveram presentes: o arcebispo Dom José Medeiros Delgado, o vice-prefeito, o acadêmico de Direito José Ribamar Fiquene, o juiz de Direito, Dr. Caetano Jorge, o professor e político Leonel Amorim, o comerciante e político Raimundo Álvaro Mendes, o pároco José Albino Campos, o presidente da Associação Comercial, José Alexandre Oliveira, o promotor público Dr. Francisco Chaves, o imortal da Academia Maranhense de Letras, Ribamar Pereira, o tabelião  Benedito de Jesus Nascimento,  o engenheiro Francisco Xavier de Sousa, o deputado Francisco das Chagas Araújo, o professor João Silveira, prefeito de São Luís, José Ramalho Burneth, o delegado regional do Trabalho, Guilherme Rocha Salgado,o diretor regional dos Correios e Telégrafos, Diderot Bitencourt, delegado de polícia, Antônio Penha, o ex-governador Eugênio Barros, representante do DNER, engenheiro Fernando Xavier, vários deputados,  empresários locais e vereadores.


A imprensa maranhense esteve presente. Representando o jornal Combate, Walney Milhomem, Revista Rodoviária, José Resende, pelo Jornal do Povo, Waldemar Santos, Diários Associados, J. Evandro da Silva, representando o Jornal do Dia, Moreira Serra e Ribamar Moreira, o Jornal Pequeno enviou Cunha Santos, Gerson Tavares representou a  Rádio Ribamar e a  Difusora foi representada por  Moacir Neves. Às doze horas, depois dos discursos, foram liberados a banda de música e o foguetório, tendo sido contratado o rosariense Casimiro Fogueteiro, que ao soltar os rojões fabricado pelo próprio, causou um sério incidente, incendiando alguns casebres cobertos de palhas da beira do rio.

               Comemoração e Torneio de Futebol

Depois do evento de inauguração o engenheiro Luís Magno Portela, superintendente da Construtora Cumplido Santiago & Cia, responsável pela obra, e o engenheiro Ruy Mesquita, do DER, convidaram todos para um lauto churrasco previamente organizado na localidade Bona, próximo ao povoado Cigana, sendo colocados à disposição os carros da construtora e do DER.

Do volta, às 16 horas, foi realizado um torneio futebolístico amistoso entre o Maranhão Atlético Club-MAC e a agremiação Vitória do Mar, que disputaram a Taça Ruy Mesquita, saindo vitoriosa a equipe do Vitória do Mar marcou dois gols, pelos atletas  Vilmar e Benedito. Nélio do  MAC marcou um gol de pênalti. A arbitragem ficou por conta do capitão Emílio Vieira. 

O troféu foi entregue  por Graciete Cassas, eleita a madrinha do campeonato.
O evento encerrou-se com uma festa dançante no edifício da Prefeitura Municipal para a sociedade e  visitantes convidados e uma festa popular, promovida pela empresa de engenharia, para os operários e a população, aberta ao público, com muito churrasco.

               Ponte Abdala Buzar Neto

Em 26 de abril de 2005, pela  Lei Municipal 920/2005 ponte passou a denominar-se de Abdala Buzar, projeto de iniciativa do  vereador Rogerio Maluf, na gestão prefeito Antônio da Cruz Filgueira Júnior, o Júnior Marreca.

Do livro Sinopse da História de Itapecuru Mirim  (2018), pag. 84, de autoria de Jucey Santana.


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