Benedito Buzar
É com saudade e perenes lembranças que escrevo
sobre o meu conterrâneo e amigo de infância, Raimundo Nonato Coelho Cassas,
falecido recentemente em São Luís, depois de alguns anos de sofrimento, mas
graças à sua vontade de viver, enquanto as forças não lhe faltaram, resistiu às
adversidades impostas por uma atroz enfermidade.
De Nonato, guardo recordações que permanecem vivas
na minha memória e que o tempo não conseguirá apagá-las, até porque procedem de
fases importantes de nossas vidas, que tiveram como marco referencial a cidade
onde nascemos: Itapecuru Mirim, eu, em fevereiro de 1938, ele, em abril de
1939, somos, portanto, de uma mesma geração, crescemos praticamente juntos e
participamos de momentos inesquecíveis e inerentes àquela fase da vida de
sonhos e fantasias.
Fomos alfabetizados no Grupo Escolar Gomes de
Sousa, no qual a sua querida mãe, a competente professora Maria de Lourdes
Coelho Cassas, fazia parte do corpo docente.
Naquela época, desfrutamos, das gloriosas
brincadeiras e dos saudáveis divertimentos que Itapecuru nos
proporcionava, ainda acanhada do ponto de vista populacional e espacial, com
destaque para as partidas de futebol, praticadas livremente nas ruas e praças
de nossa cidade e usando bolas de pano, de borracha ou de couro, artefatos sob
os quais ele mostrava impressionante domínio, a ponto de se tornar, com o
passar dos anos, um craque de primeira linha.
Concluído o curso primário, em Itapecuru,
continuarmos os estudos secundários em São Luís, eu, nos Maristas, ele, no
Liceu Maranhense, de onde partimos para enfrentar o vestibular na Faculdade de
Direito.
Ao longo da existência, Nonato Cassas, teve três
paixões: o futebol, a política e a família.
O FUTEBOL
Desde criança, a bola de futebol contagiou a vida
do meu conterrâneo. Na sua fase de jovem, jogando pela seleção itapecuruense,
que participava do torneio Intermunicipal, encantou a torcida que
comparecia ao Estádio Santa Isabel, tanto que recebeu, face às qualidade de
excepcional driblador, o apelido “De Mola”, virtude que o levou a jogar pelo
principal time da segunda divisão do campeonato maranhense, o Santos Futebol
Clube, treinado por Jafé Nunes.
Depois do Santos, vestiu as camisas do Sampaio
Corrêa, pelo qual disputou vários campeonatos da primeira divisão, e do
Ferroviário e por este sagrou-se campeão maranhense, em 1958.
Ao pendurar as chuteiras como jogador, resolveu ser
cartola no futebol do Maranhão, aceitando as presidências do Sampaio Corrêa e
do Moto Clube, que graças ao seu comando, conquistaram títulos importantes.
Nonato, no futebol de salão, também foi craque e um
dos melhores do Maranhão, integrando a equipe do Cometas, do qual foi um dos
fundadores.
As últimas partidas de futebol que jogou foram no
campo do Clube Recreativo Jaguarema, nas tardes de sábados, participando do
campeonato disputado pelos times dos associados.
Torcedor fanático do Botafogo, acompanhava
pelo rádio todas as partidas do time carioca, sobretudo o da época em que
pontuavam no time jogadores do nível de Manga, Newton Santos, Garrincha, Didi e
Zagalo.
A POLÍTICA
Ao encerrar as suas ações como jogador e cartola,
bandeou-se para outra atividade, que exercia sobre ele enorme fascínio: a
política partidária, iniciada em 1969, quando submete o seu nome à consideração
das lideranças políticas de sua terra natal, com vistas às eleições de prefeito
municipal.
Venceu o pleito, tendo como vice, Leonel Amorim.
Cumpriu o mandato de janeiro de 1970 a janeiro de 1973, no exercício do qual
empreendeu ações importantes e obras de infraestrutura.
Nos anos 1980, mudou o domicílio eleitoral para São
Luís. Nas eleições de 1982, elege-se vereador à Câmara Municipal da capital
maranhense. Pelo bom desempenho parlamentar, foi alçado ao posto de
vice-presidente, no biênio 1987-1988.
Quando o presidente José Sarney assumiu a Presidência
da República, em 1985, realizaram-se eleições diretas nas capitais dos Estado.
Em São Luís, depois de anos sob as administrações de prefeitos
nomeados pelos governadores, o povo foi às urnas e elegeu Gardênia Ribeiro
Gonçalves, para um mandato de três anos. A eleição foi decidida no segundo
turno contra os candidatos a prefeito e vice, Jaime Santana e Nonato Cassas.
A FAMÍLIA
Em, 10 de abril de 1969, Nonato Cassas despediu-se
da vida de solteiro e contraiu casamento com uma das moças mais bonitas da
cidade e de família tradicional: Carmen Aroso, com a qual construiu uma família
bem estruturada, formada por três filhos, seis netos e duas bisnetas.
A VIDA PÚBLICA
Além dos postos eletivos, todos desempenhados com
dignidade e altivez, Nonato teve uma trajetória rica e exemplar, no que tange
às atividades exercidas ao longo da vida pública, que começou nos anos 1960, no
Banco da Amazônia, após o que ocupou os cargos de Diretor Administrativo da
Copema, Secretário adjunto da SEDEL, Assessor Legislativo da Assembleia
Legislativa e Auditor Fiscal, no qual se aposentou.
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