Por: Mauro Rego.
No
ano de 1818, três anos depois que o Brasil se tornara Reino, unido ao de
Portugal e Algarves, sob o domínio do rei D. João VI, era fundada e instalada a
vila de Itapecuru-Mirim, sede da freguesia e do município do mesmo nome.
Os
moradores da Ribeira do Itapecuru, estabelecidos no chamado Arraial da Feira,
já haviam dirigido aos monarcas anteriores, em várias ocasiões e a partir de
1767, solicitação para que expedissem o alvará de sua confirmação como Vila,
eis que, as povoações fundadas em terras de particulares, quando emancipadas,
recebiam essa designação, enquanto as criadas em terras da Coroa eram as que
recebiam o título de Cidade. Até o início do século passado, em 1920, as vilas
e as cidades eram sempre sede dos municípios.
No
início do Séc. XIX, o Estado do Maranhão já novamente se desligava do Estado do
Grão Pará, estendendo o seu território além do atual Estado do Piauí. Era
independente do Estado do Brasil, cujos limites iam do Rio Grande do Norte ao
Rio Grande do Sul. A Ribeira do Itapecuru era uma das províncias desse Estado
Colonial e se estendia da Freguesia de Nossa Senhora do Rosário até Aldeias
Altas, acima da cidade de Caxias, passando pela Freguesia de Nossa Senhora das
Dores. Esta povoação ia crescendo graças à prosperidade de seus comerciantes e
dos proprietários de terras, engenhos de cana e escravos.
Os
apelos feitos desde o reinado de D. José III encontraram acolhida somente no de
D. João VI, que a 25 de setembro de 1801 havia expedido uma provisão régia para
criação da Freguesia e a 27 de novembro de 1817 concedia ao Fidalgo da Casa
Real José Gonçalves da Silva, autorização para fundar, à sua custa, uma vila
nas terras que aqui possuía. Pela autorização transmitida pelo Rei ao Ouvidor
da Comarca do Maranhão, deveria ser comprovada a residência de pelo menos 30
casais brancos e de estarem prontas a Casa da Câmara, a cadeia e as casas
destinadas ao abrigo dos tabelionatos.
Assim,
comprovado o cumprimento da exigência real, o Desembargador Ouvidor e
Corregedor da Comarca do Maranhão, Francisco de Paula Pereira Duarte juntou-se
ao Alcaide-Mor José Gonçalves da Silva, representado pelo seu procurador
Antonio Gonçalves Machado e, diante da Nobreza, do Clero e do Povo que se
achavam reunidos na Praça da Cruz, fundou e instalou a Vila de Itapecuru-Mirim
no dia 20 de outubro de 1818. Durante o ato cívico foi lida a Provisão Real
expedida em 27 de novembro de 1817 em consequência do Decreto de 14 de junho do
mesmo ano que decretava a criação da Vila.
Fundada
e instalada a Vila de Itapecuru-Mirim, foi empossada a primeira Câmara
Municipal, à qual competia a administração pública do município até o final de
1889, quando proclamada a República. As
dificuldades de transporte e comunicação com a sede do Reino, fez com que
somente a 20 de março de 1820 o Rei D. João VI aprovasse e confirmasse o feito,
determinando a criação das repartições jurídicas.
Os
registros pesquisados ainda não nos dão conta exata dos vereadores dessa
primeira Câmara Municipal, mas acredito ter sido a mesma que, no ano de 1823,
proclamava a Adesão do Maranhão à Independência do Brasil. Confirma-se,
entretanto, a sua instalação, pois a 3 de março de 1819, o mesmo Desembargador
Francisco de Paula Pereira Duarte oficiava ao Presidente da Câmara para
confirmar os limites do novo município.
É
esta a História que queremos resgatar. É o fundador e Alcaide-Mor José
Gonçalves da Silva que desejamos revivificar nas tradições desta cidade. A
história de um município de 197 anos, do qual se tem eliminado meio século de
existência, de uma cidade cuja Câmara Municipal participou de grandes lutas e
conquistas políticas que honram a sua tradição, enriquecem a sua cultura e
enche de orgulho os seus filhos.
O texto
faz parte do livro inédito: “As Crônicas de Anajatuba” de Mauro Rego
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