Mauro Rêgo
Há
alguns meses pensei em escrever alguma coisa sobre a exploração do pobre
orquestrada pelo Governo Federal que se diz o defensor dos humildes e
marginalizados, mas sempre que ouvia o comentário dos jornais acerca do
assunto, ia deixando para depois. Essa
ideia ressurgiu quando do conhecimento de que os sorteios das Loterias foram se
multiplicando até chegar à situação atual em que todos os dias há sorteios,
sendo um, como a Quina, realizado diariamente.
Falava-se
outrora do “ópio do povo”, apontado como sendo a religiosidade. Na situação
atual, o ópio tornou-se a esperança de acertar os números mágicos dos sorteios
diversos através dos quais O Governo Federal consegue arrecadar milhões de
reais diariamente, os quais “em tese” devem ser aplicados na educação, nos
esportes e na saúde pública, mas também engordam as possibilidades para os
mensalões, os petrolões, etc.
E
o pobre brasileiro, sabendo que acertar os números é a única oportunidade que
tem para pagar dívidas e melhorar a situação de sua família, passa mais
necessidades, reduz a ajuda na educação dos filhos e desleixa a sua saúde, para
tirar alguns minguados reais para tentar a loteria.
E
mais uma vez, constatamos que aqueles que menos têm são os que engordam os
cofres públicos. Já é um absurdo explorar os pobres com loterias diárias, e
essa situação foi agravada recentemente, pois o valor das apostas aumentou em
até 50%, e isso sem haver aviso, sem haver discussão, sem noticiário
escandaloso da imprensa. O apostador, na quase totalidade, só teve conhecimento
quando se aproximou do guichê. Alguns passaram vergonha.
Se
os dirigentes da Caixa Econômica elevaram o valor das apostas dessa forma
criminosa, o fizeram com o apoio da Presidência da República e dos Ministros
que deviam defender o povo, mas que, na ganância de lucros cada vez maiores,
sujeitaram os pobres a diminuir as suas condições de vida, pois o “ópio” da
loterias é tão oneroso quanto o uso do crack, da maconha e de outras
substâncias que grassam no meio dos mais pobres.
Sabemos
que muitas pessoas de recursos gastam muito dinheiro nas apostas, mas a maior
de todas as contribuições vem mesmo das camadas pobres que, com o valor mínimo
continua sonhando com a liberdade financeira.
Pobre do
pobre brasileiro, explorado até nas suas pouca esperanças. Lembro-me de um
soneto de Camões em que ele reclama: “só não pode tirar-me a esperança, pois mal
me tirará o que não tenho”.
A
Presidente, os ministros e os dirigentes da Caixa jamais lerão esta crônica,
que aparentemente é inútil, mas fica aqui um brado vindo do interior, que não
será certamente “retumbante”.
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