Por:
Jucey Santana
José Félix Pereira de Burgos, natural de Freguesia de
Itapecuru Mirim, nasceu no ano de 1780. Era filho do tenente-coronel José Félix
Pereira de Burgos, nascido na cidade do Recife, Capitania de Pernambuco, e de
sua mulher Ana Teresa de Jesus Belfort de Burgos, de Itapecuru Mirim, filha de
Lourenço Belfort, fundador do Engenho Kelru e de sua segunda mulher Ana Teresa
de Jesus Marques Belfort. Neto paterno do capitão do mesmo nome José Félix
Pereira de Burgos, e de Francisca Xavier de Jesus Bandeira de Melo, oriunda de
um antiquíssimo Morgado da Capitania da Paraíba do Norte.
Ingressou na carreira militar, assentando praça como voluntario
em 4 de maio de 1797, no dia 9 do mesmo mês foi reconhecido como Cadete e
promovido a Alferes do Regimento de Linha por decreto de 19 de maio de 1798.
Em 8 de fevereiro de 1800, pelo ofício do presidente da
província do Maranhão, D. Diogo de Sousa, recebeu licença para ir estudar em
Coimbra. Fez a matrícula em 10 de
outubro de 1801 e bacharelou-se em Filosofia e Ciências Matemáticas no ano de
1808. Foi amigo de faculdade de Jose Bonifácio e Andrada e Silva, o Patriarca
da Independência.
Adesão do Maranhão à
Independência
Em 21 de outubro de 1813 foi elevado ao posto de Tenente da
4ª Companhia do Regimento da Infantaria de Linha do Maranhão; no mesmo ano, em
dezembro recebeu a promoção de Sargento-Mor do Regimento da Infantaria de
Milícias da Ribeira de Itapecuru, de onde subiu gradativamente chegando a
Governador das Armas na localidade.
O Maranhão na época estava dividido entre duas facções: uma
tradicionalista, que no poder apoiavam os lusos conspirando contra a
independência e outra que lutava pela adesão do Maranhão ao governo brasileiro.
José Félix Burgos ficou como Comandante Geral da Vila de
Itapucuru (nome da Vila na época) até o sítio das tropas dos independentes
comandadas por Salvador de Oliveira. O Comandante das Armas foi figura
principal nos episódios das negociações no processo de adesão à Independência
do Brasil.
A Vila de Itapecuru foi palco de sangrento combate em 10 de
junho de 1823, no largo da igreja de Nossa Senhora do Rosário, sendo atacada
por tropas que lutavam pela Adesão do Maranhão à Independência contra os
aliados dos portugueses. Os combatentes que lutaram no Baixo Parnaíba sitiaram
a Vila ainda partidária dos lusos e partiram para a batalha. Era importante a
sua conquista pela sua posição estratégica, próxima da capital e o interesse
pelo quartel muito bem estruturado e guarnecido.
O Comandante Geral, tenente coronel
José Felix Pereira Burgos, fiel aos lusitanos, armou estratégias com seus
comandados e moradores que se transformaram em espingardeiros e mosqueteiros
para proteger a Vila, invadida por 1800 homens sendo 1600 a pé e 200 a
cavalo. O resultado do assédio foi um saldo de 16 mortos e quatro feridos e
vários prisioneiros, do lado dos independentes, e da Vila morreram sete e
dezesseis homens ficaram feridos. Depois do episódio, em 18 de junho, Burgos
foi demitido pelo Governo, que entendeu que o militar foi tendencioso à causa
dos invasores. José Burgos se aliou aos independentes levando consigo seus
oficiais, o patriótico padre José Pinto Teixeira e moradores, freando a ação
dos portugueses. (O Conciliador,
18.6.1823).
Nas instalações da Casa da Câmara, traçaram as estratégias para assumir o
governo na Capital, ainda fiel à coroa portuguesa. Em 20 de julho através
de uma Câmara Geral, foi eleita uma Junta Provisória Independente composta de
quatro membros, para se juntar com mais três na capital. O próprio Burgos ficou
como Governador das Armas. Estava,
então, instalado o novo Governo independente, com aclamação ao Imperador D.
Pedro I e juramento de fidelidade à Nação Brasileira. Depois rumaram para São
Luís, onde completariam o processo que foi facilitado com a chegada da frota do
Almirante Thomas Cochrane contratado por D.
Pedro I para combater os portugueses, ocorrido em 28 de julho de 1823.
José Félix lutou ao
lado de dois irmãos, o Major Antônio Raimundo Pereira de Burgos e o Tenente
Carlos Pereira de Burgos, este falecido na batalha, os quais também se
destacaram nas lutas pela independência do Maranhão.
No dia 23 de Agosto de
1834, foi concedido ao Barão de Itapecuru Mirim, pelo prazo de 10 anos, o uso
exclusivo do moinho de descascar arroz de sua invenção, (Almanak, Ministerial Império, 1834).
Foi duas vezes sogro do Barão de Coroatá,
Manoel Gomes da Silva Belfort que enviuvando de uma de suas filhas, casou-se
com outra. Casado, em 1ª Núpcias, com
sua prima Rita Carneiro Homem de Souto Mayor, filha do Coronel Ayres Carneiro
Homem de Souto Mayor e Guilhermina Diniz. Em 2ª Núpcias, com a cunhada, Mariana
Carneiro Homem de Souto Mayor.
Distinções
− Chegou ao posto de
General, depois da Adesão do Maranhão à Independência.
− Recebeu o título de
Barão com Grandeza de Itapecuru, (Itapucuru), por serviços prestados a Coroa
Imperial, nas lutas pela adesão do Maranhão à Independência do Brasil.
− Foi 2 vezes Presidente da Província do Pará de 1825 a 1828
e de 1830 a 1831.
− Foi Ministro de Guerra de 1835 a 1836, na Regência de
Diogo Antônio Feijó.
− Recebeu o título de Dignitário da Imperial Ordem do
Cruzeiro.
− Recebeu a comenda de Cavaleiro da Imperial Ordem de São
Bento de Aviz.
− Recebeu a alcunha de “Senhor Itapucuru”.
Faleceu em 9 de abril de 1854.
Do livro Itapecuruenses
Notáveis (2016) de autoria de Jucey Santana
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