Por: Jucey Santana
Tem-se informação de uma família Cardoso que
na primeira metade do século XIX se
instalou no povoado Guanaré onde prosperou na agricultura e criação de gado. Em
1860 pelo registro no Almanak Adminsitrativo, Mercantil e Industrial do Maranhão, na pagina 242 um membro da família,
José Maximiliano Cardoso, fundou naquela
localidade uma olaria para fabricar
cerâmica, constando como pioneiro no ramo ceramista. Não se tem noticia
da continuidade do projeto.
Em minhas pesquisas encontrei outros
Cardosos daquela localidade. Aqui vamos tratar do jornalista Luiz Carlos
Cardoso, o Cajueiro, que nasceu em
Guanaré em 1809. Foi bacharel em Direito, jornalista e oficial da Guarda Nacional. Iniciou a vida
profissional pública como primeiro escriturário da recém-criada Tesouraria da
Fazenda Pública no governo provincial de Antônio Pedro Costa Ferreira, o Barão de Pindaré, em 1835.
Contemporâneo e amigo dos jornalistas João Francisco Lisboa e José Cândido de
Morais e Silva, mantinha laços de cordialidade com ambos os conterrâneos e notórios profissionais da imprensa escrita, a época.
Em sua paixão pelo jornalismo,
fundou em 11 de março de 1836 o jornal Cacambo,
no período regencial. Os primeiros números foram em folha de papel almaço. O
jornal passou a ser editado pela Tipografia Constitucional. Era um jornal de
cunho político, defensor das ideias do partido Cabano, de característica
moderada, para combater os exaltados Bem-te-vis. O jornal trazia por epígrafe o seguinte pensamento:
“Em todas as
épocas da sociedade civil à par do poder, se divisou uma oposição, que tem por princípio retê-lo, reprimi-lo
e limitá-lo”
João Francisco Lisboa, no número
25 do seu jornal o Echo do Norte de 17 de março de 1836, apresentou à sociedade, o novo jornal do amigo Cajueiro,
“a quem não podemos deixar de dar o
merecido louvor à moderação com esta escrita”.
Com o passar dos anos o folhetim
se tornou polêmico, com escrita veemente, voltado para uma visão política
combativa. Passou a fazer oposição ao editor do Echo do Norte e da administração do Barão de Pindaré. Pelo fato do
jornalista Sotero dos Reis ser aliado
do Governo se tornou também seu desafeto.
A alcunha “Cajueiro” foi adotada pelo próprio, que também era apelidado
de “Índio” por João Lisboa. Como na época, a população em sua grande maioria
era de analfabetos, os jornalistas eram considerados heróis, sábios, ícones
como mensageiros das informações, com muitos seguidores, tendo Cajueiro se
tornado muito popular. Paulo Cock em seu estudo “Em Sessenta
anos da Imprensa Maranhense”, referiu-se ao Cacambo da seguinte maneira: “Um
jornal que se apresenta com dignidade, bem escrito, moderado e só se excedia
quando a agressão passava do justo, da
conveniência e do dever”. (Pacotilha, 13.3.1884).
Foi eleito Deputado Geral e tomou
posse em 1838. Não completou o seu mandato por ter falecido ainda no cargo
em 1841, sendo substituído pelo bacharel Joaquim Franco de Sá.
Joaquim Serra, fundador da
revista literária Semanário Maranhense, (1867), definiu o Cacambo como: “uma folha de
combate, escrita com veemência, devido à visão política do seu redator”.
Em texto sobre o centenário de
nascimento de João Francisco Lisboa, o cronista equipara João Lisboa a outros
ilustres conterrâneos como: Joaquim Gomes de Sousa, Luiz Carlos Cardoso, o
Cajueiro e José Cândido de Moraes e Silva. (Pacotilha
de 23.3. 1912), O jornalista itapecuruense
Cajueiro tem seu lugar garantido entre os pioneiros da imprensa escrita
maranhense.
Texto do livro ITAPECURUENSES NOTÁVEIS (2016) de autoria de Jucey Santana
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