João Carlos
Pimentel Cantanhede
Existem muitas
versões para narrar a origem de Itapecuru Mirim, mas poucos sabem qual delas é
a verdadeira. Segundo alguns, a nossa cidade surgiu do esforço comum entre
bichos e humanos para a criação de uma pequena povoação às margens do rio.
Vários animais
faziam parte da população e sociedade itapecuruense, exerciam, inclusive,
cargos importantes. Algumas raposas e toupeiras chegaram a exercer o cargo de
prefeito. Em Itapecuru Mirim, não somente os homens e seus parentes eram
homenageados dando nomes a logradouros, existe a famosa “Praça dos Jegues”, em
homenagem ao mais trabalhador dos animais de nossa cidade; temos também as
localidades “Vaca Branca” e “Morro do Burro”, em homenagem à vaca e ao burro,
respectivamente.
Todos viviam em
harmonia até que, incomodados com o status atingido pelos bichos, os humanos
tramaram uma maneira de expulsá-los. Em Itapecuru, quando algo estava errado, a
culpa, amiúde, recaia sobre algum animal. Buscaram nas características de cada
um, a maneira de acusá-lo: o porco foi acusado de sujar as ruas; a toupeira, de
cavar e destruir tudo; a traíra, de não ser confiável; o lobo, de ser malvado;
a cascavel, de ser perigosa e traiçoeira, o burro e o jumento foram
considerados ignorantes e incapazes; o gato e a raposa, de serem ladrões; e a
preguiça, de lentidão e comodismo. Assim, todo bicho sofreu algum tipo de
acusação.
No julgamento, os
humanos conseguiram de forma ardilosa condenar todos os outros habitantes da
cidade. Como punição foram definidas a submissão ou desterro. Dos animais que
escolheram o desterro, o bagre foi para Igarapé do Jundiaí, a vaca foi para o
brejo, e a égua foi para a baixa, hoje conhecida como baixa da égua.
Mas quisera o
destino que, com o passar dos anos, os homens itapecuruenses perceberam que
eram eles os possuidores daquelas características atribuídas aos bichos. Era
observada diariamente em Itapecuru
Mirim, gente com todo tipo de comportamento nocivo, que logo passou a receber
adjetivos associados aos bichos: porcos, raposas, traíras, cascavéis, preguiças
e tantos outros. Estava a cidade habitada somente por bichos. Não mais os
antigos e inocentes. Eram estes agora, chamados
bichos-homens.
Querida Jucey Santana, bom dia. Acabo de ler este micro conto. Uma belezura do autor, que me deixou com a sensação de "quero mais". Façovos, aqui e agora uma 'provocação', e por conseguinte uma sugestão: por que vocês não transforam este texto em uma peça de teatro? Sucesso hoje e sempre. Grande abraço.
ResponderExcluirEmenta: "Faço-vos".
ResponderExcluirObrigado pelas elogiosas palavras. A sugestão de adaptação para o teatro seria uma honraria que jamais imaginaria para esse meu singelo conto. Se o grupo de teatro de Itapecuru Mirim tiver interesse em fazer uma montagem, posso fazer a adaptação com muito prazer.
ResponderExcluirabraços,
E não posso deixar de agradecer a Jucey que sempre nos incentiva e oportuniza esse espaço para as nossas produções literárias.
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