João Batalha
A igreja do Desterro, marco real de São Luís, é o mais antigo apanhado
histórico da capital maranhense dedicado à fé cristã. Existe desde os
primórdios da colonização maranhense. Sua primeira construção data de 1618.
Fora destruída pelos holandeses em 1641 quando estes invadiram São Luís, sob o
comando do almirante Jon Lichthardt, a mando de Maurício de Nassau.
O comandante Koin Anderson teria saqueado o santuário da Igreja para
levar peças sacras em ouro e prata, para a Europa. Outros bens sagrados da
Igreja, também de valor, teriam sido roubados e vendidos.
Em 1822, quando sua edificação foi desmoronada pela segunda vez, devido
à ação do tempo, o negro José de Lê, morador de suas imediações, dedicou-se a
reconstruí-la. Falecendo antes de concluir seus sonhos, coube a José Antônio
Furtado do Queixo concluí-la em 1863. É a única igreja do Brasil que apresenta
traços de estilo bizantino.
Correntes orais dão conta que a edificação teria sido Loja Maçônica.
Talvez apenas tenha servido de local para encontro entre maçons, ou
reconstruído por maçons, Mestres da Arte Real.
Em seu interior são encontrados símbolos decifrados como maçônicos, o que
não significa que tenha sido uma Loja Maçônica. E não é estranho quando sabemos
que antigamente os maçons eram detentores dos segredos da arquitetura.
Igreja e maçonaria andaram de mãos dadas por longos anos.
A quase totalidade das Igrejas mosteiros era construída por pessoas
iniciadas na maçonaria e só um Mestre Maçom podia ser um Mestre de Obras. Foi a
instituição maçônica a maior responsável pela expansão das igrejas no Brasil e
desta incorporara influências e ritos.
Nada estranho encontrar igrejas católicas com símbolos maçônicos. Em
sítios arqueológicos ou escavações é normal encontrar-se tijolos com
simbologia maçônica. Os símbolos encontrados no interior da Igreja do Desterro
podem, também, serem símbolos antigos. O simbolismo se cruza nas diversas
instituições seculares. Não só a Maçonaria, mas também, outras organizações
ditas secretas nasceram na Igreja.
O esquadro e o compasso usados nas Lojas Maçônicas também já foram
utilizados na igreja católica como referencia a Deus e são vistos com
frequência em prédios públicos e bandeiras de estados e nações. Símbolos
estes, existentes no interior da Igreja do Desterro que fica no largo e bairro
do mesmo nome, em São Luís.
Os símbolos maçônicos estão cravados em posição superior ao altar-mor
desta Igreja. O assunto merece melhor e aprofundado estudo nos contextos
social, político, religioso e filosófico, para que não fiquemos a divulgar
incertezas como evidências.
O escritor João Francisco Batalha é
membro da Academia Vitoriense e Arariense de Letras, da Academia Ludovicense de
Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.
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