Benedito Buzar
Agora é lei e com direito à comemoração no Maranhão
do “Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas”.
Todos os anos, a 10 de junho, os maranhenses
deverão organizar celebrações em reconhecimento à influência da cultura
portuguesa em nosso Estado.
Já que o Governo do Estado tomou essa iniciativa
histórica, é de bom alvitre pinçar e reconhecer as figuras humanas de Portugal
que, na fase colonial, tiveram papel saliente em ações e eventos destinados à
melhoria do Estado do Grão-Pará e Maranhão.
Refiro-me ao padre Antônio Vieira, a Sebastião José
de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, e a Joaquim de Melo e Póvoas,
que, no meu modo de ver, são merecedoras do reconhecimento público dos
maranhenses, em favor do progresso de nossa terra e de nossa gente.
Do padre Antônio Vieira, deve-se sempre enaltecê-lo
e venerá-lo. Contraímos com ele uma imensa dívida e até hoje não saldamos, pela
renhida luta travada contra a escravidão indígena, por meio da sua
extraordinária retórica de missionário, que o tornou alvo da perseguição dos
senhores locais e da Inquisição.
Extremamente culto e combativo, Vieira, um
esgrimista da palavra, fez dela, no Maranhão, um instrumento poderoso na defesa
de suas convicções e princípios, consubstanciados na causa da liberdade dos
índios.
Quanto a Sebastião José de Carvalho e Melo, o
Marquês de Pombal, idolatrado em Portugal, projetou-se como principal ministro
do reinado de D. José I, tomando medidas que possibilitaram ampla reorganização
de Portugal e seu império. No Brasil, elas repercutiram e resultaram na
transferência do governo geral de Salvador para o Rio de Janeiro.
Através das ações pombalinas, deflagradas a partir
de julho de 1971, com a nomeação do sobrinho e engenheiro, Joaquim de
Melo e Póvoas a governador, o Estado do Grão-Pará e Maranhão
livrou-se de grave crise econômica e melhorou sua situação social.
Segundo o professor Mário Meireles, foi na gestão
desse novo e operoso governador que a Capitania do Maranhão viu a sua
agricultura e o seu comércio crescerem, com iniciativas que estimularam os
colonos a produzir mais e com melhor qualidade, haja vista à introdução
de implementos e insumos agrícolas e abertura de crédito aos produtores.
Paralelamente, construiu fortalezas para a defesa
da Companhia, lutou contra os padres, que teimavam em subjugar os nativos e
procurou levar a assistência social a todos os seus jurisdicionados.
Bandeira Tribuzi, no livro “Formação Econômica do
Maranhão”, afirma que “na verdade, o Maranhão só passa constituir-se realidade
econômica ponderável, no contexto colonial português, quando o Marquês de Pombal
decide criar condições objetivas de expansão, através da Companhia Geral do
Comércio do Grão-Pará e Maranhão.
Por falar no Marquês de Pombal, transcrevo o trecho
da carta de instruções que dirigiu ao sobrinho, quando este veio para o
Maranhão: “O p ovo que V.Excia. vai governar é obediente, fiel a el-rei, aos
seus generais e ministros. Com esta circunstâncias, é certo que há de amar a um
general prudente, afável, modesto e civil. A justiça e a paz com que V.Excia. o
governar o farão igualmente benquisto, porque, com uma e outra coisa, se
sustenta a saúde pública. Engana-se quem entende que o temor com que se
faz obedecer é mais conveniente do que a benignidade com que se faz amar;
pois a razão natural ensina que a obediência forçada é violenta, e a voluntária,
segura.”
Em tempo: ao contrário de Maquiavel, que
recomendava aos governantes o uso do temor como arma, o Marquês de Pombal
defendia ponto de vista contrário. Para ele, a bondade, a justiça e a paz
sustentavam o exercício do poder
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