(Para
Inaldo Lisboa)
Neurivan Sousa
uma cidade banhada por
um rio
mas cujas torneiras já
enferrujam
desde os últimos
resíduos de cloro
uma cidade banhada por
um rio
mas que a população
dorme
sem sequer lavar as
genitálias
uma cidade banhada por
um rio
um povo mudo sem voz e
vista
para mudar as próprias
vestes
uma cidade banhada por
um rio
assistindo ao voo dos
abutres
sobre sua própria
cabeça oca
uma cidade banhada por
um rio
mas cujo povo prefere
perfurar
poços ao lado das suas
privadas
uma cidade banhada por
um rio
povo que se curva à
ditadura da seca
bem merece morrer de
bunda suja.
Do
livro Púcaro Literário II, 200 anos de Itapecuru Mirim.
Neurivan Sousa,
professor, poeta, cronista, membro correspondente da Academia Itapecuruense de
Ciências, Letras e Artes - AICLA sóc, io da Associação Maranhense de Escritores
Independentes – AMEI e sócio da
Sociedade de Cultura Latina do Brasil.
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