Mauro Rêgo (*)
Quando publiquei a primeira edição
do meu livro “Santa Maria de Anajatuba”, em 1999, eu fiz duas afirmações que
faço questão de reafirmar neste trabalho: No final do capítulo INTRODUÇÃO assim
está escrito:
“O
conteúd o deste livro não tem a pretensão de encerrar o assunto. Um misto de realidade e sonho, desejando
apenas iniciar um trabalho e, se despertar o interesse de outros, a missão a
que me propus terá tido êxito, pois as minhas conclusões pessoais podem ser
alteradas quando novos documentos
puderem vir à luz.
De
minha parte, confesso que continuarei meu trabalho, minhas consultas, minhas
pesquisas sem técnica, na esperança de que novos fatos sejam acrescidos ou que
alguns já relatados sejam retificados, se for esse o caso. Críticas e sugestões
de qualquer natureza serão sempre
muito apreciadas.”
No início do Capítulo “O COMENDADOR
ROSA – Fundador da cidade”, consta o seguinte:
“A
figura do fundador desta cidade, o Comendador Joaquim José da Silva Rosa Filho,
Tenente Coronel Comandante da Guarda Nacional e Oficial da Ordem de Cristo,
ficou esquecida e até marginalizada ao longo dos anos (....). Resgatar a sua memória e colocá-lo no
merecido lugar de pioneiro da nossa história é um dever cívico que me impele a
pesquisar, no futuro e com maior profundidade, a sua figura exponencial nos
anos que precederam a nossa emancipação (...)”.
Hoje, mais de vinte anos depois,
constato que esses objetivos vêm sendo alcançados, mesmo com minha pouca
participação. Sabedor de algumas contestações, busquei a comprovação do título
de Comendador que lhe foi concedido em 4 de novembro de 1841 pelo Imperador D.
Pedro II, havendo tempo de inserir o seu pedido e a comprovação dessa concessão
na segunda edição desse livro. Também fiquei feliz com a informação de que uma
filha de nossa artista plástica e poetisa Ivone Mendonça Fernandes, membro da
Academia Anajatubense de Letras, Ciências e Artes (ALCA), está escrevendo um
livro sobre o Comendador Rosa.
Recentemente, entretanto, respondendo
a consulta do amigo João Francisco Batalha em mensagem no Whats App, o
vitoriense Washington Cantanhede oferece informações que nos obrigam a novas
pesquisas. Ele afirma que o nosso Comendador seria o Pai que era detentor da
Comenda da Ordem da Rosa, concedida também pelo Imperador D. Pedro II no mesmo
ano de 1841, de cujo decreto teria cópia.
A 3ª Edição do DICIONÁRIO
HISTÓRICO-GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO, de César Augusto Marques,
editada em 1970 pela Cia. Editora Fon-Fon e Seleta com patrocínio da SUDEMA,
nos oferece algumas controvérsias que passo a expor: Na página 80 diz: O Comendador Joaquim José da Silva Rosa e
João Constâncio Fernandes Lima (...) promoveram no lugar Santa Maria e
edificação de uma capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário do Sipaú. O
Capitão Joaquim José da Silva Rosa Rosa Filho e sua mulher dona Anna Raimunda
da Silva doaram à mesma Senhora do Rosário 50 braças de terra quadradas (...)”.
– 1846.
A terra doada pelo Filho, estaria
situada na Ilha das Voragicas do Juçatuba. Dez parágrafos adiante, faz a
seguinte declaração: “Nunca o Comendador
Rosa foi possuidor de terras na dita ilha”. Afinal a quem o autor se
refere, se as Comendas foram concedidas a ambos em 1841, antes da construção e
da doação?
Em 1996, após vários pedidos de
informação, o Arquivo Nacional, através da CARTA NA/DAI/Nº 173/96, de 24/05/96,
prestou-me a seguinte informação: a)Ordem
de Cristo concedida em 4 de novembro de 1841 ao Tenente-coronel Joaquim José da
Silva Rosa Filho e ao Padre Ignácio de Morais e Silva – Doc III / Pct/.3 / Cx
789; b) concessão do Hábito da Ordem de Cristo, em 18 de julho de 1841, ao
Padre Ignácio Mendes de Moraes e Silva – Doc 83 / Pct.3 / cx 789. Note-se que em janeiro desse ano
já o Arquivo Nacional me enviara, em CD, cópia do requerimento de ambos
solicitando a regalia. Mas em 30/06/2000, o Arquivo Nacional através da CARTA
NA/CAI/Nº 246/2000, informou-me que a concessão da comenda da Ordem de Cristo
em 4/11/1841 diz respeito a Joaquim José da Silva Rosa mas que, até aquela data
a unidade de guarda da documentação escrita não localizara essa comenda nem a
do Padre Inácio. Já havia indagado em
correspondência de 6/04/99, da possibilidade de terem ambos recebido a comenda,
mas nenhuma resposta me foi dada.
Talvez o pesquisador José Antonio
Nunes Aguiar, evocado pelo Dr. Washington, possa elucidar esse fato. Pena que,
quando da demolição da Igreja Matriz de Anajatuba pelo Padre Chiquinho, não
tenha sido preservada a lápide que cobria o túmulo de Joaquim José da Silva Rosa
Filho que, entre outras informações, constava a de “fundador desta Villa” e cujo registro consta na folha 209v do Livro
de Óbitos da Frequesia de Santa Maria de Anajatuba conservado no Arquivo
Público do Estado do Maranhão.
Avento novamente a possibilidade de
ambos terem sido agraciados, pois segundo as informações obtidas na fonte acima
citada (mensagem do Whats App), o Comendador Joaquim Jose da Silva Rosa (Pai),
era casado com D. Amália Gertrudes da Silva Rosa, neta do Alcaide-Mor José
Gonçalves da Silva, fundador da Vila de Itapecuru-Mirim. Joaquim José da Silva
Rosa Filho, era casado com D. Anna Raimunda Silva Rosa que está sepultada ao
lado do seu esposo na nave central da Igreja Matriz de Anajatuba. O primeiro
“agraciado” pelo Imperador devido a participação na Guerra da Balaiada e o
último atendendo solicitação pessoal (pág.220 da obra citada) onde não há
explicação sobre o mérito. Também era de bom alvitre comprovar ter sido o
segundo um dos eleitores especiais da Vila do Mearim, segundo nos informa o
Padre Brandt e Silva.
Essas comprovações, deixo a cargo
dos Drs. Washington e José Antonio,
jovens pesquisadores que certamente tiveram acesso a documentos
confiáveis, pois longe de mim a ideia de entrar em confronto com tão ilustres
personalidades, uma vez que reafirmo no Prefácio da 2ª edição do meu livro
acima citado, “não ser um historiador nem
ter formação acadêmica em História, preferindo situar-me como memorialista e
pesquisador”. Não poderia nem situar tal confronto como a luta entre Davi e
o gigante Golias, eis que Davi era um pastor de ovelhas e eu, quando muito,
teria orgulho de ser um vaqueiro; também Davi era um jovem e eu um ancião.
(Mauro Rêgo é escritor, membro da
Academia Anajatubense
de Letras, Ciências e Artes (ALCA) e da
Academia Itapecuruense
de Ciências Letras e Artes (AICLA)
Entre
as fontes consultadas em minhas pesquisas, está o Dicionário Histórico e
Geográfico da Província do Maranhão, de autoria de César Augusto Marques,
considerado um dos mais respeitados historiadores do Séc. XVII, que devido as
dificuldades de informação da época, apresenta algumas informações
controversas, a exemplo:
-
Afirma que os sobreviventes do Arraial de Guaxenduba, vieram a formar
Nenhum comentário:
Postar um comentário