Adesao
Para
melhor entendimento da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil, faz-se
necessária uma pequena abordagem da situação em que se encontrava a região na
época.
Antecedentes
Em 1621
o território brasileiro foi dividido em duas unidades, administrativas
autônomas: o território do Maranhão, com a capital São Luís abrangendo os
atuais Estados: Maranhão, Pará, Piauí, Amazonas e Ceará e o Estado do Brasil
com capital em Salvador, abrangendo as demais regiões (capitanias). Em 1654
passou a ser designado, Estado do Maranhão e Grão-Pará, com a capital em São
Luís. Em 1718 foi criada a capitania de São José do Piauí, subordinada ao
Maranhão. Em 1737 recebeu nova denominação: Estado do Grão-Pará e Maranhão,
sendo a capital transferida para Santa Maria de Belém do Grão-Pará. A partir de
1772 passou por nova divisão administrativa, ficando com duas unidades: o
Estado do Grão-Pará e Rio Negro (atual Estado do Amazonas), com sede em Belém,
e o Estado do Maranhão e Piauí, com sede em São Luís.
Em 1811
o Piauí se separou do Maranhão, se tornando independente, com a capital em
Oeiras. Em 1815 o Maranhão deixou de ser Estado Colonial e passou à condição de
Província Portuguesa.
D. Pedro I e a
Independência
Em abril
de 1821 a Corte retornou a Portugal depois de 14 anos no Brasil, ficando como
regente Dom Pedro, primogênito do rei Dom João VI. D. Pedro I já havia dado o primeiro sinal de rebeldia às ordens
portuguesas no “Dia do Fico” (9.1.1822). Em 7 de setembro de 1822 foi
proclamada a Independência do Brasil, porém, as províncias do Norte, não
atenderam ao brado da “Independencia
ou Morte”, e continuaram ligadas a Portugal, por manterem melhores
contatos políticos e comerciais com Lisboa do que com o Rio de Janeiro, devido
às facilidades da navegação e os interesses que os portugueses tinham de
continuar o domínio de parte do Brasil.
Para
manter a região como colônia portuguesa a Coroa enviou armas e munições para o
Maranhão e Piauí, e nomeou o major João José da Cunha Fidié como governador das
Armas. Em 19 de outubro de 1822, Parnaíba declarou adesão à Independência do
Brasil. Fidié preparou sua tropa militar, que se encontrava em Oeiras, capital
do Piauí, para conter os independentes de Parnaíba, mas não contava com a
estratégia dos habitantes insurgentes, que se esconderam em um povoado vizinho,
deixando a cidade deserta.
Enquanto
isso, em 24 de janeiro de 1823, o Piauí foi declarado independente. Fidié toma
conhecimento e volta para reprimir o movimento separatista, mas as tropas lusas
chocam-se com as tropas dos piauienses, maranhenses e cearenses na Vila de
Campo Maior, às margens do riacho Jenipapo, onde ocorre um sangrento combate
que ficou conhecido como a Batalha do
Jenipapo. O embate durou cerca de cinco horas, em 13 de março de 1823.
Morreram mais de 300 combatentes e ficaram prisioneiros mais de 500
independentes. Fidié saiu vencedor, porém, sem armas e com os combatentes
cansados e doentes, desistiu de atacar Oeiras, tendo se deslocado para Caxias
em busca de apoio e armamento.
Adesão do Maranhão em Itapecuru
Mirim
Quase um
ano depois, o Maranhão se mobilizou em busca da independência de Portugal, mesmo que a capital
ainda continuasse avessa aos comandos do Rio de Janeiro e fiel à Coroa
portuguesa. A Vila de Itapecuru Mirim se tornou um marco histórico, por ter
sido o centro político do processo como palco das últimas negociações e
confrontos que culminaram com a vitória dos independentes.
Depois
da adesão em todo o Piauí, as tropas
leais a D. Pedro I, foram adquirindo mais simpatizantes e adentraram ao território maranhense pela região do Baixo
Parnaíba sob o comando de Salvador Correia de Oliveira. Em 16 de maio tomaram a Vila de Brejo e posteriormente juntaram-se em 25
de maio, um grupo com um grupo de varias
dezenas de homens, liderado de João Ferreira Couto (João Bunda), que já
havia tornado independente Manga do
Iguará, atual Nina Rodrigues. Os dois grupos se uniram e em 10 de junho
de 1823 usaram como estratégia sitiar o quartel militar da Vila de Itapecuru
Mirim (Itapucuru) e sustentaram uma batalha que durou mais de quatro horas.
O
combate aconteceu no largo da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, entre os
independentes e aliados dos portugueses. O comandante geral, tenente-coronel
José Félix Pereira de Burgos, fiel aos lusitanos, conseguiu reunir e armar seus
comandados, juntamente com os moradores, para proteger a vila, invadida por
1.800 homens, sendo 1.600 a pé e 200 a cavalo. Burgos, temendo um assalto
noturno, fez iluminar toda a vila para melhor defesa. O confronto resultou em
um saldo de 23 mortos, 21 feridos e vários prisioneiros. Depois do episódio, em
17 de junho, Burgos foi demitido do comando geral por denúncia de ter sido
tendencioso à Adesão. Ao passar-se para a causa dos independentes, o
tenente-coronel Burgos, (barão de Itapecuru) levou consigo nove de seus
oficiais e a simpatia dos habitantes, conseguindo frear a ação dos portugueses
(O Conciliador, 18.6.1823).
Na Casa
da Câmara de Itapecuru Mirim, traçaram as estratégias para assumir o governo na
capital. Em 20 de julho, através de uma Câmara Geral, foram eleitos quatro
membros para uma Junta Provisória Independente, com os seguintes cidadãos:
padre Pedro Antônio Pereira Pinto do Lago, Antônio Joaquim Lamagnere Galvão,
Francisco Gomes da Silva Belfort e Antônio Raimundo Belfort Pereira Burgos,
para composição de mais três na capital, o tenente-coronel José Félix Pereira
de Burgos[1]
ficou como governador das armas. Estava então instalado o novo governo
independente, com aclamação ao imperador D. Pedro I e juramento de fidelidade à
Nação Brasileira. Portanto, 20 de julho ficou marcado em Itapecuru Mirim como o
dia decisivo da Independência do Maranhão.
Independência na Capital
Apesar da maioria das vilas do Maranhão já se encontrarem
independentes, a capital ainda resistia, subordinada à Coroa Portuguesa. No dia
26 de julho fundeou o navio do almirante Thomas Cochrane, contratado por D.
Pedro I para combater os portugueses. No dia 27, foi recebida à bordo pelo
almirante a Junta Governativa eleita em Itapecuru Mirim, quando foi marcado
para o dia seguinte o encontro com o governador da Província, que não ofereceu resistência a adesao. No dia
28 de julho,[2]
às 10 horas, no Palácio do Governo, houve o ato solene da Adesão do Maranhão à
Independência do Brasil.[3]
O ato encerrou depois do meio-dia, com a deposição do governador, as salvas do
estilo, a bandeira portuguesa arriada e içada a bandeira brasileira. Estava
então, oficializada a Adesao do Maranhao
a Independencia do Brasil.
Lei
nº 2.457, de 2 de outubro de 1964, declara feriado estadual o dia 28
de julho. ... "Art. 1º É feriado
estadual o dia 28 de julho, data
magna do Estado, onde se comemora a Adesão do Maranhão à Independência do
Império do Brasil."
Do livro Sinopse da Historia de Itapecuru Mirim de autoria de Jucey
Santana
[1] Em
reconhecimento aos serviços prestados à pátria, no processo da Adesão do
Maranhão à Independência do Brasil, a Coroa Imperial outorgou a José Félix
Pereira de Burgos, o título de Barão de Itapucuru, registrado no
Cartório de Nobreza e Fidalguia em 17.11.1829 e o título com Honras de
Grandeza em 7.4.1846. Também foi presidente da Província do Pará em 1830 e
ainda ministro da Guerra, passando a ser conhecido como Senhor Itapucuru.
[2]
No Maranhão, a adesão só aconteceu no dia 28
de julho, na Bahia foi 2 de julho e no Pará, 15 de agosto.
[3]
Pela Lei nº 11 de 6 de maio de 1835 a
Assembleia Provincial declarou feriado estadual o dia 28 de julho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário