Luiz
de Mello
Discurso do pesquisador Luiz de Mello, lido por Jucey
Santana, na Associação dos Escritores Independentes (AMEI), em 9 de outubro do
corrente ano, por ocasião do lançamento da coleção Quadros da Vida Maranhense,
de autoria de Jeronimo de Viveiros, pela
Academia Maranhense de Letras. O importante resgate literário, pesquisado por
Luiz de Mello, passou por revisão de alguns
acadêmicas da AML e está a venda na Livraria AMEI.
Senhoras
e senhores,
Mais
uma vez agradeço à Academia Maranhense e à Academia Ludovicense de Letras, pela
sincera homenagem que ora me prestam, aliás, não só a mim, mas também ao autor
de quadros da vida maranhense, mestre Jerônimo de Viveiros, certamente um dos
mais importantes historiadores deste estado no século XX.
Frequentei,
por algum tempo, a residência de Viveiros, na rua da Mangueira, entre as ruas
Grande e Santana e com ele tive boas conversas sobre a história do comércio do
Maranhão, de um modo bastante significativo para mim, dentro de meus limites de
assimilação, em razão de minha pouca idade. Ainda assim, adquiri variados
conhecimentos acerca da historiografia maranhense, naquele tempo que já vai
longe, entre 1962 e 1964.
Foi
Jerônimo de Viveiros quem me recomendou a Mário Meireles, Rubem Almeida e
Domingos Vieira Filho e destes recebi os maiores incentivos e conselhos
referentes à história e à literatura de um modo geral.
Jerônimo
de Viveiros era um homem simples, o que me deixava com mais facilidade para com
o mesmo dialogar, logo eu, um jovem de dezoito anos de idade e ele um
respeitável ancião de setenta e sete anos.
Minhas
visitas à casa de Viveiros, os diálogos e as leituras de textos históricos,
aguçaram-me a vocação de pesquisador e leitor de jornais e artigos, para
investigar o nosso passado histórico, artístico e literário.
Embora
tenha realizado minha primeira pesquisa em 1965, (acerca do teatrólogo Américo
Azevedo) somente em 1985 continuei a pesquisar, com profundidade os mais diversificados
assuntos para terceiros, como única forma de sobrevivência financeira.
Já
no presente século, tratei de organizar alguns livros de temas históricos e
assim, vieram o lume O Maranhão Histórico
de Ribeiro do Amaral (2003), Cronologia
das Artes Plásticas no Maranhão (2004), Páginas
de Saudade, de Crysóstomo de Souza (2005), Informação sobre a Capitania do Maranhão dada em 1813, de Bernardo
José da Gama (visconde de Goiânia) 2013, Escorço
da História do açúcar no Maranhão/no tempo
das eleições a cacetes, de Jerônimo de Viveiros (2016) e Variedades Históricas Maranhenses (2019), no qual há
artigos de Sotero dos Reis, César Marques, Alexandre Rodrigues Ferreira e João
Afonso do Nascimento.
Fechando
o ciclo de publicações de livros históricos, acredito ter chegado ao topo da
montanha, exatamente quando pressinto que estou no outono da minha existência.
Sem
nenhuma dúvida, afirmo que toda a minha vocação de pesquisador ramificou-se em
mim, depois das dezenas de visitas à casa de Jerônimo de Viveiros nos primeiros
anos da década de 1960.
Portanto,
louvável é a atitude da Academia Maranhense de Letras, que em boa hora resolveu
editar Quadros da Vida Maranhense, obra dividida em fascículos, tornando
realidade o que o saudoso escritor Josué Montello aconselhara em 1959.
Finalmente,
seis décadas após o apelo de Josué Montello, vem a lume Quadros da Vida
Maranhense!
Muito
obrigado.
Luiz
de Melo
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