Em 15 de maio corrente a Academia Ludovicense de Letras, fez a abertura do projeto “Luzes da Ribalta”, na Academia Maranhense de Letra, com homenagens aos pesquisadores Luiz de Melo e Jean Marie Collin.
O
projeto tem por objetivo reverenciar pesquisadores, escritores e artistas que
prestaram relevante contribuição à cultura maranhense, com a outorga da maior
honraria da instituição, a Medalha Maria Firmina dos Reis. À signatária, coube
discorrer sobre a vida e obra de Luiz de Melo:
Luiz Franco de Oliveira Melo,
nosso querido Luiz de Melo, pesquisador e contista maranhense, nasceu em 6 de maio de 1944. Muito cedo enveredou pelo
campo da literatura. Ao se tornar funcionário
público, intensificou seu trabalho na literatura depois abraçou a pesquisa histórica como forma de
sobrevivencia financeira.
Hoje aos 75
anos, o persistente Luiz de Mello parece carregar um fardo pesado demais diante
de sua saúde precária.
Ainda assim, ele não tem repouso e movimenta-se por
acervos de bibliotecas da Capital, pesquisando e mantendo, além da obstinação,
uma luta constante para que os seus trabalhos sejam publicados.
A partir de 1961 iniciou sua trajetória
literária, ainda adolescente, começou a escrever contos e romances. Na ocasião mostrou seus escritos a duas escritoras:
Arlete Nogueira e Helena Barros Huley.
De ambas recebeu incentivo para continuar escrevendo.
Em 1963, publicou seu primeiro conto no jornal do
Itapecuruense Zuzu Nahuz, Correio do
Nordeste. Através deste jornal que ele conheceu a poetisa Venúsia Neiva, os jornalistas Zuzú e Alfredo Galvão, os poetas José Chagas,
Bandeira Tribuzi, Nauro Machado, José Maria Nascimento e outros.
Em 1964, já estava bem ambientado nos meios
literários. Lembra Luiz Melo que na época os contistas mais conhecidos eram:
Ubiratan Teixeira, Bernardo Tajra, Fernando Moreira, Reginaldo Teles, Jorge
Nascimento e Erasmo Dias, que passaram a demostrar interesse e admiração ao jovem escritor .
Até 1965 Luiz de Melo já havia escrito oito romances, duas peças teatrais e
dezenas de contos. Sem condições financeiras para publicar seus escritos ia armazenando. Chegou
a mostrar a alguns escritores e amigos
mas estes nada puderam fazer para ajuda-lo.
Infelizmente, em 1966, durante uma crise de
alcoolismo, tocou fogo em quase tudo, romances
e peças teatrais viraram cinzas, o
que lamenta até hoje.
Foi
colaborador de vários jornais nos anos 60 e 70,
como o Correio do Nordeste, Jornal do Dia e o semanário Jornal do
Maranhão.
A sua primeira pesquisa data de 1965, sobre a obra
do comediógrafo Américo Azevedo, irmão de Aluísio e Artur Azevedo. Infelizmente
depois de exaustiva pesquisa as comédias caíram no esquecimento, nada foi publicado. Uma pena!
Depois de um período desempregado, em 1985, foi
contratado pela Secretaria da Fazenda do Estado, por intermédio de Nascimento Moraes Filho, para realizar uma longa pesquisa do período de 1835
a 1981 da História do Tesouro Público Provincial.
O trabalho durou dois anos e meio, foi
gratificante!
Posteriormente surgiram convites de mais duas
Secretarias de Estado e de alguns escritores. E assim ele foi sobrevivendo, pesquisando sem parar. Foram tantas as
pesquisas que ele não consegue
relembrar, apesar da sua prodigiosa memória. Como não tinha emprego, era um pesquisador autônomo, como
meio de vida.
Suas pesquisas giram em torno 70% de questões históricos e 30% de literários. Pesquisou sobre
comércio, indústria, navegação fluvial, estabelecimentos bancários, cinemas,
fábricas de tecidos, terrenos e seus
primitivos proprietários, inúmeras sesmarias, ruas e outros logradouros
públicos, atividades de fotógrafos,
pintores, escultores, desenhistas, e localizou obras como romances, contos,
crônicas e poesias de vários autores, dos séculos XIX e XX, enfim, trata-se de
uma extensa lista de textos pesquisados em mais de cinco décadas.
Sobre os autores maranhenses Luiz de Melo questão
de destacar os seguintes com quem teve sempre muito contato e admiração: Nauro
Machado, Bandeira Tribuzi, José Chagas, Mário Meireles, Jomar Moraes, Arlete
Nogueira da Cruz, Ubiratan Teixeira, Bernardo Almeida, Fernando Braga,
Francisco Tribuzi, Josué Montello, José Louzeiro, Carlos Cunha, José Maria
Nascimento, Ferreira Gullar, Lucas Baldez, Fernando Moreira, Ceres Costa
Fernandes, Domingos Vieira Filho, Nascimento Moraes, Clóvis Ramos, José
Fernandes, Lenita de Sá, Manoel Caetano Bandeira de Mello, Wilson Martins, Alberico
Carneiro, Joaquim Haickel, José Sarney,
Lucy Teixeira, Laura Amélia Damous, Carlos Gaspar, Alex Brasil, Ivan Sarney, Joaquim
Itapary, Cunha Santos Filho, Lourival
Serejo, Waldemiro Viana, Américo Azevedo Neto, Benedito Buzar, Álvaro (Vavá)
Melo, Lino Moreira, Cursino Raposo, José
Ribamar Caldeira, Wanda Cristina, João Mohana, Herbert de Jesus Santos, Dagmar
Destêrro, etc, etc.
Durante sua trajetória literária
acompanhou com interesse a produção literária do Maranhão, afirmando que sempre esteve aquém do esperado, apesar de grandes
talentos, excetuando os autores que
possuíam recursos próprios, a política
editorial do estado era muito emperrada,
porém, com o advento da AMEI, abraçando
a causa do escritor o marasmo no cenário literário aos poucos está aos pouco se
dissipando.
Só relembrando: a única Antologia de Contos
Maranhenses, coordenada por Arlete Nogueira da Cruz, em 1972, nunca foi
reeditada. Isso é lamentável. Vale registrar que o casal Nauro Machado e Arlete
sempre foram seus maiores amigos e incentivadores, o tratando por Melão.
Luiz de Mello é autor dos seguintes livros:
1 - Os Pintores Domingos e Horácio Tribuzi
(pesquisa histórica) 1989;
2 - Meridiano Oposto (contos) 1990.
3 - Os terroristas e os outros (conto). (1993).
4 - Os segredos de Guímel (contos) 1996;
5- Primórdios da telefonia em São Luís e Belém
(pesquisa) 1999, integrando a série
Documentos Maranhenses;
6 - Pintores Maranhenses do Século XIX
(pesquisa). (2002);
7 - Cronologia das Artes Plásticas no Maranhão
(1842–1930), 2004.
Organização de textos:
1 - O Maranhão Histórico (ensaio), de José Ribeiro do Amaral. 2003. Coleção GEIA de Temas Maranhenses.Vol.1.
2 - Informação sobre a Capitania do Maranhão
dada em 1813, de Bernardo José da Gama (Visconde de Goiana) 2013.
3 - Dois Estudos Históricos de Jerônimo de
Viveiros – Escorço da História do Açúcar no Maranhão/No tempo das eleições a
cacetes. 2016.
4 - Quadros da Vida Maranhense, de Jerônimo de
Viveiros (inédito).
5 – Variedades Históricas Maranhenses (2019).
6 - Páginas de Saudade, crônicas de
Crysosthomo de Souza (inédito).
7 - Coisas do Nosso Folclore, artigos de
Nonnato Masson (inédito).
Nenhum comentário:
Postar um comentário