sábado, 26 de novembro de 2016

A FEIRA DO LIVRO NA GESTÃO DE TADEU PALÁCIO



Por: Benedito Buzar

A Feira do Livro, criada na gestão do prefeito Tadeu Palácio, foi o evento mais marcante de sua administração e realizada com êxito no segundo semestre de 2006 e repetida com o mesmo empenho em 2007 e 2008.

Nos três anos da gestão de Tadeu, o palco da Feira foi a Praça Maria Aragão, onde tudo funcionou maravilhosamente, graças a uma coordenação que organizou e executou caprichosamente o evento, fazendo-o ganhar repercussão dentre e fora do Maranhão.
Os convidados – escritores nacionais de vulto e os estaduais de reconhecido valor- se encarregaram de mobilizar as atenções da sociedade maranhense, que marcou presença nas palestras, conferências, mesas redondas, noites de autógrafos e lançamentos de livros.

Pela abrangência e localização da Praça Maria Aragão, o público se movimentou com facilidade, os veículos puderam estacionar à vontade, sempre protegidos por um eficiente esquema de segurança, garantindo assim a presença de um grande número de pessoas, inclusive do prefeito Tadeu, que, às noites, ali, dava expediente e acompanhava o desenrolar da programação.

O êxito da Feira do Livro, nos anos de 2006, 2007 e 2008, repercutiu local e nacionalmente, tornando-a uma iniciativa irreversível no calendário cultural da cidade, fato que levou o substituto de Tadeu, João Castelo, a assumir o compromisso público de promovê-la no seu mandato.

                       A FEIRA DO LIVRO NO MANDATO DE CASTELO

O novo prefeito da cidade, tomando por base o notável feito da administração de Tadeu, disse que daria prioridade ao evento para fazê-lo igual ou melhor do que o anterior, razão pela qual criou um grupo de trabalho especialmente para cuidar do assunto.

A coordenação, nomeada pelo novo gestor da Capital, se teve o discernimento de manter a Feira na Praça Maria Aragão, pois circulava a notícia de possível transferência para outra área da cidade, não a teve para assegurar recursos no orçamento do município, fato que quase compromete a montagem dos stands, o pagamento de cachês aos escritores e outras atividades inerentes à promoção cultural.

Mesmo com as dificuldades operacionais e os problemas financeiros, aos trancos e barrancos, o evento aconteceu no mandato de Castelo, mas aquém da gestão de Tadeu Palácio, especialmente pela ocorrência de imperdoáveis falhas e reiteradas improvisações.
Lembro que no último ano, por coincidir com o processo da sucessão à prefeitura, a Feira por pouco não caiu no poço.

A FEIRA DO LIVRO NA ERA EDIVALDO
Antes de assumir o comando da prefeitura de São Luis, Edivaldo Holanda Júnior, manifestou apoio irrestrito à Feira do Livro, por considerá-la imprescindível à cultura da cidade.
Mas ao tomar posse no cargo, não se empenhou para dar à Fundação Municipal da Cultura condições operacionais e orçamentárias para o evento chegar a bom termo.

Como primeiro impasse, um espaço adequado para instalação da Feira, já que a Praça Maria Aragão estava literalmente interditada. Depois de buscas pela cidade,  a Praia Grande aparece como solução, mesmo com os problemas nela encontrados, a exemplo, da precariedade de ambientes propícios às conferências e mesas redondas, realizadas em prédios distantes um do outro.

Como se isso não bastasse, eclode o veto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, através da superintendente, Kátia Bogéa, não permitindo a montagem dos stands na Rua Portugal, para não afetar o cenário do centro histórico.

Depois de controvérsias e desencontros entre as partes, as arestas são parcialmente removidas, a Feira consegue sinal verde para instalar-se, àquela altura dos acontecimentos, sob o pessimismo de livreiros, escritores e do público.

No ano seguinte, em 2014, para evitar problemas do ano passado, a Fundação Municipal de Cultura descarta sumariamente a Praia Grande para palco da VIII Feira do Livro e acerta com a Fundação da Memória Republicana a cessão das instalações do Convento das Mercês.

Imaginava-se que naquele espaço, o evento se reencontrasse com as suas origens. Ledo engano. Do primeiro ao último dia, notou-se a ausência de público, sob alegação da insegurança no bairro do Desterro e do precário estacionamento. Nem com o reforço da mídia, o evento melhorou.

Esses dois fatores assustaram a população, que, sem a sua presença, fez o evento perder força, cair no marasmo, e comprometer a comercialização e lançamento de livros, as palestras dos escritores e as mesas redondas, algumas até canceladas.

Para não repetir o quadro de frustração de 2014, a coordenação da Feira de 2015 pensava descobrir outro espaço, de modo a reabilitá-la e dar-lhe a credibilidade de outrora.
Embalde. À falta de alternativa, a Praia Grande é mais uma vez escolhida para cenário do evento, que se auspiciava mais revigorado pela ajuda financeira do governador Flávio Dino, mas, por ser limitada, não conseguiu levantá-la e fazê-la renascer das cinzas.

Resultado: novamente o evento deixa a desejar e as esperanças se projetam para 2016, que, por ser um ano eleitoral, com o prefeito Edivaldo candidato à reeleição, a X Feira do Livro transformar-se-ia numa vitrine, capaz de catalisar votos para mantê-lo no cargo.

Quem sonhou com isso, caiu da cama, pois à medida que se aproximava a realização da Feira, a vulnerabilidade financeira da prefeitura era patente e mostrava-se impotente para bancá-la, fato que a mídia diariamente explorava e cobrava, mas sem resposta.

Por conta desse transtorno financeiro e da irresponsabilidade das autoridades municipais, a Feira engessou-se. Quando tudo levava a crer que nada aconteceria para alavancá-la, uma empresa comercial de São Luis, como patrocinadora de última hora, aparece no horizonte da incredulidade, estende a mão à prefeitura e evita um vexame maior.

Com aquela receita inesperada, mas o suficiente para a Feira não ser vergonhosamente sustada, foi montada às pressas, mas sofrendo corte na sua estrutura física, na duração do evento – de dez para seis dias – e na redução e participação de livreiros e escritores. Não à toa,  o evento deste ano foi considerado o mais fraco dos dez anos de vida da Feira.
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RECEITA PARA A FEIRA NÃO TER UM TRISTE FIM.

Para não se dizer que só  critiquei, apresento esta singela sugestão para tentar reerguer a Feira do Livro: em vez de anual, transformá-la em bienal, como nas principais cidades brasileiras.

Rio de Janeiro e São Paulo, os dois maiores mercados editoriais do país, com dezenas de livrarias e milhões de leitores, não se dão ao luxo de fazer Feiras anuais. São realizadas de dois em dois anos, tempo suficiente para avaliações e planejamentos.

Comenta-se que a Feira de São Luis é anual por causa da lei que a criou.  Pura falácia. Alterar uma lei ordinária (no bom sentido da palavra) é algo fácil e sem trauma. Se o prefeito e os vereadores quiserem ela muda rapidamente.

UM ELOGIO MERECIDO.

Não posso terminar esta coluna sem esquecer o trabalho insano de Rita de Oliveira, coordenadora do evento. Trata-se de uma mulher de fibra e de coragem que em momento desistiu ou deu demonstração de vencida. Lutou desesperadamente e ultrapassou as vicissitudes que se antepunham à realização da X Feira do Livro. Palmas, pois, para Rita de Oliveira, pela obstinação e força de vontade.


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