SÉRIE CRÔNICAS –
ANO III/nº 35/2016
CRÔNICA DE NOVEMBRO – Um Baú Prá Nossa História
JOSEMAR SOUSA LIMA
A cidade de Itapecuru Mirim tem sua
origem vinculada à ação missionária dos jesuítas da Companhia de Jesus que, já
em 1619, ali implantaram a “Aldeia do Itapecuru”, como base de uma futura
Aldeia de Paz destinada aos índios “guanarés” e “barbados” que ocupavam a
região ribeirinha. Depois veio a povoação, denominada “Arraial da Feira”;
posteriormente a fundação da” Freguesia de Nossa Senhora das Dores”, em 1802; a
criação Vila de Itapecuru Mirim, em 1818; e, finalmente, a elevação da Vila à
categoria de cidade, estabelecida pela Lei n° 919, de 21 de julho de 1870,
aprovada pela Assembleia Provincial e sancionada pelo presidente em exercício,
José da Silva Maia.
Baseados nos registros escritos, deste
as anotações do padre Serafim Leite, dando conta da existência de índios
batizados provenientes da Aldeia do Itapecuru, no massacre ocorrido aos
jesuítas da Companhia de Jesus, executado pelos índios “barbados”, são 397 anos
de história.
Os fatos ocorridos nesse longo caminho
estão espalhados pelo mundo, desde os livros manuscritos existentes na Torre do
Tombo, em Portugal, até inscrições em uma pedra angular encontrada
milagrosamente em um casebre localizado à margem do Rio Itapecuru.
Os nossos jornalistas, escritores e
pesquisadores têm procurado jogar luz sobre os fatos e eventos ocorridos nesses
quase 400 anos, com uma colaboração significante na área de pesquisa e
publicações sobre os fatos, eventos e, principalmente, sobre os seus
protagonistas: pessoas que atuaram nas áreas econômica, social, ambiental,
cultural, tecnológica e institucional, independente de raça, cor, etnia,
geração ou condição econômica.
Como o Rio Itapecuru busca determinada
e obstinadamente chegar ao mar, essa avalanche de informações e dados também
caminha para o mar do esquecimento de não for pescada no tempo certo e
adequadamente armazenada.
Um dos veículos mais eficazes para
armazenar esse acervo o longo do tempo, muito antes da internet, tem sido o
jornal impresso, mas necessita de um pescador atento e obstinado que, no calor
do dia ou no frio da noite, esteja sempre alerta para pescar o assunto e
transformá-lo em notícia – o jornalista!
Itapecuru Mirim ao longo do tempo tem
sido privilegiado tanto com a existência de periódicos impressos, como “A
Gazeta” e “O Trabalhista” que atuaram no período 1935/1952, ambos dirigidos
pelo brilhante professor, jornalista e político, João da Silva Rodrigues, como
pela existência de jornalistas extremamente dedicados à história local. O
próprio professor João da Silva Rodrigues e seu filho Antônio Olívio Rodrigues;
Zuzu Coelho Nahuz e, mais recentemente, o jornalista, escritor e pesquisador
Benedito Bogéa Buzar, entre outros.
Nesse rol temos que destacar também a figura do professor João da
Cruz da Silveira, cognominado pelos seus alunos, entre eles esse modesto
cronista, de “Arquivo Vivo”, pelo volume de informações que detinha sobre a
história e as estórias de nossa terra.
Esse destaque dado ao jornal impresso,
mesmo aos jornaizinhos produzidos nas escolas - e foram muitos em Itapecuru
Mirim pelo menos no meu tempo de estudante – como verdadeiros baús da história
itapecuruense e aos seus destacados jornalistas como eficientes pescadores de
assuntos e criadores de notícias vem num momento em que celebramos os 25 anos
do Jornal de Itapecuru, fundado em 23 de novembro de 1991 pelo jornalista
Gonçalo Amador Nonato.
O Jornal de Itapecuru tem conseguido
catalisar tudo que foi escrito nesses quase 400 anos de história escrita sobre
o nosso município, seja reproduzindo as matérias publicadas pelos jornais do
passado ou abrindo espaços generosos para o que é produzido localmente, sejam
artigos, crônicas, resenhas, livros, pesquisas, etc., tornando-se, assim, uma
fonte indispensável de consulta para pesquisadores, escritores, historiadores,
estudantes e todos que buscam informações sobre os a trajetória história ou
contemporânea desse importante município maranhense.
É relevante e digno dos maiores
louvores a parceria que o Jornal de Itapecuru tem desenvolvido com a Academia
Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA, possibilitando que seus
membros possam dispor de um espaço privilegiado para publicação e/ou divulgação
de seus trabalhos oriundos das ciências, das letras ou das artes. Destaco como
exemplo, os trabalhos desenvolvidos pelos membros da AICLA de trazer à luz a
vida e a obra de seus quarenta e dois patronos, figuras memoráveis muitas delas
cobertas pela poeira do tempo e que vão pouco a pouco mostrando todo seu
brilho.
Nesses 25 anos de existência a figura
do jornal se confunde com a de seu criador e muitas das vezes criador e
criatura se fundem numa simbiose pela sobrevivência.
O jornalista Gonçalo Amador Nonato
merece todos os louvores e reconhecimento dos itapecuruenses pela sua
dedicação, persistência e postura ética na condução desse já tradicional
veículo de comunicação.
Temos consciência das dificuldades que
esse experiente jornalista enfrentou e enfrenta para manter o Jornal de
Itapecuru circulando e se aprimorando constantemente e muitas das vezes sendo
mal compreendido pelos gestores públicos de plantão que, por ignorância ou má
fé, não conseguem entender a importância do jornal para o desenvolvimento
cultural do município e até para os movimentos de contracultura, tão
importantes nos momentos de crise, ou atentam contra sua imparcialidade, mola
mestra de sua sobrevivência.
Aos poucos, entretanto, a sociedade
itapecuruense vai apercebendo-se dos relevantes serviços prestados pelo Jornal
de Itapecuru e também o papel essencial desempenhado pelo seu fundador no
decorrer desse quarto de século. Gonçalo Amador Nonato já é “Cidadão
Itapecuruense”, mediante título concedido pela Câmara Municipal de Itapecuru
Mirim; recebeu o certificado de “Amigo da Cultura” da Academia Itapecuruense de
Ciência, Letras e Artes – AICLA e, em 08 de agosto de 2014, tornou-se Membro
Fundador da referida Academia, tendo assento na Cadeira nº 37, patroneada pelo
célebre compositor e produtor musical, recém falecido, Raimundo Nonato Buzar.
Nossas felicitações ao jornalista
GONÇALO AMADOR NONATO e ao JORNAL DE ITAPECURU por esse quarto de século de
serviços prestados ao município e região e que continue a ser o Baú onde
Itapecuru Mirim guarda com muito orgulho o seu precioso diário.
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