*Mauro Rego
Queria que hoje
A lua saísse mais tarde,
Depois que a cidade se acalmasse,
Depois que as casas se fechassem,
Depois que todos dormissem
E a paz reinasse sobre os campos!
Queria que hoje
A lua saísse mais tarde
Para que, livre de todas as
distrações,
Eu pudesse contemplá-la surgindo
atrás dos morros
Espargindo sua luz sobre o campo
Espalhando cores sobre o espelho das
águas!
Eu navegaria na calma desse campo
imenso
Procurando encontrar os fantasmas,
Querendo conviver com os espíritos!
E tu, canoeiro de outras águas,
Navegarias comigo em busca do
impossível,
Em busca do cabrunco que tu nunca
viste,
Ouvindo os tambores de um passado
distante
Que tu não conheces!
E tu silenciarias, canoeiro de longe,
Para que eu pudesse ouvir a voz das
coisas,
Gemidos de almas penadas,
O grito de Raimundo Gadeiro,
As caixas do Divino subindo os morros
E o rufar surdo dos tambores de
crioula
As caixas do Divino subindo os morros
E o rufar surdo dos tambores de crioula
E de São Benedito!
E se os seres sobrenaturais quisessem
navegar conosco,
Invisíveis como tu, canoeiro
encantado,
Eu te entregaria a vara de angico
Para que tu levasses o viajante
Até a enseada verde
Onde ele saltaria para sua morada
escura!
Sentirias comigo as bênçãos do
infinito,
Afastarias as maldições errantes
E conhecerias, como eu, os mistérios
do campo...
As estrelas esmaeceriam
Sob o brilho da lua que chegou mais
tarde,
Até que os galos cantassem
Desfazendo os mistérios,
Mandando que tu também partisses,
Canoeiro de outras águas!
Queria que hoje
A lua saísse mais tarde
Para ofuscar as luzes caminheiras
Que espantam os viajantes da noite;
Para que eu cavalgasse o cavalo
encantado
Que passa pela Rua do Fio
E se perde na distância
Retinindo seus arreios de moedas
antigas
Se a lua saísse mais tarde!
*Mauro Bastos
Pereira Rego nasceu em Anajatuba (MA) no dia 15 de fevereiro de 1937, filho de
Anastácio Pereira Rego e Maria Bastos Rego. Licenciado em Pedagogia pela Universidade
Federal do Maranhão (UFMA), em Letras, pela Universidade Estadual do Maranhão
(UEMA) e com especialização em Língua Portuguesa pela Universidade Salgado Oliveira
(SC). Professor, poeta e pesquisador. Fundou em Codó (MA), em 1966, o Instituto
Magalhães de Almeida, mantenedor do Colégio Magalhães de Almeida, primeiro
estabelecimento de nível médio daquela cidade, hoje desativado, do qual foi
Diretor durante vários anos. Cidadão Codoense e Cidadão Itapecuruense. Membro
da Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil (Rio de Janeiro), da
Academia Anajatubense de Letras, Ciências e Artes (ALCA), da Academia Maçônica
Maranhense de Letras (São Luís - MA) e da Academia Itapecuruense de Ciências,
Letras e Artes (AICLA). Patrono do Colégio Prof. Mauro Rêgo, em Governador
Archer (MA), hoje desativado. Publicou as seguintes obras: Taça Vazia (1982)
e Ganzola (1987) -poesias; Santa Maria de Anajatuba (1999); Os
Fantasmas do Campo – Vol. I (2004); Os Fantasmas do Campo - Vol. II
(2009). Pretende publicar brevemente As Crônicas de Anajatuba e Melodia
dos Meus Sonhos (poesias).
O meu respeito e admiração ao poeta Mauro Rego por toda a sua literatura, mas em especial por esse poema que me toca profundamente. É como se o poeta juntasse memórias, sonhos e natureza e moldasse com o coração uma obra prima. É extremamente sensorial e intensamente sensível. É a poesia existindo antes mesmo de ser materializada.
ResponderExcluirExelente poema
ExcluirMeu mestre Mauro Rego e sua poesia encantada e encantadora!❤
ResponderExcluirO professor Mauro Rego, agradasse e se sente honrado com os comentários dos dois professores, Pimentel e Nico ao tempo que informa que se encontra em recuperação do Covid 19.
ResponderExcluirAmigo Mauro, comungo com os dois comentaristas as minhas homenagens!
Um poema encantador. Pleno de emoções e sentimentos esteticamente trabalhados. Meus respeitos ao poeta Mauro Rego.
ResponderExcluirHoje a lua saiu mais tarde, somente e após a poesia de Mauro Bastos Pereira Rego refletir o belo na gente como satélite humano natural. Poeta que transita entre os astros e se torna amigo das estrelas – solitário na multidão de suas palavras e reluzente. (César Borralho)
ResponderExcluirCaro prof. Cesar Borralho, seu comentário sobre meu poema.me deixou envaidecido. Muito obrigado.
ResponderExcluirCara Anely. Guardo boas recordações.de Pedreiras. Agora seu comentário sobre meu poema acelerou minhas lembranças com mais essa gratio
ResponderExcluirgratidão pela sua bondade