Por:
Benedito Buzar
Domingo passado, o Brasil completou 126 anos de
regime republicano. Como se sabe, a República chegou ao Maranhão de maneira
insípida, inodora e incolor. No interior da Província, especialmente nos
sertões, o novo regime republicano foi recebido com mais entusiasmo do que na
capital, São Luis.
Em São Luís, a indiferença das lideranças políticas
era tão acentuada, que o ato praticado pelo marechal Deodoro da Fonseca, no Rio
de Janeiro, só chegou ao conhecimento da população três dias depois. A
comunicação das autoridades republicanas foi endereçada ao comandante do
Batalhão de Infantaria do Exército, que recebeu ordem para proclamá-la e
empossar a Junta Provisória, presidida pelo coronel João Luis Tavares.
Antes, porém, que o novo regime se instalasse no
país, em duas cidades do Maranhão – Pastos Bons e São Bento -, ocorreram
movimentos voltados para a implantação da República na Província. Foram
movimentos sem repercussão popular e chefiados por pessoas desprovidas de
lideranças.
A de Pastos Bons, pipocou nos sertões maranhenses,
após a adesão do Maranhão à independência do Brasil. O deputado Galeno Edgar
Brandes, no livro “Barra do Corda na História do Maranhão” diz que : “Em
1827, a vila foi sacudida por panfletos e pasquins atirados nas ruas,
incentivando o povo para que ali se instalasse, após a derrubada da Monarquia,
uma República independente, denominada República de Pastos Bons”.
Baseado no parlamentar, “Aquela República seria um
estado dentro de uma Província, subordinada a um Império. Lideranças de todos
os estados do Nordeste, restos da antiga Confederação do Equador, hipotecaram
solidariedade ao movimento”. Os sediciosos, segundo Maria do Socorro Coelho
Cabral, em “Caminhos do Gado”, chegaram a proclamar no dia de Páscoa, à porta
da Matriz de Pastos Bons, o regime republicano. Mas o movimento não prosperou
diante da reação das forças imperiais.
A de São Bento, em maio de 1848, passou para a
História, com o nome de República de São Bento. O professor Mário Meireles, no
livro “História do Maranhão”, revela que: “Em 1848, a notícia da queda de Luís
Felipe, na França, e da consequente proclamação da Segunda República francesa,
um advogado, na vila de São Bento, de nome até hoje ignorado, depois de fazer
bater propaganda de suas ideias e das ocorrências na Europa, mandou afixar
editais, nos quatro cantos da localidade, conclamando o povo a aderir ao
propósito de idealismo republicano que o entusiasmava.”
Mas “O Juiz Municipal, Ricardo Ferreira Mendes, em
face do bulício provocado na vila, mandou abrir inquérito rigoroso e nele mais
nada se apurou que tudo não passava de uma bebedeira do oficial de justiça, por
quem referido advogado mandara, a um amigo, resenha das notícias dos jornais da
capital que acabara de receber”.
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